Teoricamente falando, muitos físicos quânticos consideram que a viagem no tempo não é possível devido ao célebre "paradoxo do avô", ou seja, não é possível viajar no tempo porque alguém que fosse visitar o seu avô quando criança e o matasse, isso implicaria que ele próprio nunca teria existido. Paradoxo, portanto!
No entanto, muitos outros cientistas e teóricos consideram que essa questão fica resolvida com a eventualidade da existência de realidades paralelas (universos paralelos ou multiverso). A viagem no tempo seria possível então. Teoricamente.
Reflexão minha de hoje em torno desta questão:
A ser possível na prática, qualquer viagem no tempo significaria uma alteração do passado e a criação de uma realidade paralela. Pelo menos, para o viajante. O restante universo continuaria a viver na linha temporal que o viajante deixou.
O que torna, portanto, a viagem no tempo perigosa é a dificuldade ou mesmo a impossibilidade de o viajante regressar ao seu presente, devido ao que resolvi chamar de "efeito borboleta temporal", e que ficaria formulado assim: "Os efeitos da viagem no tempo e a simples chegada e presença do viajante a um momento determinado no passado, mesmo se for apenas enquanto simples espectador, podem afectar a integridade e a continuidade da linha temporal".
Resolvi chamar a esta teoria, modéstia à parte, a Lei Correia ou a Lei do Efeito Borboleta Temporal.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
"J'aurais préférais que le Luxembourg n'existe pas!"
Outrageantes les déclarations du sénateur Phillippe Marini sur France Culture, samedi dernier. Lundi, François Fillon s'est excusé au-prés de son homologue luxembourgeois en se démarcant des propos de Marini.
sábado, 18 de setembro de 2010
Fermer les bourses, la solution à la crise! - Frédéric Lordon sur France Inter
La version intégrale de l'entretien avec Frédéric Lordon sur France Inter ou lire son article dans le Monde diplomatique de février 2010,"Et si on fermait la Bourse ?"
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Horda anti-carros reconquista parques de estacionamento na cidade do Luxemburgo
Uma das iniciativas desenvolvidas pela autarquia da cidade do Luxemburgo no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade acontece hoje, sexta-feira, dia 17.
O projecto chama-se "Park(ing) Day" e visa literalmente "reconquistar" os parques de estacionamento ao ar livre (n.d.R.: estão vedados do projecto os parques de estacionamento subterrâneos que pertencem a empresas privadas) aos automobilistas.
Uma "horda" de anti-automóveis vai investir vários parques de estacionamento na cidade do Luxembrgo e utilizá-los durante o dia de hoje para actividades ao ar livre para os habitantes da cidade.
A ideia nasceu em San Francisco e estendeu-se rapidamente a outras cidades do globo.
Até ao momento em escrevo estas linhas não haviam sido descobertos os planos das invasões previstas, pelo que os automobilistas vão ter que contar com algumas supresas desgradáveis quando hoje chegarem aos parques onde costumam estacionar os seus automóveis. Reacção aconselhada: faça um sorriso e siga caminho, os activistas conseguiram a autorização da autarquia para o bloqueio. E pense no seguinte: é por uma boa causa e é só hoje.
José Luís Correia
O projecto chama-se "Park(ing) Day" e visa literalmente "reconquistar" os parques de estacionamento ao ar livre (n.d.R.: estão vedados do projecto os parques de estacionamento subterrâneos que pertencem a empresas privadas) aos automobilistas.
Uma "horda" de anti-automóveis vai investir vários parques de estacionamento na cidade do Luxembrgo e utilizá-los durante o dia de hoje para actividades ao ar livre para os habitantes da cidade.
A ideia nasceu em San Francisco e estendeu-se rapidamente a outras cidades do globo.
Até ao momento em escrevo estas linhas não haviam sido descobertos os planos das invasões previstas, pelo que os automobilistas vão ter que contar com algumas supresas desgradáveis quando hoje chegarem aos parques onde costumam estacionar os seus automóveis. Reacção aconselhada: faça um sorriso e siga caminho, os activistas conseguiram a autorização da autarquia para o bloqueio. E pense no seguinte: é por uma boa causa e é só hoje.
José Luís Correia
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
O (des)interesse do Luxemburgo pelo mundo lusófono
Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e o Luxemburgo vão participar num projecto tripartido em diversas áreas, mas particularmente nas ambientais, agrícolas e de desenvolvimento rural, e que também abrangerá a educação e a formação profissional.
A este propósito tenho reparado que o Grão-Ducado tem demonstrado cada vez mais interesse em alargar as suas relações com os países lusófonos, nomeadamente os africanos.
Cabo Verde figura desde 1993 num lugar de topo na lista dos países que beneficiam da ajuda financeira do Luxemburgo na cooperação ao desenvolvimento.
Mas recentemente o Luxemburgo abriu os seus horizontes.
Em Fevereiro último, dois responsáveis do Ministério da Economia luxemburguês – Jean-Claude Knebeler, director do Comércio Exterior, e André Kemmer, analista financeiro do mesmo ministério – deslocaram-se a Luanda para se encontrar com dirigentes angolanos. O objectivo, confiaram na altura os dois responsáveis em exclusivo ao CONTACTO, era "investir em Angola".
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros de São Tomé, Carlos Alberto Pires Tiny, esteve no Luxemburgo a 9 de Junho último, para uma primeira reunião de trabalho com o seu homólogo luxemburguês, Jean Asselborn. Um primeiro passo de aproximação entre os dois países e que dois meses depois resultaria no projecto tripartido já referido.
Outro indicador e não de somenos importância foi quando o Luxemburgo pediu para participar, em 23 de Julho, na cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP – a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa –, que teve lugar em Luanda. O Grão-Ducado enviou inclusive um representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros à dita cimeira. Na altura, os responsáveis desse ministério resguardaram-se de confirmar ao CONTACTO se o Luxemburgo pensava pedir ou não a adesão ao grupo de países associados (observadores) da CPLP.
Como se ainda houvesse dúvidas, o ministro da Economia luxemburguês, Jeannot Krecké, disse na semana passada, durante a visita de Estado dos grão-duques a Portugal, que "o Luxemburgo está interessado em investir em África", utilizando Portugal como uma ponte priviligiada para o fazer (ver também artigo sobre a visita de Estado, nas páginas centrais).
Além do óbvio interesse económico do Grão-Ducado nesses países, refira-se a facilidade para o Luxemburgo de penetrar nesses mercados emergentes recorrendo a uma mão-de-obra residente que é uma verdadeira mais-valia e cujas potencialidades ainda não foram utilizadas a cem por cento: os seus residentes lusófonos e o seu "know-how" inato, a Língua Portuguesa.
Residentes que representam quase um quarto da população. Senão vejamos: vivem actualmente no Grão-Ducado entre 95 e 100 mil portugueses (dados do Consulado de Portugal), que constituem cerca de 18 % da população total e 37 % dos residentes estrangeiros. A esses devem ainda ser adicionados os cidadãos dos países de língua portuguesa: cerca de nove mil cabo-verdianos, cerca de cinco mil brasileiros, 500 a mil guineenses e mais algumas centenas de outros lusófonos provenientes de países como Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, como apurou o CONTACTO no seu Suplemento Especial "Imigração Lusófona do Luxemburgo", que publicámos em 17 de Março último. Se ainda forem contabilizados os cidadãos de nacionalidade luxemburguesa mas lusodescendentes, estima-se que entre um quarto e um quinto da população do Luxemburgo fale português, ou seja, cerca de 110 a 115 mil pessoas num total de 506 mil. Números que, mesmo assim, devem estar aquém da realidade.
Que o número de lusofalantes no Luxemburgo era importante já se sabia, mas, na semana passada, foi a primeira vez que um alto representante do Estado luxemburguês – neste o caso o seu representante máximo, o chefe de Estado – falou sobre os 20 % da população que no Luxemburgo falam português, durante a sua visita a Coimbra (ver páginas centrais sobre a visita de Estado a Portugal).
Na véspera, o ministro dos Negócios Estrangeiros luxemburguês, Jean Asselborn, reiterara em Lisboa, aos jornalistas que acompanhavam a visita de Estado dos grão-duques a Portugal, que o Luxemburgo não precisa de uma Escola Portuguesa.
Uma no cravo, outra na ferradura?
E por isso pergunto: quando um quarto a um quinto da população de um país fala português, pode-se falar em "país lusófono"?
Em Julho de 2007 a Guiné Equatorial adoptou o português como língua oficial, que se veio juntar ao espanhol, ao francês e ao "fang", mesmo se esta última é a língua nacional e a mais falada no país. Na Guiné Equatorial, esta medida foi claramente uma decisão económica, para uma aproximação aos países da CPLP.
E no Luxemburgo, que tem com certeza uma proporção maior de lusofalantes do que aquele país africano, que estatuto merece a língua portuguesa?
José Luís Correia
in CONTACTO, 15.09.2010
A este propósito tenho reparado que o Grão-Ducado tem demonstrado cada vez mais interesse em alargar as suas relações com os países lusófonos, nomeadamente os africanos.
Cabo Verde figura desde 1993 num lugar de topo na lista dos países que beneficiam da ajuda financeira do Luxemburgo na cooperação ao desenvolvimento.
Mas recentemente o Luxemburgo abriu os seus horizontes.
Em Fevereiro último, dois responsáveis do Ministério da Economia luxemburguês – Jean-Claude Knebeler, director do Comércio Exterior, e André Kemmer, analista financeiro do mesmo ministério – deslocaram-se a Luanda para se encontrar com dirigentes angolanos. O objectivo, confiaram na altura os dois responsáveis em exclusivo ao CONTACTO, era "investir em Angola".
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros de São Tomé, Carlos Alberto Pires Tiny, esteve no Luxemburgo a 9 de Junho último, para uma primeira reunião de trabalho com o seu homólogo luxemburguês, Jean Asselborn. Um primeiro passo de aproximação entre os dois países e que dois meses depois resultaria no projecto tripartido já referido.
Outro indicador e não de somenos importância foi quando o Luxemburgo pediu para participar, em 23 de Julho, na cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP – a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa –, que teve lugar em Luanda. O Grão-Ducado enviou inclusive um representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros à dita cimeira. Na altura, os responsáveis desse ministério resguardaram-se de confirmar ao CONTACTO se o Luxemburgo pensava pedir ou não a adesão ao grupo de países associados (observadores) da CPLP.
Como se ainda houvesse dúvidas, o ministro da Economia luxemburguês, Jeannot Krecké, disse na semana passada, durante a visita de Estado dos grão-duques a Portugal, que "o Luxemburgo está interessado em investir em África", utilizando Portugal como uma ponte priviligiada para o fazer (ver também artigo sobre a visita de Estado, nas páginas centrais).
Além do óbvio interesse económico do Grão-Ducado nesses países, refira-se a facilidade para o Luxemburgo de penetrar nesses mercados emergentes recorrendo a uma mão-de-obra residente que é uma verdadeira mais-valia e cujas potencialidades ainda não foram utilizadas a cem por cento: os seus residentes lusófonos e o seu "know-how" inato, a Língua Portuguesa.
Residentes que representam quase um quarto da população. Senão vejamos: vivem actualmente no Grão-Ducado entre 95 e 100 mil portugueses (dados do Consulado de Portugal), que constituem cerca de 18 % da população total e 37 % dos residentes estrangeiros. A esses devem ainda ser adicionados os cidadãos dos países de língua portuguesa: cerca de nove mil cabo-verdianos, cerca de cinco mil brasileiros, 500 a mil guineenses e mais algumas centenas de outros lusófonos provenientes de países como Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, como apurou o CONTACTO no seu Suplemento Especial "Imigração Lusófona do Luxemburgo", que publicámos em 17 de Março último. Se ainda forem contabilizados os cidadãos de nacionalidade luxemburguesa mas lusodescendentes, estima-se que entre um quarto e um quinto da população do Luxemburgo fale português, ou seja, cerca de 110 a 115 mil pessoas num total de 506 mil. Números que, mesmo assim, devem estar aquém da realidade.
Que o número de lusofalantes no Luxemburgo era importante já se sabia, mas, na semana passada, foi a primeira vez que um alto representante do Estado luxemburguês – neste o caso o seu representante máximo, o chefe de Estado – falou sobre os 20 % da população que no Luxemburgo falam português, durante a sua visita a Coimbra (ver páginas centrais sobre a visita de Estado a Portugal).
Na véspera, o ministro dos Negócios Estrangeiros luxemburguês, Jean Asselborn, reiterara em Lisboa, aos jornalistas que acompanhavam a visita de Estado dos grão-duques a Portugal, que o Luxemburgo não precisa de uma Escola Portuguesa.
Uma no cravo, outra na ferradura?
E por isso pergunto: quando um quarto a um quinto da população de um país fala português, pode-se falar em "país lusófono"?
Em Julho de 2007 a Guiné Equatorial adoptou o português como língua oficial, que se veio juntar ao espanhol, ao francês e ao "fang", mesmo se esta última é a língua nacional e a mais falada no país. Na Guiné Equatorial, esta medida foi claramente uma decisão económica, para uma aproximação aos países da CPLP.
E no Luxemburgo, que tem com certeza uma proporção maior de lusofalantes do que aquele país africano, que estatuto merece a língua portuguesa?
José Luís Correia
in CONTACTO, 15.09.2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Champions/Esta noite: Trio luxemburguês arbitra jogo Arsenal-Braga
O luxemburguês Alain Hamer vai arbitrar o encontro de estreia do Sporting de Braga na Liga dos Campeões frente ao Arsenal. O jogo (grupo H) tem lugar esta noite às 20h45, no Emirates Stadium, em Londres.
Hamer vai ser secundado pelos seus compatriotas François Manger e Christian Holtgen, como fiscais de linha.
Hamer tem 44 anos e este é já o sétimo jogo com equipas portuguesas que arbitra, contando-se entres estas o FC Porto, Boavista, Sporting e a Selecção Nacional. Nos seis encontros anteriores abritrados por Hamer, as equipas portuguesas perderam apenas um: quando o Sporting foi derrotado pelo Spartak de Moscovo por 1-3, na Liga dos Campeões (2000/2001). Nos outros jogos arbitrados pelo luxemburguês, o Sporting venceu duas vezes na Champions, frente ao Inter de Milão (2006/2007) e contra o Shakhtar Donetsk (2008/2009), ambas as vezes por 1-0; o Porto derrotou o Hamburgo por 4-1, também na Liga dos Campões (2006/2007); o Boavista venceu o Hertha de Berlim por 1-0, na Taça UEFA (2002/2003); e a Selecção Nacional levou a melhor sobre a Hungria por três tentos sem resposta, na fase de apuramento para o Mundial 2010.
Resultados que auguram um bom jogo para o Braga logo à noite.
Hamer vai ser secundado pelos seus compatriotas François Manger e Christian Holtgen, como fiscais de linha.
Hamer tem 44 anos e este é já o sétimo jogo com equipas portuguesas que arbitra, contando-se entres estas o FC Porto, Boavista, Sporting e a Selecção Nacional. Nos seis encontros anteriores abritrados por Hamer, as equipas portuguesas perderam apenas um: quando o Sporting foi derrotado pelo Spartak de Moscovo por 1-3, na Liga dos Campeões (2000/2001). Nos outros jogos arbitrados pelo luxemburguês, o Sporting venceu duas vezes na Champions, frente ao Inter de Milão (2006/2007) e contra o Shakhtar Donetsk (2008/2009), ambas as vezes por 1-0; o Porto derrotou o Hamburgo por 4-1, também na Liga dos Campões (2006/2007); o Boavista venceu o Hertha de Berlim por 1-0, na Taça UEFA (2002/2003); e a Selecção Nacional levou a melhor sobre a Hungria por três tentos sem resposta, na fase de apuramento para o Mundial 2010.
Resultados que auguram um bom jogo para o Braga logo à noite.
sábado, 4 de setembro de 2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Rentrée: agitar antes de usar!
A rentrée promete ser agitada. E não só a rentrée política.
1- Há algo de podre no reino do Luxemburgo! Muitos querem perceber que história é essa de investir o dinheiro das reformas dos cidadãos do Grão-Ducado em empresas da indústria militar americana! Hã?... Importa-se de repetir?
Leu bem. Em plena quietude de um tranquilo Agosto luxemburguês, o deputado André Hoffman, da "Déi Lénk", foi descobrir esta maçã podre nos pratos habitualmente limpos do Luxemburgo. Numa questão parlamentar, Hoffmann interpela os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Segurança Social recordando-lhes que o Estado luxemburguês ratificou em 2009 a convenção internacional contra o fabrico e uso de bombas de fragmentação que essas empresas produzem. O presidente do Fundo de Compensação da Segurança Social, organismo ao qual as acções nessas empresas pertencem, veio afirmar ao diário "Le Quotidien" desconhecer qualquer ligação da instituição com esses fabricantes de bombas e prometeu "corrigir" o investimento.
O facto de a questão ter surgido na pausa estival fez com que poucos jornais pegassem (ou ousassem pegar) no assunto. As reacções não se fizeram (ainda) sentir. Em qualquer outro país teria havido imediatas consequências políticas. No mínimo, os cidadãos teriam questionado: será que o presidente do Fundo podia não saber onde eram investidas as acções? Podia! Podia, mas não devia.
2- A França expulsou em 15 dias quase um milhar de ciganos ilegais para a Roménia, sob duras críticas nacionais e internacionais. O Vaticano considerou a atitude francesa "uma espécie de novo holocausto”. O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Kouchner, ameaçou demitir-se face às expulsões, mas acabou por dizer que, afinal, fica "para não desertar". Antes de se "sarkozizar", Kouchner foi um respeitável defensor dos direitos humanos. E eu que pensava que ele tinha aceite fazer parte do governo francês como um cavalo de Tróia para agir, precisamente, quando o menino Nicolas fosse assolado por este tipo de "xenófobices". E se a França tivesse expulsado nos anos 1950 o pai de Sarkozy de volta para a Hungria?
Bruxelas lavou daí as mãos, sacando de um "isso são assuntos da exclusiva competência das autoridades nacionais". Cláusulas destas dão sempre jeito num casamento a 27, que já esteve mais longe do divórcio. A luxemburguesa Viviane Reding, comissária europeia da justiça, dos direitos fundamentais e da cidadania, veio recordar a Paris o direito à livre circulação de pessoas na UE, espaço onde não se expulsam pessoas só por serem de certas etnias. Indignou-se, mas a coisa ficou por aí.
Em casa de ferreiro, espeto de pau! Nunca até agora Vivane Reding teve nada a apontar às expulsões perpetradas pelo Luxemburgo, cerca de três dezenas desde o princípio do ano. Será por se tratarem de cidadãos de países terceiros? Alguns têm aqui uma vida estabelecida, um trabalho, as crianças escolarizadas, como é o caso de uma família sérvia, que após sete anos no país se arrisca a ser expulsa esta semana com os filhos. O caso foi denunciado na segunda-feira pela ASTI.
O Luxemburgo age alheio à "polémica cigana" em França, até porque não tem que se preocupar com esse assunto até 2012. No ano passado, o Governo luxemburguês decidiu alargar por mais três anos o prazo para que romenos e húngaros possam residir no país.
3- Os alunos e os professores de Português chegam ao Luxemburgo, refeitos após umas merecidas férias, para descobrir que há uma nova coordenadora do Ensino. A anterior não teve tempo para aquecer o lugar. Fontes oficiais desmentem que a decisão esteja relacionada com os desentendimentos que Ana Costa teve com alguns docentes e até com o sindicato dos professores. A verdade é que a medida foi decidida por Lisboa e afecta os coordenadores de toda a Europa. A nova coordenadora entra hoje em funções, mas ainda não chegou. Nem se sabe quando e se chegará. Porque uma das novidades é que a coordenadora passará a ser responsável pelo ensino em todo o Benelux, não se sabendo se virá ou não para o Grão-Ducado.
Com o regresso às aulas mesmo à porta, tanta coisa por organizar e decidir, professores por colocar... Quem resolve? Perguntem a Lisboa.
Mas há outros assuntos fracturantes que vão agitar as águas. No Luxemburgo: a reforma da segurança social, a indexação automática dos salários, a mega-manifestação marcada para 16 de Setembro para protestar contra as restrições dos abonos de família aos trabalhadores fronteiriços por parte do Governo luxemburguês. Em Portugal: a desnecessária reforma da constituição, desejada pelo PSD, e, claro, a corrida para as presidenciais. Dar cavaco a Cavaco?
José Luís Correia
(in Contacto, 01.09.2010)
1- Há algo de podre no reino do Luxemburgo! Muitos querem perceber que história é essa de investir o dinheiro das reformas dos cidadãos do Grão-Ducado em empresas da indústria militar americana! Hã?... Importa-se de repetir?
Leu bem. Em plena quietude de um tranquilo Agosto luxemburguês, o deputado André Hoffman, da "Déi Lénk", foi descobrir esta maçã podre nos pratos habitualmente limpos do Luxemburgo. Numa questão parlamentar, Hoffmann interpela os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Segurança Social recordando-lhes que o Estado luxemburguês ratificou em 2009 a convenção internacional contra o fabrico e uso de bombas de fragmentação que essas empresas produzem. O presidente do Fundo de Compensação da Segurança Social, organismo ao qual as acções nessas empresas pertencem, veio afirmar ao diário "Le Quotidien" desconhecer qualquer ligação da instituição com esses fabricantes de bombas e prometeu "corrigir" o investimento.
O facto de a questão ter surgido na pausa estival fez com que poucos jornais pegassem (ou ousassem pegar) no assunto. As reacções não se fizeram (ainda) sentir. Em qualquer outro país teria havido imediatas consequências políticas. No mínimo, os cidadãos teriam questionado: será que o presidente do Fundo podia não saber onde eram investidas as acções? Podia! Podia, mas não devia.
2- A França expulsou em 15 dias quase um milhar de ciganos ilegais para a Roménia, sob duras críticas nacionais e internacionais. O Vaticano considerou a atitude francesa "uma espécie de novo holocausto”. O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Kouchner, ameaçou demitir-se face às expulsões, mas acabou por dizer que, afinal, fica "para não desertar". Antes de se "sarkozizar", Kouchner foi um respeitável defensor dos direitos humanos. E eu que pensava que ele tinha aceite fazer parte do governo francês como um cavalo de Tróia para agir, precisamente, quando o menino Nicolas fosse assolado por este tipo de "xenófobices". E se a França tivesse expulsado nos anos 1950 o pai de Sarkozy de volta para a Hungria?
Bruxelas lavou daí as mãos, sacando de um "isso são assuntos da exclusiva competência das autoridades nacionais". Cláusulas destas dão sempre jeito num casamento a 27, que já esteve mais longe do divórcio. A luxemburguesa Viviane Reding, comissária europeia da justiça, dos direitos fundamentais e da cidadania, veio recordar a Paris o direito à livre circulação de pessoas na UE, espaço onde não se expulsam pessoas só por serem de certas etnias. Indignou-se, mas a coisa ficou por aí.
Em casa de ferreiro, espeto de pau! Nunca até agora Vivane Reding teve nada a apontar às expulsões perpetradas pelo Luxemburgo, cerca de três dezenas desde o princípio do ano. Será por se tratarem de cidadãos de países terceiros? Alguns têm aqui uma vida estabelecida, um trabalho, as crianças escolarizadas, como é o caso de uma família sérvia, que após sete anos no país se arrisca a ser expulsa esta semana com os filhos. O caso foi denunciado na segunda-feira pela ASTI.
O Luxemburgo age alheio à "polémica cigana" em França, até porque não tem que se preocupar com esse assunto até 2012. No ano passado, o Governo luxemburguês decidiu alargar por mais três anos o prazo para que romenos e húngaros possam residir no país.
3- Os alunos e os professores de Português chegam ao Luxemburgo, refeitos após umas merecidas férias, para descobrir que há uma nova coordenadora do Ensino. A anterior não teve tempo para aquecer o lugar. Fontes oficiais desmentem que a decisão esteja relacionada com os desentendimentos que Ana Costa teve com alguns docentes e até com o sindicato dos professores. A verdade é que a medida foi decidida por Lisboa e afecta os coordenadores de toda a Europa. A nova coordenadora entra hoje em funções, mas ainda não chegou. Nem se sabe quando e se chegará. Porque uma das novidades é que a coordenadora passará a ser responsável pelo ensino em todo o Benelux, não se sabendo se virá ou não para o Grão-Ducado.
Com o regresso às aulas mesmo à porta, tanta coisa por organizar e decidir, professores por colocar... Quem resolve? Perguntem a Lisboa.
Mas há outros assuntos fracturantes que vão agitar as águas. No Luxemburgo: a reforma da segurança social, a indexação automática dos salários, a mega-manifestação marcada para 16 de Setembro para protestar contra as restrições dos abonos de família aos trabalhadores fronteiriços por parte do Governo luxemburguês. Em Portugal: a desnecessária reforma da constituição, desejada pelo PSD, e, claro, a corrida para as presidenciais. Dar cavaco a Cavaco?
José Luís Correia
(in Contacto, 01.09.2010)
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