sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

"A 'diplomacia do croquete' não chega!", defende embaixador de Portugal no Luxemburgo, Paulo Couto Barbosa



"Quando solicitados, os diplomatas devem ser facilitadores de contactos e encontros para auxiliar as empresas que desejam implementar-se no estrangeiro ou procuram investidores no exterior" disse o Embaixador de Portugal, Paulo Couto Barbosa (à direita) em entrevista ao nosso redactor José Luís Correia Foto: Guy Jallay 

Apresentar e incentivar os embaixadores portugueses, nomeadamente os que estão colocados na União Europeia e OCDE, a um novo modelo de Diplomacia, centrado na promoção da Economia nacional, foi o tema de um seminário que decorreu, no passado dia 6 de Janeiro, em Lisboa.

Foi o próprio primeiro-ministro Durão Barroso, que começou por se dirigir aos embaixadores presentes, expondo as razões desta nova definição e reorientação dos objectivos políticos da diplomacia portuguesa. Durão Barroso fez notar que é missão do Estado português, em geral e das embaixadas, em particular, promover a Economia Portuguesa no estrangeiro, por forma a atrair mais investimentos exteriores para o país.

Estiveram também presentes, neste seminário, o ministro da Economia, Carlos Tavares, o ministro dos Negócios Estrangeiros, António Martins da Cruz, o representante do Governo Português na Convenção sobre o Futuro da Europa, Hernâni Lopes, bem como o conhecido observador das questões internacionais e europeias, Francisco Sarsfield Cabral, além dos principais responsáveis de algumas das maiores empresas e grupos nacionais.

O embaixador de Portugal no Luxemburgo, Paulo Couto Barbosa, esteve presente neste seminário e falou com o CONTACTO sobre esta nova missão da diplomacia portuguesa.

Para Couto Barbosa, este seminário serviu, sobretudo, para estudar "em que medida a Diplomacia portuguesa pode ajudar a internacionalização das empresas nacionais e a afirmação destas no mundo".

A nível pessoal e profissional, Couto Barbosa considera muito importante estas novas directivas do Governo, já que permite aos diplomatas saberem precisamente qual a sua missão nos países onde estão, para além do que se costuma apelidar, caricaturalmente, de "diplomacia do croquete". (vulgo diplomacia representativa).

A diplomacia enquanto valor acrescentado "A diplomacia representativa é e continua a ser importante, mas não chega, nem deve ser um objectivo em si mesmo. Com estas orientações concretas do Governo, sabemos como devemos utilizar a diplomacia representativa para atingir certos fins, neste caso preciso, promover a economia portuguesa, geograficamente marginalizada e que está a lutar, em termos de competitividade, com um mercado muito grande", disse o embaixador, em jeito de explicação.

Couto Barbosa defende mesmo que "a diplomacia tem que ser um valor acrescentado ao que as empresas portuguesas já fazem no estrangeiro". Esta nova diplomacia económica, na qual o Governo português quer agora apostar para relançar a economia portuguesa era, para o embaixador do Luxemburgo, já corrente.

"Cerca de 90% das diligências que fiz, até hoje, no Luxembugo, foram de ordem económica. Tive vários encontros para falar com o Governo Luxemburguês sobre temas sensíveis para Portugal, como, por exemplo, a questão das Pescas, da Agricultura, das quotas do leite", recorda.

Segundo nos disse Couto Barbosa, esta nova directiva pede aos embaixadores que se tornem, quando solicitados, "não mediadores, mas antes consultores, facilitadores de contactos e encontros" para as empresas que desejam implementar-se no estrangeiro ou procuram investidores no exterior.

"Para auxiliarmos, da forma mais eficiente, os empresários que, por ventura, não conheçam um mercado, foi-nos pedido que tenhamos sempre, tanto quanto possível, um amplo conhecimento das condições e agentes económicos do país onde estamos colocados", revelou.

Para o embaixador e "tendo em conta as características da Economia Portuguesa, esse apoio deveria ser, sobretudo, direccionado às pequenas e médias empresas, que têm, em geral, menos meios e podem vir a precisar das estruturas do Estado Português, na conquista de novos mercados".

Rentabilização dos meios existentes 

À semelhança do que tem sido feito noutras áreas da diplomacia, também esta nova directiva deverá contar com "uma maior rentabilização dos meios físicos e humanos já existentes", adianta Couto Barbosa, mais do que propriamente com novos meios. Neste sentido, as delegações do ICEP deverão ser, gradualmente, localizados no mesmo edifício das Embaixadas, isto para evitar "a sobreposição da representação externa do Estado português".

No caso preciso do Luxemburgo haverá apenas uma maior concertação de esforços nesta matéria, entre a Embaixada no Grão-Ducado e o ICEP, localizado em Bruxelas. Pelas dimensões geográficas do país e características do seu mercado, o Luxemburgo não é, actualmente, considerado uma prioridade, em termos de investimento directo estrangeiro, pelo Governo português.

Para Couto Barbosa, existe antes uma certa complementaridade entre os mercados português e luxemburguês e, a nível comercial, as duas Economias não têm uma grande competitividade. Mas, dado a presença de uma numerosa Comunidade Portuguesa no Grão-Ducado, "há uma grande potencialidade para se sair do carácter 'étnico' das relações comerciais entre os dois países", considera. "E a recente iniciativa para a criação de uma Câmara do Comércio e Indústria Luso-Luxemburguesa (CCILL) é bem a prova disso", recordou, elogiando os impulsionadores deste projecto. Segundo o Embaixador, esta Câmara "vai permitir que se reflicta melhor sobre como poderemos trabalhar em conjunto e o que devemos fazer nesta matéria".

Assumindo, desde já, as novas directivas de Lisboa, Couto Barbosa convidou, no dia 16 de Janeiro, – dia da constituição da nova Câmara do Comércio –, uma comitiva desse organismo, bem como representantes da Imprensa, para um jantar na Residência da Embaixada, em Belair, no sentido de estabelecer bases, para um trabalho conjunto no futuro.

José Luís Correia,
in CONTACTO, 17/01/2003

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