sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quinta-feira, 16 de junho de 2005

Jornal CONTACTO galardoado com Placa de Mérito das Comunidades Portuguesas

(Da esq. p/ a dta.) Álvaro Cruz, correspondente desportivo do CONTACTO, Pe.Belmiro, editorialista do CONTACTO, Paul Zimmer, director-geral da ISP, o secretário de Estado, José Lello, Natália Morais, correctora/tradutora do CONTACTO, José Luís Correia, redactor no CONTACTO, com a Placa de Mérito atribuída ao nosso jornal,Manuela Geraldes, secretária do CONTACTO e Gaston Roderes, chefe de Redacção do nosso jornal Fotos: M. Dias
No passado domingo, dia 11 de Junho, teve lugar no Cercle Municipal, na Place d'Armes da capital, uma cerimónia para assinalar o "10 de Junho - Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas", na presença do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Lello, do embaixador de Portugal, Paulo Couto Barbosa, do cônsul-geral, Mário Damas Nunes, do vice-cônsul, António Martins Antunes, do deputado Paulo Pisco, do conselheiro social e cultural da Embaixada, Rui Dias Costa, e do chefe dos Serviços Sociais do Conulado, José Araújo.

Depois de passar por Hanover e Bruxelas, José Lello deslocou-se ao Luxemburgo por ocasião deste "10 de Junho" para homenagear três instituições, "pelo seu trabalho para a boa integração da comunidade portuguesa no Luxemburgo", com a Placa de Mérito das Comunidades Portuguesas. Um dos galardoados foi o nosso jornal, pelo seu 30° aniversário.

Paul Zimmer, director-geral da Imprimerie Saint-Paul, editor do CONTACTO, recebeu o galardão das mãos do secretário de Estado.

José Lello homenageou ainda o Grupo Desportivo "Os Lusitanos" pelos seus 25 anos (comemorados em 1999), na pessoa do seu presidente demissionário António Cerqueira, e o Centro de Apoio Social e Associativo (CASA) pelos seus 20 anos, representado pelo seu presidente José Ferreira Trindade.

Recebeu ainda a Menção Honrosa do Prémio Camões, a autora Maria Teresa Pimentel.

Depois da alocução de boas-vindas do cônsul-geral Damas Nunes, realizou-se um pequeno recital com os pianistas Adriano Jordão, conhecido artista vindo de Portugal e o jovem Michel Lopes, residente no Luxemburgo.

Michel Lopes começou por interpretar uma obra de Franz Liszt, a "Primeira balada em ré bemol maior", enquanto Jordão interpretou a "Fantasia Triunfal" de Louis Gottschalk. Esta obra é "uma fantasia, são variações sobre o hino nacional brasileiro", como explicou o próprio Jordão ao público, "já que estamos a comemorar os 500 anos do Descobrimento do Brasil", disse ainda. Depois, as duas gerações, interpretaram uma obra de Ravel, a quatro mãos.

Seguiu-se a actuação da jovem cantora Raquel Barreira, que acompanhada pelos seus dois guitarristas interpretou dois temas: o já célebre "Menino de sua mãe", poema de Fernando Pessoa musicado por Thierry Kinsch e um original do seu primeiro álbum em preparação, "Sete Colinas", com letra da cantora e música de Kinsch.

José Lello declarou-se muito satisfeito ter vindo celebrar com a comunidade portugesa do Luxemburgo, esta festa do 10 de Junho, declarando que, graças às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo , "a nação portuguesa não tem fronteiras". Lello, evocou ainda o drama de Wasserbillig de há algumas semanas, "um dia de grande dor para a comunidade portuguesa".

O secretário de Estado teve ainda a oportunidade de se encontrar com representantes da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo, CCPL e do seu Grupo de Acção Jovem GAJ. Esta cerimónia terminou com um cocktail oferecido ao público presente.

JLC 
in CONTACTO, 16/06/2000

segunda-feira, 13 de junho de 2005

José Luís Correia condecorado




O nosso responsável de Redacção, José Luís Correia, recebeu o troféu das mãos de Lurdes Monteiro, membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social Foto: "Voz de Azeméis" (com a devida autorização)

Na cerimónia do 33° aniversário do jornal "Voz de Azeméis" e 15° da revista "Portugal" (vocacionada para emigrantes), que decorreu no passado dia 31 de Maio, em Oliveira de Azeméis, foram distinguidas três individualidades da Comunidade Portuguesa do Luxemburgo: Luís Barreira, Director da Rádio Latina, Joaquim Xavier, Presidente do Rancho "Amores Perfeitos" e José Luís Correia, responsável da Redacção do nosso jornal.

Os três homens receberam o Troféu "Prestígio e Dedicação/Comunidades Portuguesas", que são entregues anualmente, há já 12 anos, pelo jornal "Voz de Azeméis" e pela revista "Portugal" por ocasião dos respectivos aniversários. Pretendem também homenagear personalidades que se distinguem em prol da causa lusíada.

Foram ainda agraciadas 19 outras personalidades que trabalham em Portugal ou nas Comunidades Portuguesas espalhadas pelo Mundo: o "mayor" Paul Tavares - dos Estados Unidos; o professor universitário Elídio Brito - do Canadá; o dirigente associativo Hermano Sanches Ruivo - de França, foram outras três personalidades distinguidas com este troféu.

Na cerimónia deste ano, Aníbal Araújo, director das duas publicações, deu as boas-vindas a todos os presentes, entre os quais se destacaram o Secretário de Estado da Juventude e Desporto, Hermínio Martinho e do Deputado, ex-ministro do Desporto e Juventude e ex-secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Lello, bem como da deputada e ex-secretária de Estado da Emigração, Manuela Aguiar.

Um organismo para congregar os luso-descendentes 

O secretário de Estado das Juventude e Desportos, Hermínio Loureiro, anunciou, em Oliveira de Azeméis, o propósito de criar um organismo que congrege Luso-descendentes de todo o mundo.

Quanto ao antigo secretário de Estado das Comunidades, José Lello, defendeu que Portugal e os seus valores estão a seduzir a terceira geração de Luso-descendentes, invertendo uma tendência verificada com a segunda geração.

Portugueses lêem de forma diferente! 

Nesta cerimónia foram ainda abordadas questões como a importância da Imprensa regional em Portugal e os hábitos de leitura de jornais dos Portugueses. O Director da "Voz de Azeméis" e da revista "Portugal", Aníbal Araújo, admitiu ser "imprescindível" modernizar a Imprensa regional, "tornando-a atractiva".

O Presidente da Associação Portuguesa de Imprensa (API), João Palmeiro, contestou a ideia-feita de que Portugal é dos países europeus onde menos jornais se lêem.

"Não é verdade que lemos poucos jornais. Fazemo-lo é de maneira diferente dos outros", disse, explicando que Portugal é o penúltimo país europeu em leitura de diários, mas alcança a terceira posição na leitura de publicações não-diárias.

in CONTACTO,
13/06/2003

quarta-feira, 8 de junho de 2005

Que Europa queremos afinal?

Mas o que está afinal a levar os europeus a recusarem uma Constituição com a qual todos deveriam identificar-se?

Uma Constituição que pretende, sobretudo, dotar a União Europeia de uma voz política (política exterior comum), através da criação de cargos como o de Presidente ou o de ministro dos Negócios Estrangeiros da UE.

Tememos uma "ditadura europeia" como a viúva de Mitterrand, ou como o profetiza João Aguiar no seu romance de antecipação, "O Jardim das Delícias"?

A UE é o único espaço político de toda a Geografia e de toda a História a ter sido criado pelo consentimento mútuo dos povos e não pela força. E não há razões para que mude.

Os Estados Unidos perceberam que afinal tinham de contar com a UE quando o sempiterno e omnipotente dólar fraquejou face ao euro. A UE conseguia assim demonstrar que tinha algo a dizer no palco da economia mundial, em constante e rápida evolução. Também a China está a perceber que, economicamente, não pode impôr as suas regras à UE. Porque, nesta matéria, a UE consegue lutar com uma só e mesma voz.

Mas o Mundo já descortinou a fraqueza da UE: a sua divisão a nível político, a exemplo do que sucedeu recentemente na questão da Guerra do Iraque. Porque a UE não soube reagir em uníssono. Cada estado-membro preferiu adoptar a posição mais conveniente relativamente às relações que já teve, mantém ou pretende no futuro desenvolver com os EUA.

Se, muito rapidamente, a UE não souber munir-se de uma Constituição, não conseguir falar a uma só voz, não será tida nem achada nas decisões políticas, mas também económicas (umas dependendo das outras) do século XXI nascente.

Se conseguimos pôr-nos de acordo em matéria económica, porque não política? Ou estes "não" foram apenas ondas de contestação aos governos nacionais? É legítimo fazê-lo em referendos onde a construção europeia está em jogo?

É, porque os cidadãos sentiram que era a única maneira dos governantes os ouvirem, quando há tanto tempo se queixam de uma Europa que lhes parece cada vez mais abstracta, sem se preocupar com os seus problemas reais.

Estes dois „Não“ são sobretudo a prova da incapacidade dos governantes e dirigentes em explicar às populações o que está realmente em causa.

Os políticos falam-lhes do amanhã, de uma Europa que, face às potências económicas mundiais vigentes ou emergentes (EUA, China e outros países asiáticos), só conseguirá desenvolver-se, alargando-se, como o fez a Leste e como está a pensar fazê-lo para a Turquia – e, quem sabe até, um dia, para a imensidão da Rússia ou do Maghreb? E porque não, se estiver garantida a democracia e o respeito dos direitos humanos nesses países?

Os objectivos da UE sempre foram e serão, com esta ou outra denominação, a expansão de um espaço de paz e de estabilidade. Não se trata apenas de uma questão de identificação cultural – ser mais ou menos europeu –, trata-se de sobrevivência, num futuro comum.

Mas os trabalhadores não querem saber de amanhãs improváveis. Querem que se acabe hoje com o desemprego que os assombra, com os benefícios sociais ameaçados, com a precaridade que espreita. Temem as deslocalizações e a invasão de imigrantes de Leste que são pagos com metade dos salários. O medo que franceses e outros tinham do pedreiro português em 1986 reaparece em 2005, transfigurado em pavor do canalizador polaco. E é um medo compreensível! Mas são medos perigosos porque conduzem ao isolacionismo e ao radicalismo.

Mas alguém lhes explica que, se as empresas se deslocarem para Leste, é preferível a falirem se não houver alargamento? Alguém lhes diz que a população europeia está velha e que em 2013 haverá mais gente na reforma do que a trabalhar? Que para pagarmos esses reformados o Estado terá de reter dois terços dos salários da população activa ou simplesmente acabar com a Segurança Social estatal. Ou que teremos provavelmente de "importar" mão-de-obra chinesa ou até – será assim tão inacreditável – emigrar para a Ásia, única região ainda em franca expansão económica? Alguém lembra aos portugueses que, com a actual crise, se Portugal não estivesse na zona euro, estaria a pedir ao FMI para desvalorizar dramaticamente o escudo?

Há que explicar aos cidadãos europeus que, mesmo numa época de crise, somos a zona que garante mais direitos sociais no mundo. Que palavras como "liberal" e "concorrência" podem aparecer mais de 25 vezes no texto da Constituição, mas que a palavra "social" aparece quatro vezes mais.

A UE não é perfeita, mas foi o que de melhor se encontrou até agora. Tem garantido a paz e a estabilidade política e económica nos nossos países. Porque o seu objectivo tem sido e continua a ser: o nosso futuro comum.

Há que saber explicar às populações o que se pretende com a UE, em que sentido devemos evoluir e porquê. Mas também é necessário escutar o que os povos têm a dizer e o que querem da Europa . Um diálogo. Não monólogos e atitudes autistas de eurocratas!

A Constituição Europeia é uma necessidade, nesta ou noutra forma. Reveja e corrija-se. Chega de noções técnicas, fórmulas complicadas e de decidir projectos que os europeus não entendem. É necessário que todos sintamos que a Europa não é apenas Bruxelas. A Europa somos todos nós.

José Luís Correia, in Contacto, 08.06.2005