sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
-
cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Perfeitos imperfeitos


PERFEITOS IMPERFEITOS


Capítulo I - Iniciação 

Uma rosa serôdia num terminal de aeroporto,
os aviões aterrando e nós descolando.

O teu vestido azul com um facho na noite,
um beijo roubado e as luzes intermitentes
da auto-estrada no teu rosto constante.

O teu perfume por mim acima
as minhas mãos em desassossego
mas sem medo procurando as tuas.

Os barulhos da cidade finalmente ao longe
absorvidos pela tranquilidade da serra,
a terra prometida, a noite desejada porque a desejámos.


Sintra à beira serra, à beira beijo,
Baía de Cascais, devaneio à beira Tejo.
Cheguei ao meu porto de abrigo e tu ao teu ancoradouro amigo.

E desde o Monte da Lua e do promontório do esteiro
lançámos sonhos ao céu e ao mar com espuma de infinito.


O nosso amor consumado num acto de fé.


Capítulo II - Benção 


Meu amor, venho de longe só para te dizer
que o vento mudou
e que tens de esquecer.

O futuro não pode ser refém
da perfeição, da ilusão
nem do que já passou.

Serás a minha odalisca arisca
e eu o teu beduino de olhos em amêndoa.
Se quiseres.

Serás a minha princesa mourisca
de olhos tristes e coração de leoa.
Se me quiseres.

Não tenho tesouros nem palácios de marfim
mas quero-te no meu harém de ninguém
de púrpura e carmim.

Vem, deixa-me beijar a tua cicatriz
e lamber as tuas feridas
diz-me que desfiz
os teus pesadelos e as promessas traídas
e todo o desengano insano.

Que nada agora te acanhe
minha rosa champanhe
minha Coco Chanel, minha Maria Rapaz
minha Mónica fogosa e audaz
minha poesia, minha prosa,
minha literatura
minha alma velha, minha centelha
meu relâmpago, meu trovão 
minha pimenta, meu açafrão
meu gengibre e meu anis
minha flor dos Cárpatos
minha princesa etérea, minha alma pura,
não me digas que estamos a ser insensatos,
não sejas perfeita, sê feliz!


III - Oração

Sejamos perfeitos imperfeitos,
sem condicionais. E desejemos mais,
desejemos tudo, só tudo pode ser o desejo.
E para além de todos os tempos verbais
sejamos mais que perfeitos!



Capítulo IV - Consagração

És raio de sol
que atravessou o meu caminho,
luz que iluminou a minha vida.
Detive-me e disfrutei
do teu calor no meu rosto e no meu peito.

És clarão na noite escura, na minha noite,
como a gota de chuva se enche de amor
antes de se lançar dos céus para dar vida a um torrão de terra.

És a fragrância fresca nas minhas manhãs, legado delicado
e diafano, como um sopro de vida a acordar-me.
Como pode um raio de luz ter-se extraviado
e agora encontrar-me?

Como pode o teu abraço ser o meu arpejo,
como pode o teu olhar entender-me assim,
como podem os teus lábios terem o desenho do meu beijo
como posso ter tanta sede de ti?

Deus, como tenho sede.

E tu, que devias ser água, és oceano.
Devias ser luz, mas és sol.
Devias ser calor, mas és fogo.
Devias ser sexo, mas és amor.
Devias ser gozo, mas és êxtase.
Devias ser grito, mas és libertação.
Devias ser mito, mas és fé.
Devias ser salto, mas és voo.
Devias ser tontura, mas és queda.
Devias ser vertigem, mas és viagem.
Devias ser o universo todo. E somos.

Como podem os nossos sonhos e as nossas almas
ter-se misturado no infinito
há tantos séculos atrás e os nossos corpos
somente agora no tempo finito deste delito?


Capítulo V - Sacramento

És manhãs de amor e tardes de calor,
horas de desatino, lençóis em desalinho,
noites estreladas, e todas as minhas madrugadas.

És os meus dias e as minhas horas
os meus minutos e os meus segundos
e toda a mecânica do meu coração.

As minhas mãos nos teus seios cheios
o teu rosto em mim
os teus cabelos na cascata da minha boca
quando me olhas assim
as tuas coxas e as tuas pernas cerceando-me sem dano
as tuas costas arqueadas numa alegre semifusa
as tuas gotas de suor num arco-íris profano
e nesse instante supremo quero lá saber da hipotenusa
e até a gramática fica à míngua
quando a duna da tua barriga toca na minha língua
é só o teu esforço no meu
o teu cansaço no meu
e tudo o mais que faço
é no teu regaço, arregaço, amasso, desfaço, trespasso, refaço.

Descanso.
Descansa.

E és finalmente todo o teu corpo a desaguar no meu
como se a tua foz fosse a minha garganta
e o meu peito a tua esperança.

Desagua nos meus braços
e dança na minha boca
segura-te aos meus flancos
escorre pelas minhas margens
como a força das marés.

Que a lua grave
desta atracção nada sabe
nem o teorema de Newton
compreende esta lei.

Um rio não se engana a caminho do mar,
então porque hás-de tu?



Capítulo VI - Comunhão

Acto de fé, auto-de-fé
combustão espontânea dos corpos
e das nossas bocas em rota de colisão
tsunami dos nossos sentidos
e dos nossos sexos comungando a ânsia.

Seja feita à nossa vontade!

E dizendo isto ergueu a taça enrugada aos céus
e disse:  "Esta é a minha vida,
que hei-de derramar em ti e por ti
para salvação do nosso pecado".

E a penitente obediente ajoelhou-se
e aceitou a vida na sua boca e no seu peito.

Depois, pegando novamente no seu cálice,
levantou-o ao alto e fazendo isto disse:
"Este é o meu corpo, que repouso em ti
e no teu coração, para glória do nosso Amor".

E a penitente finalmente sorriu
e beberam os dois do veneno antigo.

Seja feita à nossa vontade!



Capítulo VII - Apocalipse


Einstein tinha razão:
o tempo dilata quando estou longe de ti.



JLC28082012

Comunhão

Acto de fé, auto-de-fé
combustão espontânea dos corpos
e das nossas bocas em rota de colisão
tsunami dos nossos sentidos
e dos nossos sexos comungando a ânsia.

Seja feita à nossa vontade!

E dizendo isto ergueu a taça enrugada aos céus e disse:
"Esta é a minha vida, que hei-de derramar em ti e por ti
para salvação do nosso pecado".

E a penitente obediente ajoelhou-se
e aceitou a vida na sua boca e no seu peito.

Depois, pegando novamente no seu cálice, levantou-o ao alto
e fazendo isto disse: "Este é o meu corpo, que repouso em ti
e no teu coração, para glória do nosso Amor".

E a penitente finalmente sorriu e beberam os dois do veneno antigo.

Seja feita à nossa vontade!

JLC13082012


sábado, 25 de agosto de 2012

Morreu Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar a Lua


O astronauta norte-americano Neil Armstrong, o primeiro homem que caminhou na Lua, morreu hoje aos 82 anos, anunciou a cadeia de televisão americana NBC News.

Neil Armstrong tinha sido operado ao coração a 7 de Agosto. 

O astronauta Neil Armstrong e o seu companheiro da Apollo 11, Buzz Aldrin, foram os primeiros homens a caminhar na superfície lunar, a 20 de Julho de 1969. 

Armstrong nasceu em 1930 e foi astronauta, piloto de testes e aviador naval. Antes de se tornar astronauta, estava na Marinha dos Estados Unidos e serviu na Guerra da Coreia. Após a guerra, serviu como piloto de testes na Estação de Voo do Comitê Consultivo Nacional para a Aeronáutica (NACA) de alta velocidade.

Armstrong interessou-se pela NASA cinco ou seis meses depois da abertura das inscrições para a formação de um novo grupo de astronautas, em 1962, e foi escolhido para o chamado Grupo dos Nove, denominação decorrente do modo como eram conhecidos os primeiros astronautas norte-americanos seleccionados em 1960 para o Projeto Mercury, o Grupo dos Sete, tornando-se o primeiro astronauta norte-americano civil.

Toda a saga de Armstrong, Aldrin, Michael Collins e do voo pioneiro está contada na história da missão Apollo 11. A sua frase épica, "Este é um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a Humanidade" ao pisar pela primeira vez a superfície lunar, é uma das mais conhecidas na História, mas só veio à cabeça de Neil poucos momentos antes de descer da nave, já pousado na Lua, pelo menos é o que reza a lenda.

Além de algumas experiências científicas que ali fizeram, Armstring e o piloto do Módulo Lunar, "Buzz" Aldrin, plantaram no Mar da Tranqüilidade uma bandeira dos Estados Unidos e colocaram uma placa junto ao Módulo Lunar Eagle, assinada pelos astronautas e pelo presidente americano Richard Nixon: "Aqui os homens do planeta Terra puseram pela primeira vez os pés na Lua, em 20 de Julho de 1969. Viemos em paz em nome de toda a Humanidade".

Após a cirurgia ao coração no início de Agosto, para desobstrução das artérias, encontrava-se a recuperar no Hospital de Cincinnati, cidade onde morava com a esposa. Mas Armstrong não resistiu às intervenções e acabou por falecer em Columbus, no estado de Ohio.

(Lusa/Wikipedia)

The Phantom of the Opera • All I Ask of You • Emmy Rossum & Patrick Wilson



No more talk of darkness,
Forget these wide-eyed fears
I'm here, nothing can harm you
My words will warm and calm you

Let me be your freedom
Let daylight dry your tears
I'm here, with you, beside you
To guard you and to guide you

Then say you love me every winter morning
Turn my head with talk of summertime
Say you need me with you, now and always
Promise me that all you say is true
That's all I ask of you

Let me be your shelter
Let me be your light.
You're safe: no-one will find you
Your fears are far behind you

All I want is freedom
A world that's warm and bright
And you always beside me
To hold me and to hide me

Then say you'll share with me
One love, one lifetime
Let me lead you from your solitude
Say you need me with you here, beside you
Anywhere you go, let me go too
That's all I ask of you

Say the word and I will follow you.
Share each day with me, each night, each morning
Say you feel the way I do
That's all I ask of you
Anywhere you go let me go too
Love me - that's all I ask of you

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

POEMA DOS HERÓIS


Poema dos Heróis

Eu era um índio,
vestia uma velha serrapilheira
na qual a minha mãe tinha cortado franjas
e colado fitas coloridas,
calçava as pantufas da minha tia
a fazer de mocassins 
elas punham-me riscas de batom no rosto
a imitar pinturas de guerra
para eu lutar contra o Batman e o Zorro.

Também eu queria resgatar a fada e a princesa
mas elas não queriam.
O Batman e o Zorro ganhavam sempre.
Pum, pum, pum e eu tinha que morrer
mesmo se não me apetecesse.
Como pode o vilão ser tão bem mandado?

Eu preferia fumar o cachimbo da paz,
escolher penas de águia para enfeitar o cabelo
e partilhar o lanche com a minha squaw
debaixo da carteira da professora imitando o tipi.

Mas a Anita soltava um gritinho
e fugia esconder-se atrás do Osvaldo ou do Bruno.
Como pode uma princesa preferir um herói
vestido de morcego ou de raposa ?

No ano seguinte fiz uma birra
e quis um coldre, um colete,
uma estrela, um chapéu de cobói
e uma pistola que dava estalidos e tudo.

Mas a princesa veio de Pocahontas
e as setas do Gerónimo
vieram colar-se à testa do xerife mau.

JLC05052012

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Do Ser

"Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!", 
Fernando Pessoa (Ode Triunfal) 

Dia mágico. Há dias assim. O dia 28 de Julho. A vida não pergunta se estás preparado, não te diz que é certo ou errado, se é o momento propício ou não. É e pronto. E tu, ou apanhas boleia da vida ou ficas para trás. E, como prefiro viver com remorsos do que com pesares, atirei-me à água.

E, de repente, o universo inteiro entrou-me pelos olhos adentro, era como se estivesse no meu corpo e em toda a parte ao mesmo tempo, um tempo único, um só instante, como se todo o tempo desde o Big Bang e bem antes tivesse sido apenas um segundo, esse segundo que ali eu sentia em mim, era como se o universo fosse infinito mas eu conseguisse ver exactamente o ponto em que ele era finito e como uma membrana se desmultiplicava noutros, não um universo, um multiverso, como nós, que ainda não sabemos, mas somos múltiplos, como dizia Pessoa, somos tudo e todos, e não sabemos ainda

Era como se tudo de repente fizesse sentido, o movimento das partículas, o enigma quântico, a transmutação dos neutrinos, o paradeiro do bosão, as órbitas dos átomos, a ordem das moléculas, a tabela dos elementos, a corrida dos rios rasgando leito até ao mar, as erupções dos vulcões rompendo a geografia, a força dos ciclones e dos tsunamis devastando as civilizações, o trilho invisível dos insectos, o voo aleatório das aves, o percurso dos invertebrados aos mamíferos, a origem do Homem, o destino da Humanidade, a rotação da Terra, a inclinação da Lua, a explosão do Sol, a cintura de asteróides, os eclipses de Saturno, os semi-anéis de Neptuno, o braço menor de Orion, o enigma dos nativos de Sirius, a íris negra da via láctea, a colisão com Andrómeda, a dobra no tecido do espaço, a deriva galáctica, a variante cósmica, o fim do cosmos, o big bang.

E eu estava em toda a parte e em cada instante. Melhor, eu era tudo e todos os instantes. As explosões em mim, as estrelas em mim, os buracos negros rasgando-me por dentro, o universo todo em mim, dilatando o tempo que não existe.

E tudo isto porque conheci um outro ser. Tu!




domingo, 19 de agosto de 2012

Esta é a tua herança


"(...) Meu filho, daqui contemplas o teu destino, o teu passado e o teu futuro, estas são as nossas, as tuas raizes, com origem numa outra vida, num outro tempo. 

Fomos príncipes das Terras Altas, reis dos territórios do nevoeiro e soberanos destess vales, que acordam banhados de orvalho e neblina e que o sol não se cansa de doirar, do raiar do dia ao ocaso que sempre  assombram como um fim do mundo. 

A nossa história atravessou os séculos, os tempos, as eras, e esta é a herança que te deixo, para que perpetues o nosso sangue, o nosso nome e a nossa lenda...(...)"

Raúl Afonso Cosarca Correia,
(in "Raízes Que Viajam", pág. 28, C&C Edições Brasil-Europa, s.d.)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

SINAL WOW RECEBIDO PELO SETI EM 15 DE AGOSTO DE 1977



15 de Agosto de 1977: Foi há 35 anos que o Instituto Seti (Search for Extra-Terrestrial Intelligence) captou o único sinal recebido na Terra que se suspeita ser de origem extra-terrestre. Nunca mais se fez ouvir 

Le signal « Wow! » fut un fort signal radio à bande étroite capté le 15 août 1977 par le radiotéléscope The Big Ear de l'université de l'État de l'Ohio. Présumé extraterrestre, ce signal a duré 72 secondes et n'a plus été détecté depuis.
C'est l'astrophysicien Jerry R. Ehman qui observa le phénomène alors qu'il travaillait avec le radiotélescope au projet SETI. Stupéfié de voir à quel point le signal correspondait à la signature attendue d'un signal interstellaire dans l'antenne utilisée, Ehman a entouré au stylo le passage correspondant sur la sortie imprimée et a écrit le commentaire « Wow! » (exclamation de surprise ou d'admiration en anglais) dans la marge à côté. Ce commentaire est devenu le nom du signal. On ne connaît ni la nature ni l'origine du signal et, a fortiori, s'il codait quelque-chose. Affirmer qu'il codait quelque-chose équivaut à certifier qu'il avait pour origine une civilisation extraterrestre, ce qui n'est pas prouvé à ce jour. Certitudes[réf. nécessaire] : le signal était à bande étroite (quelques kHz) ; il venait d'une direction très précise du ciel, la durée de 72 secondes correspondant au passage d'un "lobe" de sensibilité de l'antenne sur ce point ; lors du passage d'un second lobe quelques minutes plus tard, le signal avait disparu. Cela suggère une origine dans l'espace, en orbite ou plus loin. Il n'y a pas d'explication physique connue. Une explication qui a été proposée pour le wow et pour d'autres signaux similaires trouvés depuis par SETI est qu'ils pourraient être des réflexions d'émetteurs radios terrestres sur des satellites, mais d'autres ont dit que ces réflexions ne pourraient pas renvoyer assez d'énergie. Restent des phénomènes physiques inconnus, ou des émissions de civilisations extraterrestres selon des modalités incomprises.