José Luís Correia na Redacção do CONTACTO, Janeiro de 2005 Foto: Á. Cruz |
sábado, 29 de janeiro de 2005
segunda-feira, 24 de janeiro de 2005
CCPL: Uma equipa renovada e com um novo fôlego
Foto: CCPL |
Os membros da direcção foram nomeados, aquando da primeira reunião do Conselho da CCPL, no passado dia 10 de Janeiro.
Nessa primeira reunião do Conselho estavam presentes a maioria dos conselheiros eleitos no Congresso. Estes começaram por se congratular pelo facto do congresso ter sido, acima de tudo, um "acto político", que provou aos políticos e representantes das autoridades portuguesas e luxemburguesas convidados, que o movimento associativo português no Luxemburgo, não está em degenerescência.
Foi unânime a constatação de que o Programa de Acção é ambicioso para os próximos dois anos, mas que o importante é a definição de linhas directrizes prioritárias.
Um dos objectivos principais, desta nova equipa, deverá ser a mobilização da Comunidade Portuguesa para a sua unidade e, simultaneamente, a sua melhor integração na sociedade luxemburguesa. Este último objectivo passa pela sensibilização e informação dos cidadãos portugueses quanto à importância da sua participação na vida cívica e política do país de acolhimento.
A persistência na continuação do trabalho iniciado com os jovens (segunda e terceira geração) e as mulheres foram outro dos objectivos delimitados para o mandato que agora começa.
A CCPL dispõe agora, tanto ao nível da direcção como do Conselho, de uma equipa renovada, com um número representativo de senhoras e jovens, que contam bem levar a bom porto a sua missão nestas matérias. Ao mesmo tempo que a CCPL deve lutar por ser a voz da Comunidade Portuguesa, junto das autoridades do Grão-Ducado, deve também multiplicar a colaboração com outras associações e comunidades em presença.
A questão de se encontrar uma sede própria é outro dos assuntos que preocupa alguns conselheiros. Lembre-se que as instalações onde funciona a CCPL actualmente, foram gentilmente cedidas pelo CLAE.
A direcção da CCPL ficou composta da seguinte forma: Presidente, Coimbra de Matos; Vice-Presidentes, Joaquina Carvalho e, por inerência, António Silva e Carlos Costa (respectivamente Presidentes da APIL e da Liga Portuguesa de Futebol no Luxemburgo); Relações Públicas, Acácio Pinheiro e Fausto Cardoso; Tesoureiros, Sérgio Cordeiro e Rogério de Oliveira; Grupo de Ensino, Joaquim Prazeres; Grupo de Acção Jovem, José Luís Correia e Manuela Lages; Patrícia Luz; Secretariado, Albina Nogueira, Augusta Camacho e Sandra Jacinto.
in CONTACTO, 24/01/2003
quarta-feira, 19 de janeiro de 2005
Manuel Dias inaugura exposição sobre Família Grã-Ducal
Manuel Dias guia o Cônsul de Portugal, Faria de Carvalho, e sua esposa pela exposição, na companhia dos redactores do CONTACTO, Paula Ferreira e José Luís Correia
in CONTACTO, 19/01/2001
segunda-feira, 17 de janeiro de 2005
"A 'diplomacia do croquete' não chega!", defende embaixador de Portugal no Luxemburgo, Paulo Couto Barbosa
"Quando solicitados, os diplomatas devem ser facilitadores de contactos e encontros para auxiliar as empresas que desejam implementar-se no estrangeiro ou procuram investidores no exterior" disse o Embaixador de Portugal, Paulo Couto Barbosa (à direita) em entrevista ao nosso redactor José Luís Correia Foto: Guy Jallay
Apresentar e incentivar os embaixadores portugueses, nomeadamente os que estão colocados na União Europeia e OCDE, a um novo modelo de Diplomacia, centrado na promoção da Economia nacional, foi o tema de um seminário que decorreu, no passado dia 6 de Janeiro, em Lisboa.
Foi o próprio primeiro-ministro Durão Barroso, que começou por se dirigir aos embaixadores presentes, expondo as razões desta nova definição e reorientação dos objectivos políticos da diplomacia portuguesa. Durão Barroso fez notar que é missão do Estado português, em geral e das embaixadas, em particular, promover a Economia Portuguesa no estrangeiro, por forma a atrair mais investimentos exteriores para o país.
Estiveram também presentes, neste seminário, o ministro da Economia, Carlos Tavares, o ministro dos Negócios Estrangeiros, António Martins da Cruz, o representante do Governo Português na Convenção sobre o Futuro da Europa, Hernâni Lopes, bem como o conhecido observador das questões internacionais e europeias, Francisco Sarsfield Cabral, além dos principais responsáveis de algumas das maiores empresas e grupos nacionais.
O embaixador de Portugal no Luxemburgo, Paulo Couto Barbosa, esteve presente neste seminário e falou com o CONTACTO sobre esta nova missão da diplomacia portuguesa.
Para Couto Barbosa, este seminário serviu, sobretudo, para estudar "em que medida a Diplomacia portuguesa pode ajudar a internacionalização das empresas nacionais e a afirmação destas no mundo".
A nível pessoal e profissional, Couto Barbosa considera muito importante estas novas directivas do Governo, já que permite aos diplomatas saberem precisamente qual a sua missão nos países onde estão, para além do que se costuma apelidar, caricaturalmente, de "diplomacia do croquete". (vulgo diplomacia representativa).
A diplomacia enquanto valor acrescentado "A diplomacia representativa é e continua a ser importante, mas não chega, nem deve ser um objectivo em si mesmo. Com estas orientações concretas do Governo, sabemos como devemos utilizar a diplomacia representativa para atingir certos fins, neste caso preciso, promover a economia portuguesa, geograficamente marginalizada e que está a lutar, em termos de competitividade, com um mercado muito grande", disse o embaixador, em jeito de explicação.
Couto Barbosa defende mesmo que "a diplomacia tem que ser um valor acrescentado ao que as empresas portuguesas já fazem no estrangeiro". Esta nova diplomacia económica, na qual o Governo português quer agora apostar para relançar a economia portuguesa era, para o embaixador do Luxemburgo, já corrente.
"Cerca de 90% das diligências que fiz, até hoje, no Luxembugo, foram de ordem económica. Tive vários encontros para falar com o Governo Luxemburguês sobre temas sensíveis para Portugal, como, por exemplo, a questão das Pescas, da Agricultura, das quotas do leite", recorda.
Segundo nos disse Couto Barbosa, esta nova directiva pede aos embaixadores que se tornem, quando solicitados, "não mediadores, mas antes consultores, facilitadores de contactos e encontros" para as empresas que desejam implementar-se no estrangeiro ou procuram investidores no exterior.
"Para auxiliarmos, da forma mais eficiente, os empresários que, por ventura, não conheçam um mercado, foi-nos pedido que tenhamos sempre, tanto quanto possível, um amplo conhecimento das condições e agentes económicos do país onde estamos colocados", revelou.
Para o embaixador e "tendo em conta as características da Economia Portuguesa, esse apoio deveria ser, sobretudo, direccionado às pequenas e médias empresas, que têm, em geral, menos meios e podem vir a precisar das estruturas do Estado Português, na conquista de novos mercados".
Rentabilização dos meios existentes
À semelhança do que tem sido feito noutras áreas da diplomacia, também esta nova directiva deverá contar com "uma maior rentabilização dos meios físicos e humanos já existentes", adianta Couto Barbosa, mais do que propriamente com novos meios. Neste sentido, as delegações do ICEP deverão ser, gradualmente, localizados no mesmo edifício das Embaixadas, isto para evitar "a sobreposição da representação externa do Estado português".
No caso preciso do Luxemburgo haverá apenas uma maior concertação de esforços nesta matéria, entre a Embaixada no Grão-Ducado e o ICEP, localizado em Bruxelas. Pelas dimensões geográficas do país e características do seu mercado, o Luxemburgo não é, actualmente, considerado uma prioridade, em termos de investimento directo estrangeiro, pelo Governo português.
Para Couto Barbosa, existe antes uma certa complementaridade entre os mercados português e luxemburguês e, a nível comercial, as duas Economias não têm uma grande competitividade. Mas, dado a presença de uma numerosa Comunidade Portuguesa no Grão-Ducado, "há uma grande potencialidade para se sair do carácter 'étnico' das relações comerciais entre os dois países", considera. "E a recente iniciativa para a criação de uma Câmara do Comércio e Indústria Luso-Luxemburguesa (CCILL) é bem a prova disso", recordou, elogiando os impulsionadores deste projecto. Segundo o Embaixador, esta Câmara "vai permitir que se reflicta melhor sobre como poderemos trabalhar em conjunto e o que devemos fazer nesta matéria".
Assumindo, desde já, as novas directivas de Lisboa, Couto Barbosa convidou, no dia 16 de Janeiro, – dia da constituição da nova Câmara do Comércio –, uma comitiva desse organismo, bem como representantes da Imprensa, para um jantar na Residência da Embaixada, em Belair, no sentido de estabelecer bases, para um trabalho conjunto no futuro.
José Luís Correia,
in CONTACTO, 17/01/2003
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sexta-feira, 7 de janeiro de 2005
O que é feito da nossa Miss Luxemburgo? Entrevista com Natália dos Santos
Foto: Manuel Dias |
CONTACTO: O que a levou a concorrer a Miss Luxemburgo?
Natália dos Santos: Houve alguém que me inscreveu, sem me dizer nada. Eu só fiquei a saber que estava inscrita quando a Organização me escreveu. Depois achei que era boa ideia, pois sempre tive curiosidade em conhecer os bastidores de coisas como estas.
CONTACTO: Pensou que concorrer a este concurso lhe abrisse as portas para outras coisas?
NdS.: Eu nem pensava ganhar. Quando uma pessoa pensa ganhar, faz logo projectos para o futuro e vê logo mais longe. Mas eu primeiro, só pensei em concorrer.
CONTACTO: Quando anunciaram o seu nome, como a grande vencedora, o que sentiu nesse momento?
NdS: Levei algum tempo a realizar o que me tinha acontecido. Nem queria acreditar. Só dois ou três dias depois, é que eu realizei que tinha ganho e apreciei a minha vitória. Eu até pensava que por ser portuguesa nunca teria hipóteses de ganhar, pois pensava que a organização e o júri queriam que a Miss Luxemburgo fosse, obrigatoriamente, luxemburguesa.
Foto: M. Dias |
NdS: A primeira parte do prémio era um automóvel, um Lancia Y10. O prémio não incluia nenhum montante em dinheiro. Recebi igualmente um milhão de francos em vales de compras e alguns vestidos, mas muitos deles tive que ser eu a comprá-los, vestidos que custavam quase sempre mais de cem mil francos. Também era eu quem pagava as sessões nos institutos de beleza e os produtos de tratamento, tudo isto, para poder continuar a representar condignamente o Luxemburgo nos concursos internacionais, para os quais era convidada.
CONTACTO.: Depois de ter sido nomeada Miss Luxemburgo, teve muitos convites para seguir uma carreira de manequim?
NdS: Ao ser eleita Miss Luxemburgo fiquei ligada por um contrato de exclusividade durante o periodo de um ano com o Casino 2000 de Mondorf, o organizador de então, como previsto na ficha de inscrição. Todos os convites que eu recebia tinham que ter o acordo da Direcção do Casino, que decidia onde eu ia e onde não devia ir, e o que podia fazer ou não. Depois de acabar o contrato, continuei a receber convites e, aí, já era eu que decidia se aceitava ou não.
CONTACTO: E porque não seguiu uma carreira de manequim internacional?
NdS: Poderia ter seguido, mas foi por opção própria. Na altura dei mais importância à minha vida privada e à família, do que seguir uma carreira. E não estou arrependida, porque assumo a opção que tomei. E não vale a pena pensar no que poderia ter sido, eu não costumo olhar para trás. Se não aconteceu é porque não era para acontecer.
CONTACTO: Representou o Luxemburgo em vários concursos internacionais de grande prestígio, onde obteve muito boas classificações...
NdS: Sim, depois de ser nomeada Miss Luxemburgo, fui logo convidada para partir para o México, onde participei na eleição de Miss Universo. Em 79 concorrentes fiquei em décimo primeiro lugar. Depois participei na Miss Europa, na Turquia, onde fiquei em sexto lugar. No Japão concorri a Miss Internacional, e classifiquei-me entre as quinze primeiras concorrentes. Em 1994, na Alemanha, participei no concurso de Miss Intercontinental, onde fui eleita 1° Dama de Honor, ficando em segundo lugar. Mas como depois foi notado um erro na pontuação e feita uma nova contagem dos pontos, fui finalmente nomeada Miss Intercontinental. Foi enquanto Miss Intercontinental que, nesse ano, fui convidada para participar na abertura oficial do Festival de Cannes. Em 1995, concorri ainda a Miss Globo.
CONTACTO: Depois de conquistar o título de Miss Luxemburgo, o que mudou na sua vida?
NdS: Uma experiência como aquelas marcam a vida de uma pessoa. Posso dizer que adquiri mais segurança e confiança em mim mesma. O facto de ter sido enviada para concursos a 10 mil km de distância, completamente sózinha, longe da família, e a própria competição obrigaram-me a ser mais forte e a ter mais auto- confiança. Além dos convites e das viagens, aqui, no Luxemburgo, as pessoas começaram a reconhecer-me na rua e a cumprimentarem-me, o que era bastante agradável. E ainda hoje, passados seis anos, quando passo de vez em quando na rua as pessoas olham e dizem "olha, ali vai a Miss Luxemburgo!". Apesar de eu já não ser Miss Luxemburgo, gosto que me reconheçam como a Miss de 93.
CONTACTO.: Qual é o conselho que dá a todas as jovens que hoje pensam concorrer a concursos de Miss ou seguir uma carreira de manequim ou modelo, já que se trata de uma profissão difícil, onde a concorrência é muito alta e por vezes é cruel para as manequins, que até nem podem contar com uma carreira muito longa?
NdS: É verdade, é uma profissão interessante mas difícil e é um meio às vezes cruel, mesmo entre raparigas. Neste meio, as coisas acontecem tão depressa, que não temos tempo de realizar o que se está a passar à nossa volta e no que nos estamos a envolver. Nem temos tempo de aproveitar o momento presente que estamos a viver. O meu conselho seria para que as jovens que querem seguir esta profissão aproveitem o momento presente e estejam conscientes do que estão a viver. Nesta profissão há muitos sonhos, criam-se depressa ilusões e esperanças, promessas feitas por vezes em vão, por isso é preciso guardar sempre os pés na terra. Neste meio muitas pessoas querem mudar-nos, e é importante ficarmos sempre nós mesmas. Não mudem, permaneçam vocês mesmas, seria o melhor conselho que eu poderia dar a essas jovens... O que mais me afectou foi o olhar das pessoas cá fora, que também muda.
Quando fui Miss Luxemburgo sofri muito do olhar das pessoas, com o que pensavam de mim. Antes de ser eleita Miss Luxemburgo e de me tornar conhecida, muitas pessoas não me ligavam, e de um momento para o outro passei a existir para essas pessoas, mas apenas enquanto Miss Luxemburgo. Eu sofri ao sentir que para certas pessoas só viam em mim a Miss Luxemburgo. Perdi muitas amigas nessa altura. Só gostavam de sair comigo para me apresentarem como Miss Luxemburgo, a Natália dos Santos já não contava, já não existia. E às vezes as pessoas são mesquimnhas e julgam-nos pelo aspecto exterior e não pelo que somos... Mas como em todas as experiências, há sempre um lado negativo e um lado positivo. As jovens que querem seguir a profissão de manequins têm que perceber que nesta profissão o mais difícil é continuar a ter uma vida privada normal. Na altura eu trabalhava em decoração e trabalhava no papel de Miss Luxemburgo para o Casino e para os luxemburgueses, mas também para associações portuguesas. E quase que não tinha tempo para a minha vida privada. Mas, apesar de tudo, foram bons tempos...
José Luís Correia
in jornal CONTACTO, 07/01/2000
A Miss Luxemburgo 1993 com a Miss Portugal 1993 Foto: M. Dias |
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segunda-feira, 3 de janeiro de 2005
O que é a Grande Região? E para que serve? - entrevista com Carlos Guedes
Carlos Guedes em entrevista com o nosso redactor José Luís Correia Foto: Tessy Hansen
Carlos Guedes é o Representante do Luxemburgo na "Maison de la Grande Region". O jovem, de 29 anos, formou-se em Ciências Políticas e Relações Internacionais, optou pela nacionalidade luxemburguesa, mas não esqueceu as suas raízes portuguesas (os seus pais são do Gerês).
Começou por trabalhar no Parlamento Europeu, depois no Ministério do Estado, onde foi Assistente da Conselheira Diplomática do Primeiro Ministro. E foi o próprio Jean-Claude Juncker que o nomeou, em 1999, para o posto que agora ocupa. Guedes diz que, para ele, esta nomeação foi um novo desafio que aceitou com prazer, além de lhe proporcionar trabalhar ao nível inter-regional, quando já o tinha feito a nível nacional e internacional.
É, aliás, na "Maison de la Grande Region" (14, rue Zithe, na capital), que está sob a tutela dos Ministérios do Interior e de Estado, que Carlos Guedes nos acolheu para falarmos deste conceito que é a Grande Região, do qual fazemos parte, geográfica e economicamente, mas que, muitos de nós, ainda conhece mal, tanto nos objectivos, como na sua influência na nossa vida de todos os dias.
A "Grande Região" (GR) é uma cooperação transfronteiriça, que existe há cerca de 22 anos, entre as regiões alemãs da Sarre e de Trier/Renânia-Palatinato Oeste, a Lorena (França), a Valónia, incluindo a Comunidade Germanófona da Bélgica, e o Grão-Ducado do Luxemburgo. Um acordo assinado em 1980 entre as Embaixadas de França e Luxemburgo em Bona (Alemanha) estabeleceu as regras dessa cooperação e as liberdades para as colectividades territoriais.
Fonte: "L'Entrepreneuriat dans la Grande Région" |
Segundo nos disse Guedes, historicamente, há mais de 1200 anos que existe um sentimento de pertença a uma região comum nestas latitudes, "mas o elemento que despoletou a cooperação transfronteiriça destes territórios foi a crise da siderurgia nos anos 70.
Em conjunto, começaram a pensar na melhor maneira de conversão da sua indústria comum. Enquanto que na Sarre e na Lorena os pólos fabris se converteram na indústria automóvel, o Luxemburgo optou por apostar no sector terciário .
"O interesse do Luxemburgo na GR é precisamente ter notado que se essa cooperação funcionou numa altura de crise, então há que continuar a desenvolvê-la para garantir o futuro", defende Guedes.
Guedes explica o conceito: "Os 100.000 trabalhadores que nos chegam, diariamente, do outro lado da fronteira, são fruto dessa colaboração: o Luxemburgo precisa dessa mão-de-obra, essas regiões fronteiriças vêem o seu desemprego baixar e, simultaneamente, aumenta o nível de vida de ambos os lados."
"Entre 1997 e 2002 foram criados 60.800 empregos no Luxemburgo, dos quais cerca de 63% foram ocupados por fronteiriços, 26,5% por residentes não-nacionais e 7,2% por luxemburgueses. Se não houvesse esses fronteiriços, onde iríamos encontrar a mão-de-obra necessária a esse crescimento?", pergunta.
Contrariando quem pensa que já são demasiados os trabalhadores fronteiriços no Luxemburgo, Guedes afirma mesmo que o "stock" de mão-de-obra da GR está a esgotar-se e a população a envelhecer.
"Uma das soluções", diz, é "a região, o Grão-Ducado incluído, ter que, num futuro próximo, 'importar' mão-de-obra extra-comunitária". Guedes revela mesmo que, no caso específico do Luxemburgo, se fala (ainda que muito oficiosamente) em favorecer a vinda de trabalhadores da Polónia. Porquê da Polónia? "Pessoalmente penso que por se tratar de um país católico e que isso poderá facilitar a integração dessa população na sociedade luxemburguesa", considera Guedes, acrescentando que isso seria, muito naturalmente, numa sequência da lógica do que o Governo luxemburguês já tinha feito com a imigração italiana e portuguesa.
A Grande Região foi, de certa maneira, precursora do que hoje se convencionou chamar "a Europa das Regiões". Regiões transfronteiriças europeias que cooperam entre si existem igualmente entre a Bélgica e a Holanda, entre a França, a Alemanha e a Itália.
"A GR não é a maior, mas é que vai mais longe a nível institucional", revela Guedes, adiantando até que a GR é vista em Bruxelas como podendo servir de modelo para outras cooperações inter-regionais na Europa", provando "que a UE se consolida não só a nível nacional, mas também ao nível das regiões", afirma o cidadão europeu convicto, Carlos Guedes.
E acrescenta: "Em conjunto, as entidades geográficas da GR, podem também ter mais peso na UE, nomeadamente junto do Comité das Regiões. E como o Luxemburgo é o único Estado soberano da GR, torna-se naturalmente o porta-voz junto de Bruxelas e mesmo a nível mundial".
Resumindo, Carlos Guedes enumerou, para nós, as vantagens de pertencer à GR: estabilidade e desenvolvimento económica, fluxo de mão-de-obra transfronteiriça, oportunidades comerciais, possibilidades turísticas, intercâmbios culturais (no caso da GR, aproveitando a sua situação geográfica na confluência das culturas latina e germânica), entre muitas outras.
"Queremos uma GR que pense 'panem et circens' para a sua população", remata Guedes. E aproveita para nos dar uma boa notícia: Em 2007, o Luxemburgo será, pela segunda vez, Capital Europeia da Cultura e, nesse ano, por iniciativa de Juncker, o título será alargado à Grande Região, estando, desde já, todas as Cidades dentro dessa área convidadas a participar no evento. Uma ideia, no mínimo, original de Juncker, mas que passa pela vontade assumida de promover uma imagem forte da GR.
"Uma região que se projecta culturalmente, também terá projecção económica", afiança Guedes, acrescentando que "o objectivo da GR também é promover-se como uma cooperação-modelo, e desenvolver políticas a todos os níveis, por forma a fortalecer as políticas locais, de modo a que estas se insiram numa política global. Enquanto GR queremos, acima de tudo, situarmo-nos no coração da Europa como uma região produtiva, economicamente viável, onde haja um bom nível de vida, bem estar social e intercâmbios culturais", concluiu Guedes.
o ano passado, os chefes do Executivo das entidades membros da GR concluiram que se devia encontrar uma nova denominação para esta, "um nome dinâmico, mas baseando-se nas características geográficas das entidades parceiras". No dia 1 do corrente, os representantes da GR escolheram entre 32 propostas e o nome definitivo deverá ser revelado durante a 7a Cimeira da Grande Região, em Junho de 2003. Para mais informações, consulte o site internet da Grande Região (em www.grande-region.net).
José Luís Correia,
in CONTACTO, 03/01/2003
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