Hoje fiquei surpreendido, para não dizer chocado, quando consultei um médico (pelo sotaque era alemão!), por me sentir ligeiramente engripado, e este me perguntar se eu tinha estado "em contacto com alguém que tivesse a 'gripe mexicana'".
- "Quer dizer a gripe A?", retorqui eu. "Sabe que Os Estados Unidos já têm mais casos do que o México e que até o Reino Unido e o Canadá têm quase tantos casos como o México", insisti em precisar.
- "Sim, sim, hum, hum...!", remoeu. E encadeou logo perguntando "que profissão é que 'faz'?" (dixit)
- "Sou jornalista!"
- "Ah!, hum... isso faz com que esteja em contacto com muita gente, não é? Tem tido tosse, febre, dores de estômago, viajou para algum país infectado?"
- "Nem por isso, depende dos dias..., não! ...não!,... apenas dores no corpo, um mal-estar físico e perda do apetite desde ontem!, ...se viajei?....O Norte do Luxemburgo conta?"
- "Desculpe, eu estou apenas a fazer-lhe as perguntas obrigatórias que temos que fazer a todos os pacientes que aqui chegam com sintomas gripais!..."
- "Desculpe, e eu estou apenas a responder à sua pergunta. Só que actualmente, todos os países já contam tantos infectados que eu fiquei sem perceber a sua pergunta ...."
- "Pronto, pronto, estou a ver que é mesmo só um princípio de gripe. Vou receitar-lhe quatro Aspégic por dia, durante cinco dias, um spray Strepsils a tomar oito vezes por dia, se lhe vier tosse, e um spray para o nariz Ratiopharm, a usar três vezes por dia, se a gripe piorar e..."
- "Não vai ver se tenho febre?..."
- "Você não tem febre! está a suar porque está calor e tem esse pólo grosso vestido..."
- "Heu...", e enquanto me certifiquei que lá fora estava a chuviscar, como sempre no Luxemburgo, ele rematou a conversa.
- "São 35, 10 euros! Paga com cartão ou em numerário?"
E depois praticamente me empurrou dali para fora, sem me indicar a farmácia de serviço.
Surreal!
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2 comentários:
Tou a ver que a medicina no Luxemburgo esta tão boa como em Portugal.
O que me chocou já nem foi a manifesta falta de profissionalismo do gajito. Foi o etnocentrismo sobranceiro e discriminatório com que alguns médicos andam a tratar esta pandemia. O mal, para estes gajos, vem sempre dos outros: de África (sida), da Ásia (gripe das aves) ou da América Latina (gripe A).
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