sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Duas actrizes que sigo com muito interesse

Emma Stone, 23 anos, vista em "Easy A" (2010) e "Friends with Benefits" (2011)

Jayma Mays , 32 anos, vista em "Heroes" (2006-2010) e "Glee" (2009-)

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal 1979, Luxemburgo

Um manto alvo cobre generosamente Rodange, e os moradores desbastaram a neve do chão criando grandes montes sujos de branco e negro entre o passeio e a estrada. Avisto a escola ao longe, mas estou feliz por estar de férias, e imagino que aqueles montes são os Himalaias gélidos e eu um intrépido explorador. Subo ao tecto do mundo e avisto o fundo da rua, onde moro, e calculo que a jornada vai demorar pelos menos mais algumas semanas. Escorrego numa ravina traiçoeira abaixo e a luta pela sobrevivência começa. Chego a casa sujo e molhado, com o nariz empendernido e vermelho, com medo da tareia que adivinho. Mas assim que entro em casa paira um agradável odor a filhozes, a leite quente com noz moscada.

Quando era criança, a época natalícia em minha casa começava muitas semanas antes da data festiva. A minha mãe cozinhava dias inteiros para fazer filhoses e outros doces. Fazia travessas e travessas. Dava para partilhar com os vizinhos, com os primos e cheguei até a levar para a escola, num dia em que tivemos que apresentar as tradições natalícias dos países de onde éramos originários. Os meus colegas de turma luxemburgueses faziam caretas ao pronunciarem a palavra “fi-lô-séch”, mas só à primeira, porque depois de provarem a pronúncia vinha-lhes com mais naturalidade.

Mais tarde, descobri que essas nuvens retorcidas, estaladiças e generosamente polvilhadas de açúcar em pó, que no Alentejo de onde a minha mãe é originária, se chamam filhoses, têm noutras terras portuguesas o nome de coscorõese, e podem ter as mais variadas formas e ingredientes.

Eu gostava de ver a minha mãe a cozinhar longas horas. Em casa, durante semanas pairavam aromas adocicados, que tornavam o Inverno luxemburguês lá fora menos frio.

Na noite da consoada, a casa enchia-se de família e amigos, risos e conversas soltas. Havia lombo assado e batatas no forno, sonhos, coscorões, Dom Rodrigos e pastéis de batata doce algarvios, e o meu pai servia o seu melhor Medronho, trazido secretamente no Verão anterior, escondido no fundo falso de uma mala de cartão para escapar aos agentes das alfândegas.

in "Diário Incidental"
Weimeriskirch, 24.12.2011
(foto: JLC)

Ho, ho, ho... Feliz Natal a todos! E Paz na Terra aos Homens e às Mulheres de boa vontade!


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Le Monde designa artista chinês Ai Weiwei como personalidade de 2011

O jornal francês Le Monde elegeu hoje o artista dissidente chinês Ai Weiwei a personalidade de 2011, num ano em que os protagonistas foram “as revoltas”.

O Le Monde destacou que mais do que ser uma “estrela da arte contemporânea, como Damien Hirst, Jeff Koons ou Maurizio Cattelan”, o artista chinês converteu-se no “arauto de uma nova dissidência que se expressa, sobretudo, através da Internet”.

“Como os anónimos de Tunis e do Cairo, os ‘indignados’ de Madrid ou Wall Street, Ai Weiwei representa, à sua maneira, lúdica e rebelde, o impulso que leva um homem sem qualidade a converter-se no sujeito da sua própria história”, resumiu o jornal.

O artista chinês realizou este ano uma exposição na Modern Tate de Londres e em abril foi detido quando se preparava para deixar a China, tendo ficado preso durante três meses, o que desencadeou uma onda de indignação e de solidariedade por todo o mundo.

Depois de libertado, foi acusado de fraude fiscal e intimado pelo fisco chinês a pagar 1,7 milhões de euros, mas conseguiu recorrer pagando cerca de metade do valor através de milhares de doações. O artista tem afirmado que o imposto foi uma forma de o silenciar.

Em outubro, Ai Weiwei, 54 anos, foi eleito a personalidade do ano mais influente do mundo da arte pela revista britânica Art Review.

Em 2010, o Le Monde elegeu o australiano Julian Assange, fundador do portal Wikileaks, como figura do ano. Um ano antes, em 2009, foi o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva quem inaugurou a distinção anual do diário francês.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Aníbal Coimbra, um campeão do mundo ignorado na Gala da Sportpress


Aníbal Coimbra coloca bem alto as cores da bandeira luxemburguesa e do seu clube, o Hamm, cada vez que compete no estrangeiro, que arrecada uma medalha, que bate um record, que brilha nos rankings internacionais. O nome é português, mas o hino que soa nos pódios dos quatro cantos do Mundo é luxemburguês.

O tondelense venceu já 14 títulos de campeão do Luxemburgo. 14! Seguiram-se os de campeão da Grande Região, e de campeão da Europa em 2007 e 2010. Em Novembro conseguiu, entre a elite mundial da modalidade, o título de campeão do Mundo.

No entanto, os seus feitos continuam a ser ignorados pelos responsáveis que dizem representar e dignificar o mundo do desporto no Luxemburgo.

O exemplo mais gritante foi a gala promovida pelos jornalistas da imprensa desportiva luxemburguesa "Sportpress", que teve lugar a 8 de Dezembro, em Mondorf (ver edição do CONTACTO de 14/12/2011), na qual estes distinguem anualmente os "melhores desportistas do ano no Luxemburgo". Em anos anteriores, ignoraram o palmarés nacional e europeu de Aníbal Coimbra. Este ano, o título de campeão mundial parece também não ter pesado!?...

Sem desprimor para os galardoados deste ano da Sportpress – entre os quais Andy Schleck (2° na Volta à França em Bicicleta em 2011), a tenista Mandy Minella (n°110 mundial) e a Selecção Luxemburguesa de Futebol (n°127 mundial) –, penso que não deviam ter esquecido Aníbal Coimbra. Afinal trata-se de um campeão mundial. A não ser que os prémios sejam apenas para "os melhores luxemburgueses do ano". Nuance difícil de entender para quem tanto prestígio traz ao Grão-Ducado. Ou foi esquecimento? O que é pior?

Talvez para reparar a injustiça, a Federação Luxemburguesa de Powerlifting resolveu homenagear o atleta português, uma semana depois da gala da Sportpress. Mas o ministro dos Desportos não se deslocou, como o fizera para a Sportpress, enviou um representante. Na gala da Sportpress estiveram presentes 700 convidados. Na discreta cerimónia de Aníbal, cerca de 30.

Em Novembro, a CCPL não esqueceu Aníbal Coimbra e distinguiu-o com um merecido Prémio Personalidade. Da comunidade, o atleta já tem o reconhecimento. Falta agora recebê-la das instâncias nacionais do Luxemburgo.  

José Luís Correia 
Foto: Á. Cruz
in CONTACTO, 21/12/2011

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Descobertos os dois mais pequenos planetas fora do Sistema Solar, em Kepler 20

Astrónomos descobriram os dois mais pequenos planetas fora do Sistema Solar, com dimensões semelhantes às da Terra e a orbitar uma estrela parecida com o Sol, revela esta semana a revista científica Nature, citada pelas agências internacionais.

O método de precisão usado permitiu à sonda norte-americana Kepler, da NASA, detectar os pequenos exoplanetas [planetas fora do sistema solar], que orbitam uma estrela baptizada Kepler 20.

O diâmetro de um dos pequenos planetas ultrapassa pouco mais (três por cento) o da Terra e o do outro é ligeiramente mais pequeno (três por cento) que o do ‘planeta azul’.

Bem mais próximos da sua estrela do que a Terra do Sol, os dois novos exoplanetas percorrem a sua órbita em menos de uma semana ou um mês. São rochosos como a Terra, mas as suas temperaturas à superfície são demasiado elevadas para permitir vida como a conhecemos.

O sistema extra-solar da estrela Kepler 20, situado a mil anos-luz da Terra, inclui mais três planetas, maiores, com tamanho similar ao de Neptuno.

Mais de 500 exoplanetas descobertos e confirmados desde 1995, mas a vida é apenas possível em... 3

De acordo com os astrónomos, actualmente apenas três exoplanetas se encontram na “zona habitável” (goldilock zone), onde a água pode ser detectada em estado líquido e, desta forma, a vida, como a conhecemos, ser possível: Kepler 22, a cerca de 600 anos-luz da Terra, e Gliese 581d e HD 85512b, a dezenas de anos-luz da Terra.

Lançada em Março de 2009, a sonda Kepler tem por missão observar mais de cem mil estrelas semelhantes ao Sol, visando a detecção de "exoplanetas-irmãos" da Terra susceptíveis de acolher vida.

A sonda já descobriu 28 exoplanetas e recenseou 3.326 “planetas candidatos”, que continuam por confirmar por outros métodos.

Fontes: NASA e LUSA

sábado, 17 de dezembro de 2011

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

As últimas revelações sobre as Pirâmides do Egipto - um filme de Patrice Pooyard



Este filme de 2011, de uma equipa francesa, narrado em inglês, fala das novas revelações matemáticas descobertas nas Grande Piramide de Khéops (construida há + de 4 mil anos) e de uma possível mensagem que esta pode incluir. Além de Pi e do número de ouro, a pirâmide integraria o valor da velocidade da luz, o valor do metro (invenção do séc. XVIII) entre outras revelações ... A ver, e depois cada um tira as suas conclusões. 
Um filme de Patrice Pooyard, baseado num livro de Jacques Grimault.
 



sábado, 10 de dezembro de 2011

Elisabeth Cardoso fala com vinte personalidades francesas sobre a morte


Personalidades francesas da televisão, das letras, das ciências, tão conhecidas como Philippe Bouvard, Jacques Duquesne, Albert Jacquard ou Claude Sarraute, falam do sensível tema da morte. Quem os entrevista é uma luxemburguesa de origem portuguesa, Elisabeth Cardoso, no seu livro "Espérance de Vie".

Em "Espérance de Vie" (Esperança de Vida), editado em Novembro pelas "Presses du Châtelet", Elisabeth Cardoso conversou com 20 individualidades francesas sobre a morte: Raymond Aubrac, Etienne-Emile Baulieu, Philippe Bouvard, Christian Cabrol, Gisèle Casadesus, Thérèse Clerc, François de Closets, Alain Decaux, Danièle Delorme, Jacques Duquesne, Josy Eisenberg, Albert Jacquard, Bernard Joinet, Amadou-Mahtar M'Bow, René de Obaldia, Monique Pelletier, Rémy Robinet-Duffo, Claude Sarraute, Frédérick Tristan e Michel Wagner. O mais "jovem" tem 78 anos, a mais idosa, 98. Todos já ultrapassaram a "esperança média de vida".

Elisabeth Cardoso Jordão nasceu em Esch/Alzette há 38 anos, de pais alentejanos. Fez os estudos universitários em França, depois ingressou na carreira diplomática luxemburguesa, primeiro na Direcção da Cooperação ao Desenvolvimento (responsável por Cabo Verde e pelas relações multilaterais) e depois como n°2 da Embaixada do Luxemburgo em Paris. Desde Setembro, trabalha na OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económicos), em Paris, como "policy analyst".

Quando lhe perguntamos porque razão optou por escrever um livro sobre a morte, algo tão longe do seu universo profissional, e logo no seu livro de estreia, responde: "É a primeira pergunta que todos me fazem, como se fosse uma coisa estranha falar da morte. Ninguém pode dizer que nunca pensa nela, sem que isso queira dizer que está obcecado pelo tema. Quis fazer um livro com questões simples, mas que fale do medo da morte e do sentido da vida. Quando ouço falar em 'esperança média de vida', pergunto-me como se sentirão as pessoas que atingiram essa idade, e que, estatisticamente, deveriam estar a morrer? Como conseguem viver com a ideia que chegaram ao fim da vida, que vai acabar? Têm medo? E se têm, como fazem? Partiu daí a ideia do livro", conta.

O painel de entrevistados surgiu naturalmente. "O conceito era entrevistar pessoas de horizontes diversos que atingiram ou ultrapassaram a idade da esperança média de vida. Eu vivo em França e pareceu-me mais prático entrevistar personalidades francesas. A ideia inicial era misturar anónimos e famosos, mas por razões comerciais o editor achou que o livro devia conter só famosos. No final, consegui mesmo assim introduzir uma ou outra pessoa que não é conhecida do grande público."

Elisabeth diz ter escrito a uma centena de personalidades e estas 20 foram as que lhe responderam. São actores, políticos, intelectuais, artistas, jornalistas, cientistas. Alguns são ateus, outros agnósticos, há católicos praticantes e não praticantes, judeus (entre eles, um rabino) e muçulmanos. "Eu queria saber se com a idade a vida assume um certo sentido, e perguntar quais são as lições que as pessoas tiraram da vida, o que as fez feliz. Era essencial ter o maior número possível de pontos de vista: homens, mulheres, ateus e crentes, de religiões diferentes e das profissões mais diversas."

E a autora, pensa frequentemente na morte?, queremos saber. "Regularmente pergunto-me a mim mesma: estás a agir e a viver de maneira a não te arrependeres de nada quando morreres, ou quando as pessoas de quem gostas morrerem? Hoje, tenho menos medo da minha morte do que da dos meus próximos. Mas penso que quando chegar o momento de morrer, vou estar aterrorizada. O Albert Jacquard [ um dos entrevistados no livro, n.d.R. ] fala do 'prazer da lucidez'. Não gosto nada da ideia de ter que morrer, mas também não quero mentir-me a mim mesma. Sei que não vou escapar, então prefiro enfrentar a ideia e preparar-me para as coisas que posso prever (enterro, doação de órgãos, etc.), para depois já não precisar de pensar nelas. Falo sobre a minha morte com facilidade se penso nela, ou se me vejo confrontada com a morte dos outros. Mas, por vezes, o mais difícil não é falar, é encontrar uma pessoa que esteja à vontade para ouvir, dialogar. Até posso rir da morte. Mas francamente, a maior parte do tempo, penso e faço mil outras coisas. Vivo, simplesmente."

Este livro não foi, diz Elisabeth, uma busca existencial, mas admite que as suas próprias convicções saíram reforçadas. "A expressão 'busca existencial' tem uma conotação quase filosófica e um pouco grandíloqua. O meu objectivo não era encontrar respostas. Era mais curiosidade por ver como pensam os outros. Nesse sentido, foi um exercício muito interessante. Eu tenho a minha própria visão e as minhas convicções sobre a morte em geral, e a minha em particular. As respostas dos entrevistados, de uma certa maneira, fortaleceram nas minhas convicções. E talvez esteja um pouco mais serena por ver que se pode ser muito velho sem se estar desesperado, e que não vale a pena passar muito tempo a angustiar-se porque isso não muda nada."

Das entrevistas percebeu ainda que se a morte ainda é um tabu, também o é porque há medo e sofrimento ligados a esta.

"Ninguém sabe muito bem o que dizer a um adulto que tem medo ou que sofre além de 'deixa lá, isso vai arranjar-se', ou 'é a vida!'. Como não sabemos como reagir, sentimo-nos desconfortáveis e preferimos fugir à conversa, virar as costas, não pensar mais nisso. E isso, é tabu. É humano. Penso que confessar que se tem medo não é uma fraqueza, pelo contrário. E acho que aqueles que têm medo devem poder encontrar um ouvido que os ouça."

Stéphane Hessel, que assina o prefácio do livro de Elisabeth, conclui que a diversidade destas entrevistas mostra que "a morte não é uma, mas múltipla". "E o que pode a morte trazer-nos?", questiona Hessel. E responde, citando Goethe: "Mehr Licht!" (Mais luz!).

No Luxemburgo, o livro faz parte do catálogo da Livraria Ernster.

José Luís Correia
in CONTACTO, 07/11/2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Paulo Lobo lança hoje livro sobre arquitectura luxembuirguesa


O fotógrafo português residente no Luxemburgo Paulo Lobo lança hoje um novo livro, intitulado "12 bâtiments remarquables au Luxembourg" (12 edifícios de excepção no Luxemburgo).

Com o prefácio do historiador Robert Philippart, o livro apresenta uma selecção de 12 edifícios de excepção, castelos, cidades burguesas, fábricas e outros edifícios emblemáticos do Grão-Ducado do Luxemburgo. Um olhar fotográfico original, atento tanto às formas como aos materiais presentes na história. Um livro agradável que vai deliciar todos os amantes da história e da arquitectura.

Os 12 edifícios são o castelo de Vianden, o Liceu Clássico de Echternach, o castelo de Bourglinster, o castelo de Beggen, a Gare da cidade do Luxemburgo, a Villa Pauly, a Villa Louvigny, o castelo de Ansembourg, o castelo de Hollenfels, os "Rackés Millen", o moinho de Asselborn e a abadia de Saint-Maurice.

O Grão-Ducado está repleto de edifícios históricos que carregam consigo o testemunho de uma época, de um génio construtivo e de um estilo de vida que se perde no tempo. O livro "12 bâtiments remarquables au Luxembourg" é um reflexo de 12 manifestações vivas do património arquitectónico que se oferecem a uma revisita original, com um olhar fotográfico e contemplativo.

Os leitores são convidados a uma verdadeira passeata através de imagens reais em torno desses edifícios emblemáticos. Do majestático castelo de Vianden até aos recônditos da Villa Pauly, passando pela trepidação diária da estação central da capital, estes edifícios, públicos ou privados, industriais ou sagrados, fazem indubitavelmente parte da memória colectiva do país. Construídos para durar, foram postos à prova durante séculos e transmitidos de geração em geração, com maior ou menor respeito, maior ou menor integridade.

Hoje, os edifícios antigos são um legado de valor inestimável. A sua salvaguarda é certamente um investimento para o futuro, mas não basta preservar estas construções em termos materiais: é necessário também saber ver e ouvi-las. Este livro é tanto uma homenagem aos construtores do passado, como uma redescoberta poética de edifícios carregados de significado e vida.

Paulo Lobo nasceu em Portugal em 1964 mas vive no Luxemburgo desde os seis anos. Fascinado desde sempre pela fotografia, Lobo desenvolveu o seu olhar fotográfico principalmente como um autodidacta. Conta já com uma série de exposições individuais e colectivas. Desde 2007 trabalha como repórter e fotógrafo para a empresa LuxEdit.

"12 bâtiments remarquables au Luxembourg" está escrito em francês, alemão e inglês e encontra-se disponível a partir desta sexta-feira em qualquer livraria do Luxemburgo.  

Henrique de Burgo
in CONTACTO
07/11/2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011


Quo Vadis Europa?


Sopram ventos perigosos sobre a Europa. Parafraseando Nixon: "Isto vai piorar, antes de melhorar". Não é muito inteligente, mas ele acertou. Falava em 1969 e referia-se à guerra do Vietname, e efectivamente esta só viria a terminar seis anos depois, no que foi o maior desaire militar da história dos EUA.

Esperemos que o sonho europeu – esta União Europeia, que germinou na vontade e no espírito de grandes homens como Robert Schuman, Jean Monet, Paul Henri Spaak, que anos mais tarde outros da mesma estirpe, a exemplo de Jean-Claude Juncker, aceitaram como testemunho e ousaram levar ainda mais longe, essa União que actualmente reúne numa só comunidade mais de 500 milhões de europeus, facto por si já histórico e exemplar, porque conseguido por mútuo acordo entre 27 estados independentes –, não se transforme no maior desaire do velho continente.

A coisa vai por maus caminhos se deixarmos cegamente o casal Merkel-Sarkozy, que muitos já apelidam de "Merkozy", conduzir a Europa como pretendem. Os dois sonham-se nos novos Mitterand e Kohl, os pilares do novo eixo Paris-Berlim, e querem ditar à UE o caminho a seguir. Argumentando ser esta a resposta para fazer face à crise da dívida, em que estão mergulhados muitos países europeus e que ameaça outros, esse monstro "Merkozy" anunciou na segunda-feira que quer ver aprovado até Março um novo tratado europeu que risque do mapa o Tratado de Lisboa e inclua sanções automáticas para os países cujo défice ultrapasse 3 % do PIB. Um tratado a assinar a 27, com todos os estados-membros da União. Ou mesmo a 17, com os países da zona euro. O que é preciso é arranjar à pressa um tratado que reuna "os bons alunos" de um lado e "arrume" os maus do outro. Na sexta-feira, Merkozy apresenta o projecto aos 27 estados-membros, em Bruxelas. O Tratado Merkozy prevê também uma nova governância para a zona euro, no que é uma forma não-dissimulada de eliminar do tabuleiro político europeu um dos únicos governantes a ousar fazer-lhe frente: Jean-Claude Juncker, actual presidente do Eurogrupo.

Muito cedo nesta crise do euro, em Dezembro de 2010, Juncker preconizou outra solução: a criação de títulos de dívida soberana europeus, os chamados "eurobonds". A ideia foi recusada em uníssono por Berlim e Paris, mas elogiada pelo Prémio Nobel da Economia, Paul Krugman. E há cada vez mais adeptos da ideia de Juncker. Uma das últimas é a deputada Ana Drago (Bloco de Esquerda).

Mas outras sombras pairam.

Também na segunda-feira, a agência de notação financeira Standard and Poor’s ameaçou poder vir a baixar o rating da Alemanha, França, Holanda, Áustria, Finlândia e Luxemburgo, seis dos países considerados exemplares da zona euro.

Até quando as instâncias internacionais vão deixar as agências de rating ditar os altos e baixos da economia? Até porque essas agências estão elas próprias submetidas a interesses económicos (dos accionistas e não só) que querem ver a balança pesar de um lado ou do outro.

E depois há jogadas mais sub-reptícias ainda neste tabuleiro. Atente-se no novo presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, no novo primeiro-ministro italiano Mario Monti, e no novo primeiro-ministro grego, Lucas Papademos. Draghi foi vice-presidente do banco americano Goldman Sachs Europa, Monti foi conselheiro da mesma empresa e tinha como missão defender os interesses do grupo no seio da UE, e Papademos foi governador do Banco Central grego, e ajudou a Goldman Sachs a "maquilhar" as contas da Grécia. Agora aparece como "salvador" dos helénicos? São peões estrategicamente posicionados, mas com que propósito? Até porque nenhum deles foi eleito, recorde-se, mas nomeados pelos respectivos governos ou instâncias europeias.

O que é a Goldman Sachs? Apenas um dos bancos mais poderosos do mundo e que, num momento em que podia tê-lo feito (como o Governo americano chegou a pedir), não ajudou a Lehman Brothers a safar-se da falência, o que arrastou a economia mundial para a crise financeira de 2008 e levou à consequente crise do euro. É caso para perguntar: Quem beneficia com a crise?

Se não atentarmos agora, se não opinarmos, se não nos interessarmos, se não barafustarmos, se não nos opusermos, se não utilizarmos o privilégio que nos oferece esta tribuna que é a imprensa, mas também os movimentos civis que se têm alastrado, para nos indignarmos, para clamarmos o que acreditamos ser a Europa e o que queremos que esta se torne – dentro de algumas semanas será tarde demais e daqui a alguns anos olharemos para o início desta década como o princípio do fim. Mas já será tarde demais e a Europa um sonho que se esfumou nos ditames da alta finança internacional.

José Luís Correia
(in CONTACTO, 07/11/2011)

sábado, 3 de dezembro de 2011

NASA encontra mais um planeta potencialmente habitável fora do sistema solar

A NASA confirmou esta semana a existência de um planeta na zona orbital habitável (the goldilock zone) do sistema planetário Kepler 22, a 600 anos-luz da Terra, no qual poderá haver condições para a formação de água em estado líquido.

Com esta descoberta, sobe para três o número de planetas fora do Sistema Solar em zona orbital habitável. Segundo as agências internacionais de notícias, é a primeira vez que a agência espacial norte-americana confirma a existência de um planeta numa zona orbital habitável fora do Sistema Solar.

A zona orbital habitável é a região perto de uma estrela que tem as temperaturas adequadas para que exista água líquida, principal componente da vida no ‘planeta azul’.

O novo planeta, Kepler 22-b, detetado pela sonda com o mesmo nome, é maior do que a Terra, mas desconhece-se ainda a sua composição. Para os cientistas, no entanto, está cada vez mais próxima a descoberta de um planeta parecido com a Terra.

O Kepler 22-b orbita em 290 dias uma estrela semelhante ao Sol, ainda que mais pequena e fria. Lançada em março de 2009, a sonda Kepler tem por missão procurar planetas-irmãos da Terra suscetíveis de ter vida, observando mais de cem mil estrelas parecidas com o Sol. Durante dois anos foram identificados 2.326 candidatos a planetas, dos quais 207 com um tamanho aproximado da Terra e 680 com dimensões maiores.

Em maio, o Centro francês de Investigação Científica anunciou que um dos planetas que orbita a estrela-anã Gliese 581 poderá revelar-se ‘habitável’, com um clima propício à presença de água líquida e de vida. Já em agosto, astrónomos suíços confirmaram a existência de um outro exoplaneta (planeta fora do Sistema Solar) em zona orbital habitável, o HD 85512b.

Fontes: LUSA e NASA