sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
-
cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

terça-feira, 2 de junho de 2009

Revista "Retrovirology": Portugal é principal exportador de vírus da sida para o Luxemburgo

Estudo científico publicado na revista "Retrovirology" revela
Portugal é principal exportador de vírus da sida para o Luxemburgo

Um estudo científico, publicado na revista "Retrovirology" a 20 de Maio e divulgado pelos jornais Público e i, revela que Portugal é o principal exportador do vírus da sida para o Luxemburgo.

O Luxemburgo surge no estudo como o país com maior incidência de infecções por via externa. Os investigadores sugerem que a taxa de incidência no país estará directamente relacionada com a grande percentagem da população de origem portuguesa radicada no pais.

O coordenador nacional da infecção HIV/Sida em Portugal, Henrique Barros, alertou para a mistura de "conceitos perigosos" nesse estudo. Em declarações à agência Lusa, o epidemiologista Henrique Barros afirmou que no estudo se misturam "conceitos perigosos de migração do vírus com o conceito tradicional de migração de pessoas". "Fazem-se algumas inferências na discussão que podem ser mal interpretadas porque dá a ideia de que os imigrantes é que são responsáveis pela transferência da infecção. Ao mesmo tempo diz-se que são países que têm muitos viajantes, muitos turistas, e pode haver aqui uma espécie de mistura que, obviamente, não é fácil de mostrar". Henrique Barros ressalvou que a infecção por HIV é muito prevalente em Portugal e é "aceitável que haja esses cruzamentos". "As pessoas movimentam-se e os vírus movem-se com as pessoas, mas todas estas técnicas laboratoriais e estatísticas são extremamente complexas e muito falíveis. Não se pode tirar daqui ilações de natureza de política de saúde", avisou.

Para o responsável, o próprio artigo tem algumas cautelas, afirmando que "não se pode inferir as vias migratórias através destas análises de filogenia". Para Henrique Barros isso "são técnicas extremamente complexas, de difícil análise e muito sujeitas a erros variados".

Henrique Barros manifestou-se ainda preocupado com o impacto que o estudo poderá ter. "Preocupa-me especialmente se começamos a imaginar que são os turistas, as pessoas que viajam ou os imigrantes que andam a propagar o vírus", quando é um problema de educação e de medidas de preparação adequadas, sustentou.

Entrevistado pelo Público, Ricardo Camacho, virologista da Universidade Nova de Lisboa e co-autor do estudo, dizia que "a transmissão de Portugal para o Luxemburgo é o que menos me surpreende, tendo em conta o tamanho da comunidade portuguesa no Luxemburgo".

"Já sabíamos há muito tempo que era assim", salienta. "Houve um ano desta década em que 86 % das pessoas diagnosticadas como seropositivas no Luxemburgo eram portugueses", disse Camacho ao Público.

Esse ano foi 2004. Jean-Claude Schmit, responsável pelo departamento de doenças infecto-contagiosas do Centro Hospitalar do Luxemburgo (CHL), declarava ao CONTACTO que os novos infectados portugueses no Grão-Ducado eram, na sua maioria, homens entre os 30 e os 40 anos, recém-chegados ao país. A maioria das transmissões do vírus verificadas nessa altura davam-se junto de toxicodependentes, mas também em relações heterosexuais.

Até à hora do fecho desta edição não foi possível contactar o responsável pelo departamento de doenças infecto-contagiosas do CHL para que este responsável comentasse o estudo. Desde 2004 e sempre que foram divulgadas novos dados de infectados no Luxemburgo, aquele responsável confiou ao CONTACTO que era necessário "não estigmatizar a comunidade portuguesa, já que a doença não afectava apenas os portugueses, mas também os autóctones e outras nacionalidades".

O estudo da "Retrovirology" partiu de uma análise filogenética molecular, que permite detectar a evolução do vírus conforme se vai mutando por transferência ou dentro do próprio organismo. Do projecto, patrocinado pela Comissão Europeia, resulta uma cartografia com os principais caminhos de propagação do subtipo B do HIV-1, o mais comum no espaço europeu, em 17 países da UE e Israel.

JLC/com agências , in Contacto, 27 de Maio de 2009

Sem comentários: