tag:blogger.com,1999:blog-248922902024-03-14T03:25:06.489+01:00Os Cadernos do Gaspar, vol. 2 (a sebenta) / Les cahiers de Gaspar, vol. 2 (les ratures)Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.comBlogger957125tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-38626331138883133302018-11-12T13:23:00.003+01:002018-11-12T14:46:49.681+01:00(continuação)<span style="font-size: large;">Estes cadernos continuam em</span><br />
<span style="font-size: large;"></span><br />
<span style="font-size: large;"><b>Cadernos do Gaspar, vol. 3 (A experiência da expansão)</b></span><br />
<span style="font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: large;"><a href="https://lescahiersdegaspar3.blogspot.com/">https://lescahiersdegaspar3.blogspot.com/</a></span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfEcTahINMGk2JbwiZttEsoXY3JZUCsPWBq9-upDMGMNnhopZKb6p_TrSXvDxK6kOLgcISQ8vdmBSVVaE58jnl3qJfuM5ZjLqZsgqVdYy-4lLQmKXs9LGNelZJb0urtc0kx-XZ/s1600/CG3.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="431" data-original-width="1084" height="157" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfEcTahINMGk2JbwiZttEsoXY3JZUCsPWBq9-upDMGMNnhopZKb6p_TrSXvDxK6kOLgcISQ8vdmBSVVaE58jnl3qJfuM5ZjLqZsgqVdYy-4lLQmKXs9LGNelZJb0urtc0kx-XZ/s400/CG3.PNG" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: large;"><br /></span>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-64527268349892364432017-06-28T09:22:00.003+02:002017-06-28T09:22:31.153+02:00EDITORIAL: Luxemburgo solidário com Pedrógão Grande<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHd0RhgaM9AaFqgY9yFC7gCKTpp63snTjp_dybprlESAedlwL1aVTUn8GVDMUXZJUtwjQOtpvVoyFou-qVEvyze55zdYHGFEoPpLF5vLl19qI-HB0qf5lm0yUUyN-XMyDzTyhb/s1600/jlc_edito.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="384" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHd0RhgaM9AaFqgY9yFC7gCKTpp63snTjp_dybprlESAedlwL1aVTUn8GVDMUXZJUtwjQOtpvVoyFou-qVEvyze55zdYHGFEoPpLF5vLl19qI-HB0qf5lm0yUUyN-XMyDzTyhb/s200/jlc_edito.jpeg" width="127" /></a></div>
<b>Na última semana nasceu no Luxemburgo, de forma espontânea, um movimento de solidariedade para ajudar as vítimas do incêndio em Pedrógão Grande, e foi crescendo exponencialmente. </b><br />
<br />
Uma enorme onda de solidariedade para com as vítimas do incêndio em Pedrógão Grande varreu Portugal e as comunidades na última semana.
No Luxemburgo foram muitos os que dedicaram a semana passada, incluindo serões, o feriado nacional luxemburguês e o fim de semana, em detrimento da família, da vida privada e até profissional, para trabalhar em prol das vítimas deste incêndio, reunindo bens e dinheiro, gerindo donativos e voluntários, multiplicando contactos para encontrar, numa primeira fase, locais de armazenamento para os produtos e pessoas para ajudar e, numa segunda fase, meios de transporte para levar tudo para Portugal. Um trabalho gigantesco, titânico, tentacular, que envolveu privados, associações, empresas e outras entidades, e se espalhou por todo o Grão-Ducado, de Mondorf a Differdange, de Belvaux a Dierkich.<br />
<br />
Muitos foram também os luxemburgueses e estrangeiros que se solidarizaram, pois Portugal foi notícia em todos os media internacionais.<br />
<br />
Espantoso quando se sabe que este movimento da sociedade civil nasceu, assim, de forma espontânea e cresceu exponencialmente ao longo dos dias. Incrível também o resultado, pelo tempo recorde para juntar tudo – cinco dias! – e enviar um camião e duas carrinhas para a zona sinistrada, e quando se sabe que mesmo depois dos pedidos para que as pessoas parem de dar bens, estes continuam a chegar, como se fosse mais fácil lançar esta “onda” do que pará-la.<br />
<br />
A angariação dos donativos em dinheiro vai continuar até pelo menos meados de julho, com várias associações a juntarem-se naturalmente a este movimento e a aproveitarem as festas que já tinham agendadas para recolher fundos.<br />
<br />
Parafraseando o Marquês de Pombal, depois de enterrados os mortos, agora é preciso cuidar dos vivos, que é exatamente para o que vão servir estes bens.<br />
<br />
Para o Presidente da República, a prioridade agora é “acelerar a reconstrução”. Mas Marcelo sabe que mesmo se tudo indica que este foi um fogo que teve inicio devido a causas naturais é necessário “apurar tudo o que houver a apurar”.<br />
<br />
Porque este não foi mais um incêndio florestal, foi o pior de todos! Arderam só naquele incêndio mais de 53 mil hectares de mata, quase metade de toda a área florestal ardida em todo o ano de 2016. Porque foi também o mais mortífero da história dos fogos florestais em Portugal e o 11° incêndio florestal mais mortífero a nível mundial. E porque Portugal é o sexto país onde mais se morre em grandes incêndios florestais.<br />
<br />
É preciso apurar tudo o que houver para apurar, mas não ficar apenas por aí. É preciso mais prevenção e gerir as nossas matas de outra forma, ouvir o que os cientistas têm a dizer sobre a matéria e agir. Desta vez foram ceifadas muitas vidas: homens, mulheres e crianças. Temos três meses de verão pela frente, três meses de potenciais incêndios a gerir. Isto não pode acontecer nunca mais.<br />
<br />
<b>José Luís Correia, </b><br />
<b>in <a href="https://www.wort.lu/pt" target="_blank">Contacto</a>, 28/06/2017 </b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-39871656699580885602017-06-22T09:40:00.000+02:002017-06-22T09:40:16.006+02:00EDITORIAL no Contacto: Chamas, cinzas e luto <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1cydWfKTc6Jl7fSzjikvT0BeJz5JTF-hydcMm0tl0bd-LF3SAX3_2P61uEgoc_YsB3PPkpwxVIm94DAhGwpQpH0lGo60P5zv2E4v5Sttks3HXMllZQxmwsJ72rDUJYgDd-xiQ/s1600/jlc_edito.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="384" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1cydWfKTc6Jl7fSzjikvT0BeJz5JTF-hydcMm0tl0bd-LF3SAX3_2P61uEgoc_YsB3PPkpwxVIm94DAhGwpQpH0lGo60P5zv2E4v5Sttks3HXMllZQxmwsJ72rDUJYgDd-xiQ/s200/jlc_edito.jpeg" width="127" /></a></div>
Como todos os anos quando há incêndios florestais, os portugueses ficam chocados e parecem acordar para uma calamidade que devora héctares de mata há décadas.<br />
<br />
Mais uma vez, as chamas devastaram o jardim à beira-mar plantado. Jardim bem mal cuidado, de que falamos orgulhosamente mas carece de jardinagem e de jardineiro. Jardim do qual gabamos ao turista as bonitas flores, mas que basta este olhar melhor para ver as ervas daninhas. Matas onde se acumulam lixeiras ou aldeias sitiadas por labaredas não vendem postais.<br />
<br />
A devastação que está a deixar o fogo que deflagrou no sábado no Pedrógão Grande – ainda não extinto à hora do fecho desta edição (após quatro dias!) –, faz já desta tragédia a mais pesada da história dos incêndios florestais em Portugal. As notícias das perdas humanas caíram como se fossem um eletrochoque junto dos portugueses. Um choque mais forte do que aqueles que nos sacodem nos verões em que morre um ou dois bombeiros, mas um eletrochoque que vem transvestido de uma falsa inocência. Porque mesmo se foram condições climatéricas invulgares que levaram ao início deste fogo, uma trovoada seca como dizem as autoridades, temos que nos questionar porque razão não sabemos lutar melhor contra esta calamidade que nos fustiga anualmente.<br />
<br />
Questionemo-nos. Porque, afinal, somos todos culpados. Culpados de não fazer mais pressão junto do poder local e central que sabe há décadas que temos um país propenso aos fogos florestais. Culpados porque não denunciamos quem não limpa as suas próprias matas.<br />
<br />
Culpados porque não condenamos o amigo que joga a beata de cigarro pela janela ao conduzir numa estrada pejada de um lado e de outro de eucaliptos, que são “autênticos bicos de gás acesos nas florestas” e só beneficiam a indústria madeireira, como denunciam os cientistas.<br />
<br />
Culpados porque nos indignamos e comovemos nas redes sociais e nas televisões mas não agimos, não obrigamos o Governo a refundar o serviço dos guardas florestais, que foram integrados na GNR, a criar mais corporações de bombeiros profissionais, a revalorizar os bombeiros voluntários que ganham uns míseros 1,87 euros à hora e mesmo assim (a)correm, muitas vezes, para uma morte certa.<br />
<br />
Culpados porque não questionamos o Executivo por que não investe em mais recursos humanos e materiais na prevenção de um holocausto (do grego “completamente queimado”) evitável.<br />
<br />
Um pouco por todo o lado em Portugal, nas comunidades e também no Luxemburgo nascem movimentos solidários para com as vítimas dos incêndios.<br />
<br />
Mas é essencial agir a montante e coragem política para implementar medidas que vão levar anos a ter efeito mas a termo farão recuar o número de fogos. É preciso investir na limpeza das matas e na reflorestação com espécies de árvores ditas “bombeiras”, que travam os incêndios, como os castanheiros, os carvalhos ou as bétulas. Também este é um investimento no turismo, mas sobretudo no futuro. Até agora, infelizmente, a política sempre optou pelas ações a curto prazo. Com o resultado que se vê.<br />
<br />
<a href="https://www.wort.lu/pt" target="_blank"><b>José Luís Correia</b></a><br />
<a href="https://www.wort.lu/pt" target="_blank"><b>in Contacto, 21/06/2017 </b></a>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-15305315241991407502017-06-16T09:53:00.000+02:002017-06-16T09:53:00.894+02:00HAIKONETO DIATRÍBICO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8hKoeRZFWV99PhWLHQH0KdhAm_B035whjMgUnY-pBBVyCkinVV0gSSnCozEhROE7DUZkRao3o-AknqVHxttDfevHMfgCv-GFuHxQlf4ihuuPMQs260qzxX7KbaevEO_vistBb/s1600/borboleta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="508" data-original-width="692" height="234" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8hKoeRZFWV99PhWLHQH0KdhAm_B035whjMgUnY-pBBVyCkinVV0gSSnCozEhROE7DUZkRao3o-AknqVHxttDfevHMfgCv-GFuHxQlf4ihuuPMQs260qzxX7KbaevEO_vistBb/s320/borboleta.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
O poeta suturno quer amor e fama,<br />
<br />
mas não tem chama.<br />
Religiosamente escrevinha haikus,<br />
<br />
Forja, finge, inventa inglórias e desterros.<br />
Borboletas de luz<br />
aproximam-se do buraco negro,<br />
<br />
ficam presas, de asas queimadas no horizonte<br />
de eventos onde nunca nada acontece.<br />
<br />
<b>JLC13062017</b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-77874246738842976442017-06-15T15:50:00.002+02:002017-06-15T15:50:45.290+02:00O QUE É O AMOR, AMOR? <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtRp74HL8xhVlTPNShS-WMj60_P2b0TBrHcK0ahR2yGBBHj5ZNT5zXm4EQb-F2ED5yreAYaKXc9KYhC6VYiKunWcoiO1b5TdhONhmxLUI2msk9ppYH9NOM2JbO3yHnf3BQxVZx/s1600/love.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="400" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtRp74HL8xhVlTPNShS-WMj60_P2b0TBrHcK0ahR2yGBBHj5ZNT5zXm4EQb-F2ED5yreAYaKXc9KYhC6VYiKunWcoiO1b5TdhONhmxLUI2msk9ppYH9NOM2JbO3yHnf3BQxVZx/s320/love.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Perguntaste-me “O que é o Amor, amor?”.<br />
Eu sei que sabes, mas queres que eu diga.<br />
E como posso não responder às tuas pupilas intranquilas,<br />
quando ficam suspensas a aguardar
a resposta dos meus lábios.<br />
<br />
Eu balbucio, gaguejo, procuro as palavras<br />
que se atropelam, vêm em frenético galope<br />
ao som de um tambor tonitruante e nervoso<br />
desde os vales verdejantes<br />
que fizeste florescer
no meu coração.<br />
<br />
O corcel da frente pára de repente,<br />
arfa, uma, duas vezes,<br />
o seu olhar animal detém-se no teu<br />
e repete para si mesmo: “O que é o Amor, amor?”<br />
<br />
Há um silêncio longo<br />
como a pausa interminável de um respirar.<br />
<br />
Finalmente, a brisa que sopra levemente<br />
quebra o instante surdo.<br />
<br />
O corcel é agora alazão rampante,<br />
nitra como metatrone, pujança gigantesca<br />
que se ergue e que inteiro se sente,<br />
força tranquila, plenitude serena,<br />
ousadia destemida
porque é capaz<br />
de tudo.<br />
<br />
Os seus músculos de adamastor<br />
contorcem-se, dobram-se e desdobram-se<br />
e abrem-se em asas vigorosas e gloriosas.<br />
O Pégaso descola rumo aos céus,<br />
rumo às estrelas.<br />
<br />
O salto no vazio sem temer, o voo instintivo.<br />
<br />
Os meus dedos acariciam o teu rosto<br />
como se quisesse aprender os seus contornos<br />
que já conheço, o desenho do teu nariz,<br />
a cambraia dos teus lábios,<br />
pousas a tua face na minha mão<br />
como se tivesses chegado a casa.<br />
<br />
E respondo: O Amor? O Amor és tu!,<br />
e selo o que digo com um beijo.<br />
<br />
E é beijar-te sem querer parar,
e chegar-te a mim,<br />
e fazeres parte dos meus braços.<br />
E é o todas as canções de amor me falarem de ti,<br />
e é o acordar com vontade dos teus olhos e da tua voz<br />
e dos teus dedos nos meus, e da tua boca no meu peito...<br />
é um querer-te bem sem saber de onde vem, <br />
é simplesmente ser, deixar o sentimento acontecer,<br />
deixar o coração ser mais
do que mero músculo,<br />
deixá-lo ir por aí, deixá-lo correr,<br />
deixá-lo discutir com a razão e vencer.<br />
<br />
E se nem a geografia nos quer,<br />
se o planeta não encolhe,<br />
se não posso espalmar os Alpes<br />
num só revés de mão<br />
e secar os rios e rasgar os lagos,<br />
e aproximar os mares,<br />
então o universo não faz sentido...<br />
<br />
Mas os teus braços...<br />
<br />
Os teus braços, os teus beijos<br />
e os teus olhos e o teu corpo<br />
são a minha rosa dos ventos,<br />
a minha rota da seda,<br />
o meu mapa de novos mundos<br />
para além de mim.<br />
<br />
O Amor é isso tudo<br />
e tudo o que mais que não cabe aqui<br />
e tudo o mais que não cabe em mim.<br />
O Amor somos nós.<br />
E isso a mim chega-me.<br />
E se o que sinto por ti<br />
e tu sentes por mim
não é Amor,<br />
então deveria ser,<br />
porque não aceito outra explicação,<br />
nem há outra definição.<br />
<br />
<b>AGW, 06062017</b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-56602432209617276812017-06-01T13:17:00.000+02:002017-06-15T13:17:59.787+02:00EDITORIAL: O repto dos 10 mil <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQxMPK5i06c62O66af3r1RUE17sSAyxa6ARIbeJBKOvRHU5xpFe3hqxYbOXosQUJsSLYgTRYUDVdDEbGx4XclnRzy-gTCakryWLyA3xFnRZzqFdSgwfM9b2QkIR1VeF43B76Pr/s1600/jlc_edito.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="384" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQxMPK5i06c62O66af3r1RUE17sSAyxa6ARIbeJBKOvRHU5xpFe3hqxYbOXosQUJsSLYgTRYUDVdDEbGx4XclnRzy-gTCakryWLyA3xFnRZzqFdSgwfM9b2QkIR1VeF43B76Pr/s200/jlc_edito.jpeg" width="127" /></a></div>
<b>No Luxemburgo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deixou um repto: se houver 10 mil novos portugueses inscritos nos cadernos eleitorais até 13 de julho, voltará ao Grão-Ducado antes do fim do ano. </b><br />
<br />
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve em visita ao Grão-Ducado entre segunda e quinta-feira, durante três dias e meio. E meio, porque o hiperativo Marcelo, que chegou na segunda-feira às 20h ao Findel, noite em que não tinha encontros na agenda oficial, logo aceitou uma entrevista com o Contacto e a Rádio Latina, falou às televisões portuguesas que o seguiam como a sua sombra, aceitou um convite do grão-duque Henri para descobrir a cidade do Luxemburgo “by night”, passeio durante o qual meteu conversa com transeuntes e “puxou” o habitualmente reservado soberano luxemburguês para entrar num café português, onde num televisor passava um jogo do seu clube do coração, o Sporting de Braga.<br />
<br />
Durante os três dias, Marcelo, apesar de uma agenda carregada, incansavelmente pediu, apelou, repetiu para que os portugueses se inscrevam nas listas eleitorais das suas comunas de residência, para poderem votar nas eleições municipais de 8 de outubro próximo. A data limite para a inscrição é 13 de julho.<br />
<br />
Marcelo confiou estar triste e não compreender as razões que levam os portugueses a não utilizarem este direito que lhes assiste para serem uma força ainda maior na sociedade luxemburguesa.
No último dia da sua visita [quinta-feira], perante representantes da comunidade reunidos no Centro Camões, em Merl, subiu o tom e disse que se zangaria com os seus conterrâneos se estes não se inscrevessem.<br />
<br />
Horas mais tarde, na sua última intervenção pública antes de deixar o Luxemburgo e dirigindo-se aos milhares de portugueses que o tinham vindo ver a Wiltz, uma multidão em euforia que gritava o seu nome, sentiu que graças à sua popularidade podia ir ainda mais longe. E deixou um repto: se houver 10 mil novos portugueses inscritos até 13 de julho voltará ao Grão-Ducado antes do fim do ano.<br />
<br />
Apesar da popularidade de que goza Marcelo, própria de uma estrela pop como pudemos testemunhar em Wiltz, será muito difícil a comunidade portuguesa conseguir levar a bom termo o desafio. Seria necessário que entre o dia do “apelo de Marcelo”, 25 de maio, e a data de fim das inscrições, 13 de julho, a cada dia se inscrevessem 208 portugueses nos cadernos eleitorais. Só fretando autocarros e carrinhas e levando os portugueses em grupo até às comunas...<br />
<br />
Fora de piada, seria possível se cada português se inscrevesse na sua comuna para se tornar uma força a nível político assim como já o é no mundo do trabalho e da economia. Porque só votando contará para partidos e governantes, só com a força do voto poderá exigir mais direitos para si e para os seus filhos.<br />
<br />
O direito de voto nas eleições comunais existe desde 1999. Apenas 17 mil portugueses, dos mais de 100 mil que aqui moram, estão inscritos. É pena. É possível mudar a situação? É! Basta querer.<br />
<br />
<b>José Luís Correia</b><br />
<b>in <a href="https://www.wort.lu/pt" target="_blank">Contacto</a>, 31.05.2017 </b><br />
Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-4987682518450472512017-05-27T18:31:00.000+02:002017-05-27T18:31:00.280+02:00Senaita- Qual é o restaurante onde disseste que ias esta noite?
- É um que tem "senaita" na ementa.
- Isso é o quê?
- É um prato gourmet.
- Mas é carne ou é peixe?
- É!
- Hã?<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEix5Ck9iixqgXocRgFvRN282bepEJjvTIjlM5B5UnrTbxgHu_8zoHX9srcyxDGn50hx9psYxyFOQ8TOVmU7yloll6d0g9ZjtaZCp3HuOqQLfQVJy1KeoZvjqu0_uho978UW6gNj/s1600/senaita.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEix5Ck9iixqgXocRgFvRN282bepEJjvTIjlM5B5UnrTbxgHu_8zoHX9srcyxDGn50hx9psYxyFOQ8TOVmU7yloll6d0g9ZjtaZCp3HuOqQLfQVJy1KeoZvjqu0_uho978UW6gNj/s320/senaita.jpg" width="320" /></a></div>
Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-35496012317238234612017-05-24T14:42:00.000+02:002017-05-24T14:42:20.203+02:00Editorial no Contacto: Todos os caminhos vão dar a Wiltz<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMgMMeGdvJTBKZ7JzG47eoOHPxUtMmNFBPkzBd_Xq8jOCXVj-TBVFwxyGQF5PB6BbBb8Ktis0yVWUkmq9-RwMXMNcZl6SFlOZJ1PpzRmOIaMLE5OPxp6sGOwKTRMZSFDz0JFLQ/s1600/jlc_edito.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="384" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMgMMeGdvJTBKZ7JzG47eoOHPxUtMmNFBPkzBd_Xq8jOCXVj-TBVFwxyGQF5PB6BbBb8Ktis0yVWUkmq9-RwMXMNcZl6SFlOZJ1PpzRmOIaMLE5OPxp6sGOwKTRMZSFDz0JFLQ/s200/jlc_edito.jpeg" width="127" /></a></div>
<b><i>Mercê de uma vontade conjunta entre os chefes de Estado de Portugal e do Luxemburgo, na quinta-feira todos os caminhos vão dar a Wiltz, uma localidade que é um dos símbolos do que une luxemburgueses e portugueses. </i></b><br />
<br />
No último editorial falava aqui de confluências que tinham criado um momento especial para Portugal. Parece que a triangulação cósmica raiou até ao Grão-Ducado e que o Presidente da República português é o portador desse facho de luz. A comunidade portuguesa do Luxemburgo terá assim também o seu momento especial.<br />
<br />
Mercê de uma vontade comum entre chefes de Estado dos dois países, na quinta-feira todos os caminhos vão dar a Wiltz. Caminhos espirituais, sendas de fé, efemérides históricas e os passos despojados dos peregrinos. A pequena localidade do norte do país, que já é todos os anos na Quinta-Feira da Ascensão a Roma(ria) privilegiada dos fiéis portugueses e lusófonos, promete brilhar ainda mais este ano.<br />
<br />
Os grão-duques Henri e Maria Teresa querem homenagear a comunidade portuguesa e encontraram na visita de Marcelo Rebelo de Sousa a ocasião perfeita para o fazer. Vão estar assim a acompanhar Marcelo a Wiltz, depois de já há alguns anos não participarem na peregrinação de Nossa Senhora de Fátima. Marcelo, que há muito queria visitar Wiltz, localidade geminada com Celorico de Basto, terra à qual está muito ligado afetivamente, pois são dali naturais seus avós paternos, disse logo que sim. É o que confia o próprio Presidente da República, em entrevista ao Contacto (edição de 24 de maio 2017). Junta-se o útil e o agradável ao simbólico.<br />
<br />
Porque não há apenas o facto de Nossa Senhora ser em simultâneo padroeira de Portugal e do Grão-Ducado. Recorde-se que foi graças à grã-duquesa Mariana de Bragança, que teve apenas filhas com o grão-duque Guillaume IV, que hoje a Corte e o país são profundamente católicos.<br />
<br />
Os chefes de Estado escolheram estar em Wiltz num ano em que se celebra simultaneamente os 50 anos da peregrinação ao norte do Luxemburgo e o centésimo das aparições em Fátima. Para lembrar a todos – portugueses e luxemburgueses – os laços que ligam os dois países, laços de sangue (o grão-duque tem duas bisavós portuguesas), de fé (Fátima), e de apego a uma terra, Wiltz, e por extensão, ao Grão-Ducado.<br />
<br />
Wiltz que é por si só um símbolo do que liga luxemburgueses e portugueses, no que transportam de mais íntimo em si, a fé. Um santuário mandado construir por luxemburgueses em 1952, para cumprir uma promessa feita a Nossa Senhora de Fátima em 1945, a que os portugueses vieram, desde o final dos anos 60, a dar uma projeção nacional e internacional (vêm peregrinos de todos os países vizinhos do Grão-Ducado para a peregrinação). Como para mostrar que os portugueses pegaram no testemunho dos luxemburgueses e, tomando-o como seu, o sublimaram. Há melhor forma de mostrar que o que nos une é mais forte e mais profundo do que o que nos separa e diferencia?<br />
<br />
<b>José Luís Correia</b><br />
<b>24/05/2017 in <a href="https://www.wort.lu/pt" target="_blank">Contacto </a></b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-64612889788219021982017-05-24T07:36:00.002+02:002017-05-24T07:36:09.280+02:00Poema ao Meu Amor Nunca<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-dpJpQX2Vsc-M59eoMr16POGV1pWlvkhUnhRoUM-oMGwJgCfXa4c8FvJ68NdrUVLMlh-YdxyuvO5_KPTmA9kDyckclikxXur_PMPGM60EBzDknZxcVtFk3Qm-jlkP1JTkfI4P/s1600/leah25.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-dpJpQX2Vsc-M59eoMr16POGV1pWlvkhUnhRoUM-oMGwJgCfXa4c8FvJ68NdrUVLMlh-YdxyuvO5_KPTmA9kDyckclikxXur_PMPGM60EBzDknZxcVtFk3Qm-jlkP1JTkfI4P/s400/leah25.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
Ao meu amor único<br />
porque foste única<br />
como o único amor que fizemos<br />
esse amor que tanto renegámos<br />
esse amor que não queríamos<br />
de tanto o querer<br />
esse amor do qual ríamos<br />
esse amor que amordaçámos<br />
durante tanto tempo.<br />
<br />
<br />
Esse amor foste tu<br />
sem que eu nunca o proclamasse<br />
sem que tu nunca o proferisses<br />
e, no entanto, em tudo o que dizias,<br />
em tudo o que fazíamos,<br />
até no amor que díziamos não ser,<br />
esse amor era e ardia.<br />
E como ardia...<br />
<br />
<br />
Nós sabíamos,<br />
mas não queríamos.<br />
Mas o amor tem quereres<br />
e quer lá saber de nós.<br />
<br />
Esse amor foste tu<br />
esse amor foste tudo<br />
tão pleno, tão inteiro,<br />
nasceu tão espontâneo e natural<br />
como dois estranhos<br />
que se tivessem reconhecido<br />
ao passar um pelo outro<br />
no meio da multidão.<br />
Tu, tão tu, simplesmente tu,<br />
tão inteiramente tu,<br />
e deste-te assim a mim<br />
nua, despojada, entregue, verdadeira,<br />
já sem máscaras...
há maior dádiva?<br />
<br />
E contigo pude ser eu,<br />
mais eu do que jamais fui<br />
mais eu do que jamais ousei ser<br />
mais eu que até me desconhecia.<br />
<br />
Esse amor foste tu<br />
esse amor que dei de barato<br />
numa madrugada perdida.<br />
Esse amor que neguei<br />
só o reconheci depois de já não o ter,<br />
depois de já não te ter.<br />
<br />
<i>Ao meu amor nunca,
que foi muito mais do que nenhum outro. </i><br />
<b>Alexandre Gaspar Weytjens, 03-04/2017 -</b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-79786801459132742342017-05-21T10:20:00.000+02:002017-05-21T10:20:08.040+02:00Agnieska<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw-L5dKnxuqSgtL9qXgezOgt1z0Kfpt5Z7b0ztFPkQjRAknzanKPE88dvQ2EPMQuPeJ0eyp5nngcGsdCdYSIyRPYOwZRJCL-bGcsPhVFgwGcgvVF4o7Exq7vJ2Zk6hIWGZWs9n/s1600/image2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw-L5dKnxuqSgtL9qXgezOgt1z0Kfpt5Z7b0ztFPkQjRAknzanKPE88dvQ2EPMQuPeJ0eyp5nngcGsdCdYSIyRPYOwZRJCL-bGcsPhVFgwGcgvVF4o7Exq7vJ2Zk6hIWGZWs9n/s320/image2.jpg" width="320" /></a></div>
- Hum, a tua barba cheira tão bem, que fragrância é?<br />
E acariciou-me docemente o queixo com uma mão, aproximou o seu rosto do meu, beijou-me a barba, deixando os lábios deslizar devagar pelos pêlos, com deleite, e voltou a beijar.<br />
<br />
- Baunilha, acho que é baunilha...,<br />
balbuciei eu, e procurei a sua boca, nasceu um beijo morno, e depois outro, e a minha língua descobriu a sua. As minhas mãos correram-lhe o corpo colado ao meu, arregaçaram-lhe o vestido branco até à cintura, e a minha língua ainda girava na sua quando os meus dedos escorregaram renda abaixo e a penetraram...<br />
<br />
Mordeu-me o lábio inferior, agarrou-se aos meus ombros, e soltou um gemido contido...<br />
- Não te contenhas, solta-te...<br />
O vestido tinha voado e dois mamilos, como duas rosáceas em flor, observavam-me com espanto quando os engoli de um só trago. A sua pele era quente, doce, macia e cheirava a pimenta. Quando ela se sentou em mim era como se o meu corpo já conhecesse o seu.
Agora, aqui jaz, o descanso da guerreira, silhueta curvilínea que se estende ao longo da minha, coxas demasiado grandes, nádegas bem desenhadas que recuam durante o sono e procuram a concha do meu corpo para se abrigar, o conforto da posição, a coluna vertebral saliente divide as costas como se serpenteasse, os ombros alvos de beijar e também eu adormeço...<br />
<br />
<b>AGW, 14042017</b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-53299736180916139402017-05-20T10:16:00.000+02:002017-05-20T10:16:05.934+02:00CHEGA A NOITE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-NjoIVV91keCcGVj9iIPCeTy-l9hm6OxGzaJonNk_t0bCny9tjSa7RUA05Cs3WZXYYmbgl6tPdIPHYUGCMy9eGDaLtgAw_05sYRFPxTJ-1r4-R2zmlLGbvfjTYbaIq_Ll_iAD/s1600/NOITE.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-NjoIVV91keCcGVj9iIPCeTy-l9hm6OxGzaJonNk_t0bCny9tjSa7RUA05Cs3WZXYYmbgl6tPdIPHYUGCMy9eGDaLtgAw_05sYRFPxTJ-1r4-R2zmlLGbvfjTYbaIq_Ll_iAD/s320/NOITE.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Chega a noite, essa insidiosa amante
que tudo nos susurra o que não quisemos ouvir. Causa favor nos nossos corações humanos, tão contrária a si mesma, porque só assim tudo faz sentido.
E os amantes e os verbos negados pelo silêncio dos lábios, amordaçados, sequestrados pelo vazio do não-ser,
não suportam mais existirem apenas
entre os interstícios dos átomos e,
longe dos barulhos do mundo e do bem-parecer,
gritam, proclamam: Eu sou!<br />
<br />
<b>AGW19042017</b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-43328910750971831082017-05-19T10:11:00.000+02:002017-05-19T10:11:05.257+02:00PEGA EM MIM<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4oAxh0bMv49pHn3tgKAQRXWl3pkpTa6pETFBJYg9yfiF6wZjPCF4aR5kQpUy_78j-7ClwpEyo3K0tMi11FNonVADcbFHBIhX7sXYVcRdauwEpCjbTLvePiirDdFZrTBCx6AEV/s1600/SEX.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4oAxh0bMv49pHn3tgKAQRXWl3pkpTa6pETFBJYg9yfiF6wZjPCF4aR5kQpUy_78j-7ClwpEyo3K0tMi11FNonVADcbFHBIhX7sXYVcRdauwEpCjbTLvePiirDdFZrTBCx6AEV/s320/SEX.jpg" width="239" /></a></div>
<br />
<br />
Pega em mim
e vamos fugir de ti<br />
vamos para outro lugar
mais leve.<br />
Leva-me contigo<br />
apaguemos a lembrança deste tempo<br />
leva-me pelas margens do Lethes<br />
esse rio do esquecimento<br />
mata-me as minhas sedes<br />
onde seremos felizes<br />
sem memória
sem medo,<br />
sem passado e sem história<br />
e onde pudermos
libertar<br />
esta insustentável
vontade de ser.<br />
Leva-me pela mão sem tremer<br />
pelas planícies da tua ousadia<br />
anda, vem viver
tudo<br />
o que a tua coragem temia.<br />
Pega em mim
e vamos fugir de ti<br />
vamos para outro lugar<br />
mais leve que o ar<br />
mais leve que a vida<br />
mais leve que o ser<br />
e que esta insustentável<br />
vontade de foder.<br />
<br />
<b>AGW 29042017</b><br />
<b>Dessin: frimousse67/center blog</b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-16406994371463637182017-05-18T16:48:00.003+02:002017-05-18T16:48:58.674+02:00EDITORIAL: A vitória do anti-herói<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEil0EdEfpOPnQU3_y7bkIQTwor23RRu8l_eiDu56U-wHUwt9EozTW2m9Opqvh8uGILstw6rGXcnIDow0OAeQAmTiJxBRgOk8DSeXZ-BOirK17nIcvCr-0t16HQZh_K0Kt4-tHOp/s1600/jlc_edito.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEil0EdEfpOPnQU3_y7bkIQTwor23RRu8l_eiDu56U-wHUwt9EozTW2m9Opqvh8uGILstw6rGXcnIDow0OAeQAmTiJxBRgOk8DSeXZ-BOirK17nIcvCr-0t16HQZh_K0Kt4-tHOp/s200/jlc_edito.jpeg" width="127" /></a></div>
Os portugueses continuam a precisar de heróis. No sábado, o cosmos conspirou para que uma sequência de acontecimentos felizes prometessem à pátria lusa um novo 13 de maio, uma epifania, um novo salvador. Portugal, país de fé.<br />
<br />
E o universo parece ter-se dobrado à nossa vontade e concedeu-nos alguns instantes felizes e inesquecíveis no tempo. O jardim à beira-mar plantado, que tantas vezes acha que é mero quintal das traseiras, que se sente esquecido, olvidado, foi central. Pelo menos, durante 24 horas.<br />
<br />
O Papa mostrou que Fátima é um dos maiores santuários católicos e isto perante o mundo e mais de um milhão de peregrinos. Para muitos, corrigiu uma injustiça: canonizou os pastorinhos Francisco e Jacinta, legitimando-os assim perante a Igreja e o mundo católico. Ao mesmo tempo, legitimou as aparições da Cova da Iria de 1917, que continuam a não obter consenso no próprio Vaticano.<br />
<br />
Nessa mesma noite, os olhos e os corações lusos viraram-se para Kiev e desejaram e acreditaram num milagre completamente diferente. Há mais de meio século – 53 anos! – que os melhores compositores e músicos do "país dos poetas" concorrem ao Festival Eurovisão da Canção. Em vão. Nem ao top 5 chegaram.
Outros países recém-chegados – arrivistas, dizem os nossos paladinos nacionais, invejosos que o rock ucraniano seja preferido à canção lusa –, “vendem-se” à língua inglesa e granjeiam o troféu. É a Letónia, a Turquia, o Azerbaijão, até a chauvinista França, que não vence desde 1977 (e nesse venceu graças à franco-portuguesa Marie Myriam), se faz agora representar no idioma de Shakespeare.<br />
<br />
A imprensa e a elite portuguesas foram-se assim desinteressando do festival, por onde passaram nomes como France Gall, Julio Iglesias, Olivia Newton-John, Abba, Céline Dion ou Lara Fabian, mas que por ser um palco padastro passou a ser kitsch, piroso, inomável.
A verdade é que a profusão de lantejoulas e o europop simplório que por ali pululam ainda hoje não ajudam a retirar-lhe essa fama.<br />
<br />
Portugal manteve-se orgulhosamente só e fiel a cantar na sua língua. E eis que surge um novo bardo, primeiro troçado, depois encorajado, finalmente coroado. Vestiram-lhe as vestes sebastianistas, visivelmente demasiado largas para aqueles ombros frágeis. O nome parecia predestinado para salvar a honra lusa e até, quiçá, cumprir o Quinto Império. Quanta responsabilidade!<br />
<br />
A verdade é que nem Portugal nem o Eurofestival precisam de heróis, apenas de simplicidade, de música genuína, de canções sem refrões bacocos, que isso é o suficiente para vencer e convencer até as plateias mais desvirtuadas pela indústria musical, que pensa saber o que o público gosta.<br />
<br />
Talvez a Eurovisão mude de paradigma, e talvez agora as rádios portuguesas abram o espartilho do seu airplay a músicos como Salvador. Não precisamos de heróis, apenas de genuinidade. Foi essa a lição que Salvador nos deu.<br />
<br />
A completar a coroa de glória, mas apenas para quem é benfiquista, o clube da Luz festejou o “tetra” e o 36° título nacional com uma megafesta no Marquês, onde a canção do Salvador também foi entoada.<br />
<br />
<b>José Luís Correia, 17/05/2017</b><br />
<b>in Contacto </b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-29120873719992937022017-05-14T09:49:00.000+02:002017-05-19T09:49:43.785+02:00I love to dance with you even when there is no music. You know what they say? Dancing is a vertical manifestation of a horizontal desire...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpeqJjoAXFMoYlQdjylWdlG3fceVnEdZ6nrGT6d2om3vB53N-H0nEOUQaktETZvfsLj8CNRn3gSV1pNwEiHJvFFCFMBfv740eSzruhw-5pNpqGKWPcwtpugJM01WWkIFhv9rFX/s1600/dance.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpeqJjoAXFMoYlQdjylWdlG3fceVnEdZ6nrGT6d2om3vB53N-H0nEOUQaktETZvfsLj8CNRn3gSV1pNwEiHJvFFCFMBfv740eSzruhw-5pNpqGKWPcwtpugJM01WWkIFhv9rFX/s400/dance.jpg" width="400" /></a></div>
Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-88984945532644804872017-05-13T09:44:00.000+02:002017-05-19T09:48:19.360+02:00Elle s'est finalement déshabillé...Elle s'est finalement déshabillé et m'a dit: "Tu ne tombes pas amoureux, hein!" Nous avons fait l'amour plusieurs fois ce week-end là. J'ai compris bien plus tard que l'avertissement elle le faisait a elle-même. Mais moi aussi j'en suis sorti blessé. Blessé en moi-même de ne pas pouvoir sentir pour elle ce qu'elle sentait pour moi...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhouSd9LwoO6mhjvOHyzJw-RzWV_YrlfW0VveEBitV2xbdfd7VtGFpL7JRGDn6f7OzOhjCwvKGPQEUOYceCRsuCsra7nOEi3hlEp2EXnbYoLp9PznJunFfz5DVVFAdqUHhrTBHw/s1600/deshab.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhouSd9LwoO6mhjvOHyzJw-RzWV_YrlfW0VveEBitV2xbdfd7VtGFpL7JRGDn6f7OzOhjCwvKGPQEUOYceCRsuCsra7nOEi3hlEp2EXnbYoLp9PznJunFfz5DVVFAdqUHhrTBHw/s400/deshab.jpg" width="400" /></a></div>
Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-31349304636275623762017-05-13T07:48:00.000+02:002017-05-24T07:49:35.250+02:00Gomas de cereja<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyuhIvAiTFkC5g2gRBOwd1uqPmbMPtCmBH7EwDevJKbu7XwnmBJMM_Rt42jeFVK6k070Wb7Xem8_niyRrU15c9tv5bKBW0TF-rWNx5F1c4fYj_3G5rB_nRd7kNpsG21BzLdCpn/s1600/cereja.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyuhIvAiTFkC5g2gRBOwd1uqPmbMPtCmBH7EwDevJKbu7XwnmBJMM_Rt42jeFVK6k070Wb7Xem8_niyRrU15c9tv5bKBW0TF-rWNx5F1c4fYj_3G5rB_nRd7kNpsG21BzLdCpn/s320/cereja.jpg" width="231" /></a></div>
<br />
<br />
Cândido esplendor<br />
tudo menos inocente<br />
madrugada da minha perdição<br />
foste relâmpago que me atravessou na noite escura<br />
fogo que me arrancou do chão,
luz tão pura,<br />
sol a deflagrar sobre os meus oceanos<br />
ventania que se alevantou sobre a minha plenitude<br />
tempestade, terramoto, richter sete<br />
o meu peito a rebentar em mosquete<br />
pelotão de fuzilamento em riste<br />
o 'teio' em desalinho<br />
numa noite de desatino<br />
e eu de peito rendido.<br />
<br />
Como pode um coração ter dois amores<br />
o teu, o meu, tão imperfeitos estes corações.<br />
A mecânica imperfeita, desconcertada,<br />
e nós à procura do conserto, do concerto, do que é certo...<br />
<br />
Mas o amor quer lá saber,<br />
o amor só tem quereres.<br />
Como se o Amor fizesse sentido.<br />
Tão tolos, tão loucos...<br />
<br />
E nós, que queríamos tudo,<br />
de tanto querer,
quase fomos,<br />
quase somos, quase-amor,<br />
quase-vontade, quase tudo,<br />
fomos quase nada.<br />
<br />
E nós, que queríamos tudo,<br />
este tanto-querer foi demais<br />
chegou cedo, chegou tarde,<br />
não chegou a ser.<br />
<br />
Mas tu és, goma de cereja,<br />
janela em flor,
menina-sorriso,<br />
olhos doces, gargalhada luminosa e genuína,<br />
que mais posso eu querer do amor?<br />
<br />
Juntos à beira do precipício,<br />
a vertigem, o medo.<br />
Vem, voa comigo!
Saltei sozinho.<br />
Ah, mas o voo...<br />
<br />
E a queda vem sempre depois.<br />
Enquanto não bater no chão, estou bem.<br />
Menina, quanto tempo dura este voo?<br />
E o que sobrou são gomas que guardei para ti<br />
para te dar numa manhã de primavera que não aconteceu.<br />
<br />
<b>Alexandre Gaspar Weytjens, 03-04/2017 </b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-90651104420427787002017-05-11T10:05:00.001+02:002017-05-11T10:05:31.827+02:00EDITORIAL: A França em marcha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbPDs9j5aFilOXw-KnRPAOnTUCVwpNw-Z8usCQUe0Z0XmWgBfyp2J8uwFZrLsx9dyPaiY0vCTLgsHLwyX3yxhS35YOvMwNuHduc9r9XfLon0R5WQ-vgX6E4eHVQd6n9PC5o5hP/s1600/jlc_edito.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbPDs9j5aFilOXw-KnRPAOnTUCVwpNw-Z8usCQUe0Z0XmWgBfyp2J8uwFZrLsx9dyPaiY0vCTLgsHLwyX3yxhS35YOvMwNuHduc9r9XfLon0R5WQ-vgX6E4eHVQd6n9PC5o5hP/s200/jlc_edito.jpeg" width="127" /></a></div>
Emmanuel Macron toma posse no domingo como oitavo Presidente da V República francesa, tornando-se o chefe de Estado mais novo de sempre do Hexágono.<br />
<br />
Muitos veem nele a evolução e a revolução de que o país precisa, outros temem o resvalar num ultraliberalismo desenfreado.
Uma leitura rápida do seu programa eleitoral dá-nos um vislumbre das suas linhas políticas nos próximos cinco anos.<br />
<br />
A nível europeu, Macron quer ser o “desfibrilhador” da UE e relançar o bater do coração da Europa, i.e., o eixo Paris-Berlim, como resposta ao infarto que foi o Brexit, defende ainda a criação de um parlamento para a zona euro e a constituição de um fundo europeu para a defesa.<br />
<br />
A nível doméstico, Macron quer: baixar os impostos às empresas, cortar no subsídio de desemprego, deixar de tributar as horas extraordinárias, “flexibilizar” a contratação e dispensa de trabalhadores, abolir o imposto predial para 80% dos lares, investir 15 mil milhões de euros na transição ecológica para reduzir a “dependência” do nuclear, contratar dez mil polícias, atribuir 15 mil milhões de euros à formação, criar cinco mil postos de docentes, reduzindo o número de alunos nas turmas a dezena e meia, cortar 120 mil empregos na administração pública, “ajustar” o sistema de pensões da Função Pública ao do setor privado, e, simultaneamente, aumentar a idade da reforma.<br />
<br />
Mas, para isto tudo, Macron precisa de um Governo de maioria do seu lado. Depois do resultado que obteve domingo deverá, sem surpresas, alcançar essa maioria confortável nas legislativas de junho.
O seu movimento “En Marche” transformou-se em partido na segunda-feira com o nome de “La République En Marche!” e a ele deverão aderir membros dos partidos tradicionais da esquerda e da direita. Se não o fizerem mostrar-se-ão incoerentes com o que defenderam entre a primeira e a segunda volta.<br />
<br />
A França de Macron está em marcha. A pergunta é: que tipo de marcha? Os sindicatos franceses dizem-se atentos e prontos a lutar contra qualquer recuo a nível social.<br />
<br />
Entretanto, na Frente Nacional (FN) respira-se um ar de pólvora, de implosão ou, pelo menos, de contestação da líder. Marine Le Pen não é afinal tão consensual como parecia desde o afastamento do pai, Jean-Marie.
No domingo à noite, vozes no partido começaram a elevar-se e a criticar o seu exercício falhado no debate de quarta-feira frente a Macron, onde Marine perdeu a eleição, acusam. E aventam já o nome da sua sobrinha, Marion, por quem Marine nutre um ódio visceral, como em todas as boas famílias com egos sobredimensionados, para lhe suceder na liderança.
Marine, que no domingo disse que a FN é já “o maior partido da oposição”, quer mudar o nome do partido, chegar a mais “patriotas” e provar que o resultado das presidenciais se pode refletir e até ampliar nas legislativas. Desse resultado pode depender o seu futuro na FN e a estratégia do partido para as presidenciais de 2022.<br />
<br />
<b>José Luís Correia, in <a href="https://www.wort.lu/pt/mundo/editorial-a-franca-em-marcha-5912cc51a5e74263e13bef8f" target="_blank">Contacto</a>, 10.05.2017 </b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-86314327642470905542017-05-10T09:53:00.000+02:002017-05-19T09:53:52.981+02:00Erros meus, má Fortuna, Amor ardenteErros meus, má Fortuna, Amor ardente<br />
Em minha perdição se conjuraram;<br />
Os erros e a Fortuna sobejaram,<br />
Que para mim bastava Amor somente.<br />
<br />
Tudo passei; mas tenho tão presente<br />
A grande dor das cousas que passaram,<br />
Que já as frequências suas me ensinaram<br />
A desejos deixar de ser contente.<br />
<br />
Errei todo o discurso de meus anos;<br />
Dei causa a que a Fortuna castigasse<br />
As minhas mal fundadas esperanças.<br />
De Amor não vi senão breves enganos.<br />
<br />
Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse<br />
Este meu duro<br />
Génio de vinganças!<br />
<br />
<b>Luís Vaz de Camões, "Sonetos"</b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoV87QKbQOy3QlVgOrLQ0TQIXxV6MMJVcvMrlexHsY1wR4UVEQnm80KoWK5wLB1WdH-CHynrU-gN_QfOut0QIfHeFeh-REOSbP9xGX5cD3nhJp64B8_aglMaGlHl9F2jyCosXC/s1600/pena.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoV87QKbQOy3QlVgOrLQ0TQIXxV6MMJVcvMrlexHsY1wR4UVEQnm80KoWK5wLB1WdH-CHynrU-gN_QfOut0QIfHeFeh-REOSbP9xGX5cD3nhJp64B8_aglMaGlHl9F2jyCosXC/s320/pena.jpg" width="320" /></a></div>
Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-79127557444930053562017-05-09T09:51:00.000+02:002017-05-19T09:51:48.785+02:00<span style="color: red;"><i><span style="font-size: large;">"Que para mim bastava Amor somente...", </span></i></span><br />
<span style="color: red;"><i><span style="font-size: large;">mas "do Amor não vi senão breves enganos"...</span></i></span>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-15386092131229266072017-05-07T09:55:00.000+02:002017-05-19T09:55:19.809+02:00Afastaste os cabelos...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXlbfN1jWipRsaOVbOW_sEqJ4ddDQLogj9pkgZ2tuPZaXllWAwI5SKDB5U5yeR6LPeRclu4N0YZ5boiM_xEKZYw0YfEmjkrzl-ew6JiUguyFbw79_j0WIl3rf8R9u8X8Qt8ozy/s1600/cabelo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXlbfN1jWipRsaOVbOW_sEqJ4ddDQLogj9pkgZ2tuPZaXllWAwI5SKDB5U5yeR6LPeRclu4N0YZ5boiM_xEKZYw0YfEmjkrzl-ew6JiUguyFbw79_j0WIl3rf8R9u8X8Qt8ozy/s320/cabelo.jpg" width="228" /></a></div>
<br />
Afastaste os cabelos, desvendando a nuca branca, o fio de prata e pediste para te ajudar. Desci cuidadosamente o fecho do vestido preto e achei as tuas costas e o desenho da tua coluna vertebral. As alças descaíram, o vestido escorregou até aos teus pés. Segurando-me no cetim dos teus seios, que me encheram as mãos trémulas, mordi os teus ombros, corri com a boca o teu pescoço, o nascer dos teus cabelos ruivos, abocanhei a tua orelha, os meus dedos procuraram as rosáceas a desabrochar dos teus mamilos, soltaste um gemido abafado e, num volte-face repentino, comeste a minha língua. As minhas mãos no teu rosto, como se temesse não acertar nos teus lábios que ainda estavam doces do champanhe, desfiaram os teus cabelos lisos e macios, desceram os teus flancos e arregaçaram caminho quantas vezes. Os meus dedos resvalaram a duna da tua barriga e descobriram-te molhada e desejada. Peguei-te firme pelas coxas, ergui-te por mim acima e mergulhaste o teu rosto em mim para mais um beijo arrancado e ofegante. E, não me contendo mais, lancei-te sobre a cama por fazer e fizemos o que tínhamos que fazer.
<b> </b><br />
<br />
<b>AGW07052017</b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-15891372117786027352017-05-05T10:04:00.000+02:002017-05-19T10:05:32.938+02:00PEÇA EM 4 ACTOS PARA UM FIGURANTE <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiELNK7Ll9pGk19uZxCd-Bfq5NzJGYlp4gA8cSIeX1aoYzPpGaL20t7FKhQNIl2bkG42CyT9qNzop_qb9DYz4PBrJn2dx0CpyFUpS4_ewi-rXq-VLjWwYiQI-rN1U33zGS7rpwh/s1600/sombra.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiELNK7Ll9pGk19uZxCd-Bfq5NzJGYlp4gA8cSIeX1aoYzPpGaL20t7FKhQNIl2bkG42CyT9qNzop_qb9DYz4PBrJn2dx0CpyFUpS4_ewi-rXq-VLjWwYiQI-rN1U33zGS7rpwh/s320/sombra.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Hoje estou cansado<br />
dos amores perfeitos<br />
das rosas ofertadas<br />
dos quartos de hotéis sem nome<br />
das viagens incansáveis<br />
do coração indomável<br />
que se derrete por um beijo<br />
das paixões ardentes<br />
que se terminam em peitos<br />
esventrados e cadentes<br />
das noites de cio balofas<br />
que se extinguem na inação do nada<br />
dos desejos reprimidos,<br />
dos seios oprimidos<br />
do teu respirar ofegante e descontinuado<br />
do medo alheio que te fere sem saber<br />
da alma pura que não se aventura<br />
e desconhece que, assim, envelhece<br />
<br />
E
dos haikus merdosos<br />
do poeta prolixo e ranhoso<br />
que invoca deus e o amor<br />
sem nunca ter cruzado um<br />
e ter humilhado o outro,<br />
É indignado? Não, é indigno!<br />
<br />
E depois existo eu,<br />
no interstício abissal dos átomos,<br />
o nada absoluto que quer ser tudo<br />
figurante desta história<br />
triste títere tétrico<br />
do tempo, da geografia,
do amor e da inglória.<br />
<br />
<b>AGW05052015</b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-21165072554466509692017-05-04T10:01:00.000+02:002017-05-11T10:02:54.509+02:00EDITORIAL: A forca ou a guilhotina? <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbPDs9j5aFilOXw-KnRPAOnTUCVwpNw-Z8usCQUe0Z0XmWgBfyp2J8uwFZrLsx9dyPaiY0vCTLgsHLwyX3yxhS35YOvMwNuHduc9r9XfLon0R5WQ-vgX6E4eHVQd6n9PC5o5hP/s1600/jlc_edito.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbPDs9j5aFilOXw-KnRPAOnTUCVwpNw-Z8usCQUe0Z0XmWgBfyp2J8uwFZrLsx9dyPaiY0vCTLgsHLwyX3yxhS35YOvMwNuHduc9r9XfLon0R5WQ-vgX6E4eHVQd6n9PC5o5hP/s200/jlc_edito.jpeg" width="127" /></a></div>
Os franceses vão ter que escolher para chefe de Estado, no domingo, entre um ultraliberal, amigo da alta finança, e uma xenófoba fascista. O resultado pode e vai afetar-nos a todos, dentro e fora da UE.<br />
<br />
É a história de um condenado à morte a quem o bom rei concede uma última graça: ele pode escolher como vai morrer, na forca ou na guilhotina. O homem encolhe os ombros e recusa escolher, porque o resultado será o mesmo.<br />
<br />
O mesmo parecem responder muitos franceses quando confrontados com a pergunta se votarão Emmanuel Macron ou Marine Le Pen no próximo domingo. Mas será que abster-se é uma opção quando existe um perigo real e tangível de um regime fascista chegar ao poder de um dos países fundadores da União Europeia, um Estado que clama habitualmente tão alto ser “o país dos direitos do Homem”?<br />
<br />
De um lado do ringue temos um ultraliberal, amigo e produto direto da alta finança e das grandes empresas, europeísta e federalista, o que até seria positivo nesta UE em desintegração acelerada, não fosse tudo o que mencionámos antes e, portanto, a Europa é para este um meio mais do que um fim para servir os interesses económicos.<br />
<br />
Do outro lado temos uma nacionalista, xenófoba, neofascista, anti-imigração, anti-africanos, anti-árabes, anti-refugiados, anti-UE, enfim, “anti” quase tudo, exceto os seus próprios interesses. Sim, porque é preciso não esquecer que embora Marine queira mostrar-se como próxima do povo, esse não é o seu meio. Marine é “filha de”, como se diz em França quando se quer falar de alguém de uma família privilegiada. Marine nasceu e cresceu numa família que enriqueceu à custa dos militantes da Frente Nacional, partido cuja caixa registadora e património se confundem com os bens dos Le Pen, a tal ponto que ela e o pai já tiveram que prestar contas à justiça e ao fisco franceses por diversas vezes.<br />
<br />
Não esqueçamos que Marine “herdou” o partido, como se este verbo e este substantivo pudessem estar juntos na mesma frase numa democracia! O pai e antigos colaboradores nazis do regime de Vichy criaram o partido em 1972 e sempre defenderam uma França isolada e fascista. Não é a operação de cosmética e charme dos últimos meses que mudam o fundo de comércio dos Le Pen.<br />
<br />
Estará a França perante um suicídio programado? O resultado está nas mãos dos franceses.
Este é o terceiro editorial seguido que dedico inteiramente às presidenciais francesas, sem contar as outras vezes em que abordei o assunto ao falar dos populismos, dos recuos identitários, das derivas económicas ultraliberais, do recuo dos valores europeus, dos novos equilíbrios de força que estão a emergir e a deixar a Europa e o mundo resvalar para um canto sombrio da civilização que já ninguém pensava ser possível. O que está em jogo é decisivo, não só para França e para os franceses, mas para todos nós, que ainda vivemos em democracia, ainda vivemos na UE, ainda gozamos de paz. Ainda. Mas por quanto tempo? Vivemos tempos conturbados, na verdade.<br />
<br />
<b>José Luís Correia, in<a href="https://www.wort.lu/pt/mundo/editorial-a-forca-ou-a-guilhotina-59098f1ba5e74263e13be12b" target="_blank"> Contacto</a>, 03.05.2017 </b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-41222410316504877252017-04-29T10:11:00.000+02:002017-05-19T10:12:02.615+02:00Nunca dizes nada...- E achas que eu não tenho ataques de coração?
- ....
- Há terramotos que não se vêem.
- As coisas são como são...
- Não! Não, não são. As coisas são como são se não as quiseres mudar.
- ....
- (E, como sempre, não respondes nada.)Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-70264203658888355652017-04-29T10:01:00.000+02:002017-05-19T10:02:30.256+02:00QUERO LER-TE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-P9wwWUAK5Qll5K8cr46QsohyHwqfGvuAcF9MUeWsKifEVmugL4l5oTqpDMk1Kqzv7sy_Mis6YLBi_pS7PfCBAWrpZ_3fiYD4kKwZ4Zxl0jqqKd_dsGKQIZGTQNwsayteH7tA/s1600/image.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-P9wwWUAK5Qll5K8cr46QsohyHwqfGvuAcF9MUeWsKifEVmugL4l5oTqpDMk1Kqzv7sy_Mis6YLBi_pS7PfCBAWrpZ_3fiYD4kKwZ4Zxl0jqqKd_dsGKQIZGTQNwsayteH7tA/s320/image.jpg" width="254" /></a></div>
<br />
<br />
Quero ler-te<br />
mas por enquanto
é só braille à distância.<br />
Quero ler-te<br />
mas não me vires as costas
da tua lombada<br />
deixa-me passar os lábios
ao de leve<br />
pela seda
da tua pele<br />
deixa-me enfiar as mãos
nas tuas páginas<br />
senti-las por dentro<br />
deixa toda a tua literatura<br />
encharcar-me os dedos<br />
afastar os teus medos e eu desfolhar-te,<br />
despir-te,
ler-te toda, ter-te inteira.<br />
<br />
Vem. Agora é hora!<br />
A noite foi-nos concedida<br />
esquece a despedida...<br />
Eu sei, eu sei,
quantas vezes te disse adeus<br />
mas hei-de dizer-te adeus e adeus
repetidamente<br />
e será sempre mentira
porque te quero
e este querer não tem fim.<br />
<br />
É hora,
agora ou nunca.<br />
E eu o nunca rejeito e enjeito.<br />
É hora e é agora,
vou despir-te toda
do teu preceito,<br />
do teu trejeito e preconceito<br />
vamos esquecer
o bem ser e o bem parecer<br />
e simplesmente foder<br />
como se não houvesse
amanhã.<br />
<br />
É hora de eu correr
com a minha boca<br />
todo o teu corpo
e sorver o sal do teu suor<br />
lamber o desejo do teu despudor<br />
e a minha língua abrir-te para mim,<br />
meu livro dos desejos<br />
eu quero que os meus beijos<br />
te abram toda para mim,<br />
eu quero segurar-me aos teus cabelos<br />
quando entrar em ti
e repetidamente,<br />
em golfadas profundas,
mais e mais,<br />
cada vez mais
dentro de ti<br />
eu quero que te dobres e grites<br />
apenas para receber mais prazer,<br />
eu quero foder-te como um animal<br />
que fode a sua fêmea<br />
eu quero foder-te como um danado<br />
à espera que o inferno se apague<br />
eu quero possuir-te e dar-me a ti<br />
no mesmo gesto total e completo<br />
dos nossos dois corpos
penetrando-se, pertencendo-se.<br />
<br />
Vem. É hora! Vem-te!<br />
É a hora da nossa desforra<br />
não há mais destino
nem desfado nem desfoda<br />
nem desculpas nem nada.<br />
Agora é hora!<br />
É hora de vires
e de nos virmos um no outro,<br />
é hora de atearmos fogo
a isto tudo<br />
e de ardermos
bem no meio,<br />
os nossos corpos em combustão,<br />
consumindo-se em ânsia,
fundindo-se um no outro,<br />
fodendo como deve ser,
como sempre foi suposto ser.<br />
Quero-te, desejo-te como nunca<br />
desejo-te e quero-te aqui e agora, é hora!<br />
<br />
O nosso sexo há-de deflagrar<br />
chamas intensas pelos oceanos
e derreter os pólos<br />
O nosso fogo
há-de elevar-se aos céus<br />
como tu sobre as labaredas do meu corpo<br />
e extinguir as nuvens num só sopro.<br />
O chão há-de fugir sob os nossos pés<br />
e a terra desaparecer sob o nosso desejo
no vazio sideral<br />
e nós continuaremos
um dentro do outro
a foder.<br />
E o sol, e todas as luas e todas as estrelas<br />
hão-de ficar abrasadas
até rodopiarem,<br />
colapsarem em si
e rebentarem em supernovas,<br />
mas os nossos orgasmos serão ainda
mais incandescentes<br />
e lançarão
filamentos brilhantes de galáxias
pelos universos,<br />
e isso serei eu a derramar-me
finalmente e à bruta<br />
em ti, em ondas de prazer em catadupa<br />
e o teu corpo contorcendo-se
em espasmos de dor,<br />
e prazer e suor<br />
e tesão
no meu.<br />
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<b>AGW 28042017</b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-24892290.post-35392825307851514432017-04-26T11:09:00.000+02:002017-04-26T11:09:00.029+02:00Presidenciais francesas: Lobos vestidos de cordeiros<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioMRTPEI8f1tmNha_vPFokNU794vTdpqoJ4bLFwG-cCK_wsaeicAZhcYYkre8QM0pmLD6PfvtpIiVPIKyF_XeOuzoUeilNk2K9-kJ-LYZNIuhACvN2fCdsnOn-1bTf0TWDYivO/s1600/jlc_edito.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioMRTPEI8f1tmNha_vPFokNU794vTdpqoJ4bLFwG-cCK_wsaeicAZhcYYkre8QM0pmLD6PfvtpIiVPIKyF_XeOuzoUeilNk2K9-kJ-LYZNIuhACvN2fCdsnOn-1bTf0TWDYivO/s200/jlc_edito.jpeg" width="127" /></a></div>
Os franceses “apuraram” para a segunda volta das presidenciais um ultraliberal amigo da alta finança e uma nacionalista demagoga da extrema-direita. E agora, o que será de França?<br />
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Como escrevi aqui na semana passada, a França desbipolarizou-se, e a deserção dos eleitores dos dois grandes partidos tradicionais da esquerda e da direita, que se alternavam no poder há mais de 50 anos, ficou mais patente do que nunca. Para a segunda volta “apuraram” dois candidatos antissistema ou que, pelo menos, assim gostam de apresentar-se.<br />
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Marine Le Pen pegou no partido do pai em 2011 e em meia dúzia de anos, literalmente, fez o que o ’pater familias’ não conseguiu em 40 anos: transformou a Frente Nacional em partido que quase passa por respeitável. Ou imita bem. Com um discurso calmo e sem nunca irromper pelos histerismos de ódio racial e negacionista de Jean-Marie, a filha sintonizou as preocupações da FN com a dos franceses do “país real”, os que sofrem de desemprego, os que perderam poder económico nos últimos anos devido à crise financeira, às deslocalizações e à pauperização da província.<br />
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As linhas de base da FN não mudaram, note-se bem, continua a ser um partido anti-europeu, anti-estrangeiros, anti-islâmico, racista e nacionalista. Mas numa época em que cada vez mais cidadãos se sentem abandonados pelo Estado e pela UE, no centro da qual deveriam ser a preocupação principal, a FN soube passar o seu arado demagógico e cavar trincheiras cada vez mais profundas entre os que se sentem esquecidos e os que estes consideram as elites. Os resultados de domingo mostram-no claramente: Macron ganhou nas cidades, Le Pen na província.<br />
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O mesmo fenómeno, o sentimento de abandono do Estado por parte do cidadão anónimo, em detrimento das elites, levou à eleição de um improvável Donald Trump nos EUA.<br />
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Emmanuel Macron não é um candidato antissistema, é talvez o melhor candidato do sistema porque passa por... não sê-lo. Tornou-se inspetor das Finanças em 2004, em 2006 é apresentado a François Hollande, dois anos depois troca a Função Pública por um cargo de banqueiro de negócios da família Rotschild.<br />
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Em apenas três datas, que fazem parte da sua biografia oficial, percebemos que a subida fulgurante em meia dúzia de anos de um mero inspetor das Finanças a conselheiro de uma das maiores fortunas do mundo não é anódina.<br />
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A inteligência de Macron foi perceber e reagir ao fenómeno do descrédito e da erosão dos partidos tradicionais que outros políticos sentiam mas recusavam ver. Afastando-se a tempo de François Hollande, criou o seu próprio movimento político. Com que dinheiro?, eis a questão.<br />
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Apresentando-se apartidário e centrista, as políticas que conduziu e propôs no Governo Hollande não deixam margens para dúvidas: Macron é um ultraliberal, anti-Estado social, amigo da alta finança, a quem deve provavelmente a sua ascensão, e diz-se europeu convicto (mas convicto de quê?).
Tanto<br />
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Le Pen como Macron fazem pensar em lobos (trans)vestidos de cordeiros. Mas agora é tarde, já entraram no estábulo.<br />
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<b>José Luís Correia</b><br />
<b>in <a href="http://www.wort.lu/pt/mundo/editorial-lobos-vestidos-de-cordeiros-59005e64a5e74263e13bd39a" target="_blank">Contacto</a>, 26 de abril de 2017 </b>Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correiahttp://www.blogger.com/profile/15714912002051614253noreply@blogger.com0