sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
-
cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson (1958-2009) - In Memoriam




O rei da música pop, Michael Jackson, morreu às 12h47 desta quinta-feira (hora de Los Angeles), vítima de uma paragem cardio-respiratória, começaram a relatar os sites de notícias e canais de televisão norte-americanos pouco antes da meia-noite (hora do Luxemburgo).

O cantor Michael Jackson, de 50 anos, morreu há duas horas, após ter dado entrada nas urgências de um hospital de Los Angeles, na Califórnia, em paragem cardíaca às 12h21, de quinta-feira, 25 de Junho. A sua morte oficial foi anunciada 26 minutos depois.

O cantor norte-americano recebeu reanimação cardio-respiratória antes de ser transportado para o hospital, ao início da tarde (noite no Luxemburgo), e não respirava quando deu entrada nos serviços de urgência.

Assim que a notícia se soube espalhou-se primeiro via internet. Apenas alguns canais de televisão na Europa dedicaram um bloco especial para divulgar a notícia, como a Sic, em Portugal, ou a BBC, no Reino Unido. Os canais franceses e alemães, devido à hora tardia (mais uma hora do que em Portugal e na Inglaterra) não mudaram a sua programação.

O jornal Público mudou in extremis a sua primeira página e a manchete de amanhã será "A pop perdeu o seu rei", dedicando duas páginas ao artista que mais marcou a música nos anos 80 e contava já com 45 anos de carreira.

A notícia tem vindo a chocar o mundo inteiro, já que o artista preparava uma digressão de 50 concertos ("This is it Tour") para breve e um come-back há muito esperado pelos milhares de fãs.

Uma multidão crescente, formada inicialmente por fãs, concentrou-se às portas do hospital onde morreu Michael Jackson.

Os fãs começaram a chegar ao Hospital da Universidade da Califórnia assim que souberam que o cantor tinha entrado na unidade com uma paragem cardio-respiratória.

A morte de Jackson foi também chorada na Times Square, em Nova Iorque.

Os serviços de emergência receberam uma chamada às 21h26 (hora do Luxemburgo) alertando para a necessidade de uma ambulância para a residência do artista, em Holmby Hills, em Los Angeles.

Michael Jackson já não respirava quando chegou a equipa médica, tendo entrado no hospital em coma profundo, segundo o jornal Los Angeles Times, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.


PERFIL DO REI DA POP


Michael Jackson, génio da música pop que faleceu esta quinta-feira na sequência de um ataque cardíaco, num hospital de Los Angeles, Estados Unidos, era uma das estrelas do mundo da música mais adoradas e mais controversas.

Depois de ter praticamente desaparecido em 2005 por causa do julgamento em que era acusado de ter abusado sexualmente de uma adolescente, apesar de ter sido absolvido, o cantor cinquentenário tinha anunciado em Março o seu regresso aos palcos, num concerto em Londres, no Verão.

No fim de Maio, os organizadores anunciaram que os concertos de Julho tinham sido adiados alguns dias, assegurando, no entanto, que isso "nada tem que ver com a saúde" do cantor.

Dotado de uma voz inconfundível, Jackson actuou pela primeira vez em palco com os irmãos aos 5 anos de idade, em 1963, era um exímio bailarino e aos 10 anos o seu talento era reconhecido, tendo mais tarde conquistado o estatuto de estrela mundial.

No entanto, desde os anos 1980 que o enigmático Michael Jackson mostrava sinais físicos e comportamentais estranhos, pelo que, além de ser um fenómeno musical, o cantor passa a ser também um fenómeno humano.

Michael Jackson nasceu a 29 de Agosto de 1958 numa família negra de origem pobre, em Gary, no estado do Indiana, no norte dos Estados Unidos.

O seu pai era mineiro e a mãe trabalhava numa revista. O casal tinha nove filhos.

Em 1979, o produtor Quincy Jones supervisiona o seu primeiro disco a solo, "Off the Wall", em que participa Stevie Wonder e Paul McCartney, um disco que continuava a ter sucesso mesmo depois de 15 anos.

Michael Jackson bateu o recorde mundial de vendas com o seu álbum "Thriller", em 1982, com mais de 50 milhões de exemplares vendidos. Graças ao primeiro single do disco, "Billie Jean", em que torna famoso o "moonwalk", Michael Jackson torna-se o primeiro afro-americano a passar na MTV. Seguem-se outros dois sucessos musicais: "Bad" (1987) e "Dangerous" (1991).

É nesta altura que o físico do cantor começa também a transforma-se, com a sua pele a ficar cada vez mais clara e o seu nariz cada vez mais fino.

No entanto, Jackson nega qualquer cirurgia, explicando a brancura da sua pele com a sua doença, vitiligo.

Michael Jackson transforma um rancho californiano em residência e parque de atracções a que deu o nome de "Neverland", em homenagem ao seu ídolo, Peter Pan, a criança que não se torna adulta.

Em 1993, esta imagem excêntrica passa para segundo plano quando vem a público uma denúncia de um jovem de 13 anos que afirma ter sido vítima de abuso sexual por Jackson.

O cantor foi considerado inocente e recebeu uma indemnização de cerca de 23,3 milhões de dólares, uma quantia pouco significativa em relação à sua fortuna estimada em cerca de 600 milhões de dólares.

Em 1994, Michael Jackson casa com a filha de Elvis Presley, Lisa Marie Presley, o que foi uma surpresa.

No ano seguinte é editado "HIStory", um disco anunciado como o regresso da estrela da pop mas que se revelou um fracasso.

Jackson e Lisa Presley divorciam-se e, em 1996, o cantor volta a casar com Debbie Rowe, enfermeira australiana com a qual teve dois filhos, Prince Michael Jr e Paris Michael Katherine, divorciando-se novamente em 1999.

Em 2002, nasce o seu terceiro filho, Prince Michael II.

O álbum "Invincible", que sai em Outubro de 2001, revela-se também um sucesso.

Em 2003, num documentário britânico, o cantor afirma que gostava de dormir com rapazes jovens, com "toda a inocência", um escândalo que mancha a sua imagem, mesmo com a sua absolvição em Junho de 2005 pela acusação de abuso sexual de menores.

Entretanto, a fortuna da estrela musical emagrece em 2006, altura em Michael Jackson oferece à Sony a oportunidade de comprar metade do seu catálogo musical para pagar uma dívida de cerca de 170 milhões de dólares.

Depois desta desgraça financeira, Jackson tinha conseguido recentemente a anulação da venda dos seus objectos pessoais que devia ser organizada pela leiloeira Julien's, na Califórnia.

Michael Jackson tinha anunciado que estava a trabalhar num novo álbum que não chegou a materializar-se.


...Eu era fã.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

horas mândrias

horas mândrias

férias, D-7
mais um dossier, mais um mail, mais um frete
mil papéis, mil babéis,
na minha secretária se amontoam,
me atordoam

Nestas horas vespertinas
seduzem-me as nuvens anilinas
lambo a vidraça do meu
aquário côncavo, anatemático,
observo o mundo a acontecer lá fora, sorumbático
resta-me apenas riscar o muro do meu escritório
frustrante, castrante, exíguo consistório

Eu quero é sábados
feriados

eu quero é férias
um exílio, nem que seja nas sortérias
quero um fim-de-semana de nove dias
sem correrias nem atrofias
o que eu quero são dez anos sabáticos

estáticos, socráticos
numa ilha perdida, cândida
da nova zelândia

Weytjens 13.06.09

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Jornal Contacto na blogosfera, internet e twitter


O jornal semanário Contacto, o primeiro jornal de língua portuguesa no Luxemburgo já está na blogosfera

http://semanariocontacto.blogspot.com/


O CONTACTO fornece ainda notícias curtas e informações breves no Twitter 24/24h:
http://twitter.com/JornalContacto


O site (em construção):
www.jornal-contacto.lu




Contacto no TWITTER

A partir de hoje o jornal Contacto está no Twitter

http://twitter.com/JornalContacto

Notícias curtas e informações breves do Luxemburgo em contínuo 24/24h. Basta inscrever-se e ser seguidor.


Dia de Portugal no Luxemburgo

No próximo fim-de-semana
10 de Junho comemorado em Kockelscheuer e na capital

No próximo fim-de-semana, 6 e 7 de Junho, decorrem no Luxemburgo as comemorações do 10 de Junho - Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Este ano, o Centro de Apoio Social e Associativo (CASA), a que se associaram um grande número de associações e ranchos, decidiu festejar a efeméride no parque de Kockelscheuer e na place d'Armes, na cidade do Luxemburgo.
No sábado, em Kockelscheuer, a animação começa a partir das 14h com a actuação dos grupos de dança Estrelas Lusas, Love Dance e 100 % Tugas, os conjuntos Amigos das Concertinas, Grupo Etnográfico da Casa do Pessoal dos Hospitais da Universidade de Coimbra e Grupo da Região de Lafões, além dos artistas Carlos Santos e Carlos Daniel. A cerimónia de abertura está marcada para as 18h30. A partir das 19h30, há baile abrilhantado pelo conjunto musical Toc-Toc.
Nesse mesmo dia, os Antigos Alunos da Tuna Académica de Coimbra actuam na place d'Armes, na capital, às 14h.

Domingo, em Kockelscheuer, o dia começa com actividades desportivas: um concurso de pesca, às 7h, seguindo-se pelas 9h, uma corrida dos 5 mil metros. A animação musical volta a ser assegurada pelos Toc-Toc, a partir das 9h30, estando prevista a actuação dos Bombos de Differdange por volta das 14h e uma tarde de folclore com o Grupo da Região de Lafões, Grupo Etnográfico da Casa do Pessoal dos Hospitais da Universidade de Coimbra e os ranchos Aldeias de Portugal, Os Lusíadas, Mocidade Portuguesa, Grupo Etnográfico do Alto Minho, Luso-Luxemburguês, Ranchos de Remich, de Gilsdorf e da Nazaré. Os Love Dance e os Antigos Alunos da Tuna Académica de Coimbra que voltam a actuar cerca das 18h.

Ainda no domingo, a place d'Armes, na capital, volta a acolher um grupo português, desta feita, o Grupo Etnográfico da Casa do Pessoal dos Hospitais da Universidade de Coimbra, que actuam às 13h30.
A nível oficial e para comemorar o Dia de Portugal, o embaixador José Pessanha Viegas, organiza na quarta-feira, 10 de Junho, às 18h, uma recepção para a qual estão convidados representantes do movimento associativo português e da comunidade lusa no Grão-Ducado. A recepção decorre na residência do Embaixada, no n°11, rue des Foyers, na capital.

JLC
, in Contacto, 3 de Junho de 2009

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Legitimidade democrática adiada

Legitimidade democrática adiada

Domingo têm lugar as eleições europeias nos 27 estados-membros da União Europeia, e no Luxemburgo decorrem, simultaneamente, eleições legislativas.
Os estrangeiros que residem há mais de dois anos no Grão-Ducado, podem votar nos candidatos do seu país de origem, na representação diplomática respectiva ou, se assim tiverem optado, nos seis candidatos luxemburgueses para o Parlamento Europeu, caso se tenham inscrito nos cadernos eleitorais até final de Março.
Para o parlamento nacional a história já é outra. Apenas 54 % dos habitantes do país podem votar, i.e., os que possuem a nacionalidade luxemburguesa.
Como todos os parlamentos de estados democráticos, também a Câmara dos Deputados luxemburguesa deve representar os cidadãos. Todos os cidadãos. Numa democracia esse mesmo parlamento deve exprimir a vontade colectiva dos cidadãos. De todos os cidadãos. Mas se no Grão-Ducado apenas uma parte da população – ligeiramente mais do que metade – vota para eleger o Parlamento e o Governo, concluo que há uns que são mais cidadãos do que outros.
Alguns defendem que é legítimo que esse direito esteja apenas nas mãos dos nacionais, caso contrário a soberania do país poderia um dia ser posta em causa por “interesses estrangeiros”. Nesta Europa das Nações em plena construção, questiono-me sobre esse patriotismo serôdio. Porque até nesta paranóia, há dois pesos e duas medidas.
Será que os recrutas estrangeiros que o exército grão-ducal não hesita em seduzir para as suas fileiras (para alistar-se basta ser europeu e residir no Luxemburgo há três anos!) não constituem uma ameaça potencialmente maior do que... um boletim de voto numa urna?
Em Portugal, ainda não há muito tempo, bastou um grupo de jovens capitães para levar a cabo um golpe de Estado...
Desculpem, não queria agudizar o estado febril dos nacionalistas "paranoicozinhos"!
Mas aproveito para recordar que soberania não significa apenas o direito de um povo à auto-determinação e a se auto-governar, mas de forma mais abrangente, como a definia Rousseau, esta deve ser exercida pela “vontade geral”, ou seja, por todos os membros da sociedade ou pelos seus representantes. Caso contrário, é a legitimidade democrática do poder eleito que está em causa. A democracia é o poder (krátos) do povo (dêmos), entenda-se “o poder eleito pelo povo”.
No Luxemburgo, uma das perguntas que me coloco é, quem e, sobretudo, quantos elegem o poder? Uma outra questão: uma democracia não devia prever privilégios ou exclusões, pois não?, sobretudo quando o que está em causa é o acto democrático, ele próprio.
A dupla nacionalidade reivindicada por muitos residentes estrangeiros desde os anos 90, foi anunciada como prioridade, no início desta década, pelo primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker. O desígnio era “fazer participar o maior número”. Um maior número que daria ao Governo e ao Parlamento luxemburguês a tal legitimidade democrática de que carece. A dupla nacionalidade foi uma das soluções avançadas para alcançar essa legitimidade.
Depois de ter sido tema eleitoral nas legislativas de 2004, prometida pelo Governo para 2006, após mil hesitações, atrasos e adiamentos, a dupla nacionalidade viria finalmente a ser aprovada em Outubro de 2008 e a entrar em vigor a 1 de Janeiro de 2009.
Infelizmente, e por mais expeditos e céleres que fossem a partir dessa data os requerentes à naturalização ao abrigo das novas condições, (sem terem que abdicar da nacionalidade de origem), temo que poucos ou nenhuns tenham ido a tempo de serem luxemburgueses de pleno direito, para poderem participar nas eleições de domingo.
A não ser que essas tergiversações tenham sido deliberadas.
Estes “novos” luxemburgueses vão assim poder apenas votar nas próximas legislativas, em 2014. Terão assim mais cinco
anos
para provar a sua lealdade ao leão vermelho, depois dos sete que a lei já lhes exige para poderem pedir a dupla nacionalidade. Será que um estágio de mais de 12 anos de “luxemburguesidade” tranquilizará até o mais conservador e patriota dos autóctones?

José Luís Correia, in Contacto, 3 de Junho de 2009

terça-feira, 2 de junho de 2009

Revista "Retrovirology": Portugal é principal exportador de vírus da sida para o Luxemburgo

Estudo científico publicado na revista "Retrovirology" revela
Portugal é principal exportador de vírus da sida para o Luxemburgo

Um estudo científico, publicado na revista "Retrovirology" a 20 de Maio e divulgado pelos jornais Público e i, revela que Portugal é o principal exportador do vírus da sida para o Luxemburgo.

O Luxemburgo surge no estudo como o país com maior incidência de infecções por via externa. Os investigadores sugerem que a taxa de incidência no país estará directamente relacionada com a grande percentagem da população de origem portuguesa radicada no pais.

O coordenador nacional da infecção HIV/Sida em Portugal, Henrique Barros, alertou para a mistura de "conceitos perigosos" nesse estudo. Em declarações à agência Lusa, o epidemiologista Henrique Barros afirmou que no estudo se misturam "conceitos perigosos de migração do vírus com o conceito tradicional de migração de pessoas". "Fazem-se algumas inferências na discussão que podem ser mal interpretadas porque dá a ideia de que os imigrantes é que são responsáveis pela transferência da infecção. Ao mesmo tempo diz-se que são países que têm muitos viajantes, muitos turistas, e pode haver aqui uma espécie de mistura que, obviamente, não é fácil de mostrar". Henrique Barros ressalvou que a infecção por HIV é muito prevalente em Portugal e é "aceitável que haja esses cruzamentos". "As pessoas movimentam-se e os vírus movem-se com as pessoas, mas todas estas técnicas laboratoriais e estatísticas são extremamente complexas e muito falíveis. Não se pode tirar daqui ilações de natureza de política de saúde", avisou.

Para o responsável, o próprio artigo tem algumas cautelas, afirmando que "não se pode inferir as vias migratórias através destas análises de filogenia". Para Henrique Barros isso "são técnicas extremamente complexas, de difícil análise e muito sujeitas a erros variados".

Henrique Barros manifestou-se ainda preocupado com o impacto que o estudo poderá ter. "Preocupa-me especialmente se começamos a imaginar que são os turistas, as pessoas que viajam ou os imigrantes que andam a propagar o vírus", quando é um problema de educação e de medidas de preparação adequadas, sustentou.

Entrevistado pelo Público, Ricardo Camacho, virologista da Universidade Nova de Lisboa e co-autor do estudo, dizia que "a transmissão de Portugal para o Luxemburgo é o que menos me surpreende, tendo em conta o tamanho da comunidade portuguesa no Luxemburgo".

"Já sabíamos há muito tempo que era assim", salienta. "Houve um ano desta década em que 86 % das pessoas diagnosticadas como seropositivas no Luxemburgo eram portugueses", disse Camacho ao Público.

Esse ano foi 2004. Jean-Claude Schmit, responsável pelo departamento de doenças infecto-contagiosas do Centro Hospitalar do Luxemburgo (CHL), declarava ao CONTACTO que os novos infectados portugueses no Grão-Ducado eram, na sua maioria, homens entre os 30 e os 40 anos, recém-chegados ao país. A maioria das transmissões do vírus verificadas nessa altura davam-se junto de toxicodependentes, mas também em relações heterosexuais.

Até à hora do fecho desta edição não foi possível contactar o responsável pelo departamento de doenças infecto-contagiosas do CHL para que este responsável comentasse o estudo. Desde 2004 e sempre que foram divulgadas novos dados de infectados no Luxemburgo, aquele responsável confiou ao CONTACTO que era necessário "não estigmatizar a comunidade portuguesa, já que a doença não afectava apenas os portugueses, mas também os autóctones e outras nacionalidades".

O estudo da "Retrovirology" partiu de uma análise filogenética molecular, que permite detectar a evolução do vírus conforme se vai mutando por transferência ou dentro do próprio organismo. Do projecto, patrocinado pela Comissão Europeia, resulta uma cartografia com os principais caminhos de propagação do subtipo B do HIV-1, o mais comum no espaço europeu, em 17 países da UE e Israel.

JLC/com agências , in Contacto, 27 de Maio de 2009

Schrassig e Givenich: Portugueses são 8,7 % dos reclusos

Centros Penitenciários de Schrassig e Givenich
Portugueses são 8,7 % dos reclusos no país

Segundo o Ministério da Justiça, em Setembro estavam presos 59 portugueses, mas estes dados não incluem os reclusos que sendo de origem portuguesa têm nacionalidade luxemburguesa Foto: Anouk AntonyOs portugueses constituem 8,7 % do total dos 674 reclusos nos centros penitenciários do Grão-Ducado e 12,6 % dos 470 detidos de origem estrangeira. Entre Janeiro e Setembro de 2008 voltaram a aumentar. No início do ano passado estavam presos 55 portugueses e oito meses depois eram já 59. A maioria foi condenada por ligação ao mundo da droga.
Com base nestes números, os portugueses continuam a ser a nacionalidade mais representada entre os 470 reclusos estrangeiros detidos nos centros penitenciários de Schrassig e Givenich, segundo o relatório 2008 do Ministério da Justiça, datado de Março, mas só agora divulgado.
A maioria destes portugueses, 34 detidos, o que representa cerca de 57 % do total, cumprem pena pela sua ligação ao mundo da toxicodependência e ao tráfico de estupefacientes, cinco foram condenados por violação ou atentados ao pudor, quatro por crimes de sangue, quatro por roubo, três por roubo envolvendo violência, três por agressão e ferimentos, dois por uso de documentos falsos, um por sequestro, outro por destruição de propriedade privada, um estava a cumprir uma pena disciplinar e outro ainda aguardava ordem de expulsão.
Mas os detidos de origem lusa são até ligeiramente mais do que estes números revelam. É que estes dados não incluem os reclusos que sendo de origem portuguesa têm nacionalidade luxemburguesa.
A título de exemplo, no início de 2008 e segundo dados do Centro Penitenciário de Schrassig e do Centro de Apoio Social e Associativo (CASA) – que efectua visitas regulares aos reclusos portugueses –, havia cerca de 80 detidos lusos ou de origem portuguesa, quando os dados oficiais do Ministério da Justiça luxemburguês contabilizavam 55 nos dois centros.
Os luxemburgueses permanecem, no entanto, a nacionalidade mais representada, se for considerada a totalidade dos reclusos. Em Setembro de 2008 estavam detidos nestes dois centros penitenciários 674 reclusos, dos quais 204 eram luxemburgueses (oito meses antes, o número ascendia a 207).
No conjunto dos dois centros penitenciários havia em Setembro 470 reclusos estrangeiros, dos quais 74 oriundos do continente africano (entre os quais 22 cabo-verdianos, segundos dados do CASA, de Abril de 2008), 34 eram franceses e 16 italianos.
Em Schrassig estão detidos 570 homens e 27 mulheres, enquanto no Centro Penitenciário de Givenich 78 homens cumpriam pena em regime semi-aberto.
Se é verdade que o número de reclusos portugueses aumentou, o número total de detidos diminuiu de 762 para 674 entre Janeiro e Setembro de 2008, ainda segundo o relatório do Ministério da Justiça.
É a primeira vez que se regista um recuo do número de reclusos nos últimos seis anos por causa da aplicaçâo de um memor número de "detenções preventivas, que passaram nesse período de 369 para 253", segundo Jérôme Wallendorf, relator do documento e delegado do procurador de Estado, responsável para o regime penitenciário.
Apesar deste recuo, em 2008 a tendência voltou a inverter-se e o número dos detidos preventivos voltou a aumentar entre Setembro e Março e 300 detidos aguardam actualmente julgamento.

Cristina Casimiro e José Luís Correia, in Contacto, 3 de Junho de 2009