sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quarta-feira, 29 de março de 2006

Prevenção contra a Sida: "É difícil sensibilizar os portugueses"

 Robert Hemmer, médico e presidente do Comité de Vigilância da Sida e chefe do Departamento de Doenças Infecto-Contagiosas do Centro Hospitalar do Luxemburgo Foto: Marc Wilwert
Dos 63 novos casos de sida registados no ano passado, cerca de dezena e meia são portugueses. A comunidade lusa é aliás uma das "populações-alvo" do Plano de Luta Contra a Sida.

O Dr. Robert Hemmer, presidente do Comité de Vigilância da Sida e chefe do Departamento de Doenças Infecto-Contagiosas do Centro Hospitalar do Luxemburgo, vem mais uma vez confirmar que é difícil sensibilizar a comunidade portuguesa para o problema da sida, numa altura em que o flagelo volta a bater recordes de novos infectados no Grão-Ducado (ver artigo principal). Hemmer lamenta que a gravidade do problema "não esteja a ser entendida pela comunidade portuguesa", considerando-a uma das "populações-alvo" do Plano Nacional de Luta contra a Sida.

Sobre o que o plano prevê exactamente no que diz respeito à comunidade portuguesa, Hemmer explica que os pormenores só serão conhecidos depois do projecto aprovado pelo Conselho de Governo, adiantando, ainda assim que, "como é difícil sensibilizar os portugueses, queremos actuar no terreno onde a comunidade estiver, seja em manifestações culturais ou noutros locais". Insistindo na ideia de não estigmatizar a comunidade portuguesa, o médico revela-nos com alguma relutância que o número de portugueses infectados foi de cerca de 15 em 2005, acrescentando logo em seguida que "existe mais ou menos o mesmo número de luxemburgueses infectados". Instado a pronunciar-se sobre a ideia generalizada na comunidade portuguesa de que a maioria dos novos infectados portugueses são recém-chegados de Portugal, Hemmer desmente categoricamente, explicando que nos casos que foram detectados pelo seu serviço "eram tanto portugueses de cá como recém-chegados ao Grão-Ducado".

Uma das mensagens que Hemmer insiste em fazer passar é que a sida diz respeito a pessoas de todas as idades, sexo e origens, ninguém estando ao abrigo da doença se mantiver atitudes de risco com os seus parceiros sexuais ou na partilha de seringas contaminadas. E volta a recomendar o uso do preservativo como forma mais eficaz de protecção durante as relações sexuais (ocasionais ou frequentes) em que não se conhece o parceiro sexual.

José Luís Correia 
in CONTACTO, 29/03/2006

quinta-feira, 23 de março de 2006

Debate "cidadania vs nacionalidade" Ser cidadão de razão ou coração?



Para o filósoofo Hubert Hausemer, ser cidadão significa votar de forma interessada Foto: Tessy Hansen
Cidania e nacionalidade são uma e a mesma coisa? Os dois conceitos comportam em si os mesmos direitos e deveres?

É em torno destas questões que a associação de cidadania "La vie nouvelle", que se define como "pluralista, laica e independente" (composta por 17 membros de sete nacionalidades diferentes), lança o debate em antecipação da lei da dupla-nacionalidade que deverá ser votada ainda este ano na Câmara dos Deputados. Em cena estão personagens-tipo que vão deixando pistas de reflexão no ar sobre a temática.

"A nacionalidade é uma questão de coração e o coração não se pode dividir em dois", diz a personagem que interpreta uma portuguesa. A personagem francesa reivindica querer votar no Luxemburgo e em França.

O luxemburguês-tipo (típico) responde-lhe que se assim tivesse sido permitido durante o referendo sobre a Constituição Europeia o voto dela teria sido expresso com um "sim" no Luxemburgo e um "não" em França.

"O que é, no mínimo, um caso de esquizofrenia", denuncia. O público ri e a mensagem passa. Os resultados de um questionário a 120 visitantes do Festival das Migrações mostra que 47% dos inquiridos considera que para se ser cidadão basta residir há um certo tempo no Grão-Ducado. Mas são 15% a opinar que para se ser cidadão é preciso ter a nacionalidade.

A diferença entre as duas opiniões é grande e revela que cada um de nós tem uma noção diferente dos dois conceitos. Para alguns ser cidadão é aceder a direitos e deveres cívicos mas não aos que possuem os nacionais. Por exemplo, segundo a actual legislação em vigor no Luxemburgo, o cidadão residente não-luxemburguês tem direito de voto nas eleições municipais depois de cinco anos a residir no país, mas não pode votar nas legislativas. É uma questão de vontade política.

Para o filósofo Hubert Hausemer o problema põe-se exactamente nesses termos: pode considerar-se nacionalidade e cidadania conceitos iguais ou diferentes, dependendo do ponto de vista que se quer tomar. Pode-se, por exemplo, ter nacionalidade portuguesa, mas ser cidadão do Luxemburgo, como aliás, já acontece. Mas para Hausemer a cidadania não é apenas um direito de voto, mas uma "democracia participativa", ou seja, "o mais importante é participar de maneira interessada" e tomar "decisões responsáveis".

Do público, o sindicalista Eduardo Dias intervem para se exprimir pela dupla-nacionalidade e contra o direito de voto duplo. Dias considera necessário provar ligações concretas com o país de adopção para se aceder à nacionalidade, argumentando que esta deveria ser um direito para os filhos de estrangeiros que nasceram em solo luxemburguês quando atingem a sua maioridade.

José Luís Correia e Liliana Miranda 
in CONTACTO, 22/03/2006

quarta-feira, 22 de março de 2006

Ministra da Educação reafirma: "É importante conhecer as quatro línguas escolares"


A ministra da Educação admite que a escola luxemburguesa é muito selectiva e quer mudar o estado das coisas Foto: Guy Jallay
A reforma há muito esperada e mesmo reclamada no Ensino vai mesmo acontecer? Pelo menos é o que parece, a avaliar pelas novidades que a ministra da Educação quer introduzir. Dividir o sistema de ensino luxemburguês em ciclos, introduzir um bac (exame de fim de estudos francês) internacional nas escolas públicas, avançar com um novo sistema de avaliação dos alunos e de auto-avaliação das escolas e nomear directores para os estabelecimentos de ensino primário foram as novidades apresentadas este domingo pela ministra da Educação, Mady Delvaux-Stehres, no debate sobre o plurilinguismo proposto pelo Comité de Ligação e Acção de Estrangeiros (CLAE) no Festival das Migrações.

As exigências línguísticas da escola luxemburguesa fazem com que esta seja "efectivamente muito selectiva", admitiu a ministra. "O sistema de avaliação tem que ser mudado," considerou. Delvaux-Stehres adiantou que pensa introduzir brevemente um novo sistema de avaliação dividido em três partes: escrita, oral e compreensão. A ministra pretende também que o Ensino Precoce deixe de ter apenas função de "infantário" e passe a incluir uma componente mais estimulante para as crianças, como, por exemplo, um "despertar para as línguas".

Segundo a titular da pasta da Educação, "o mais importante é os alunos conhecerem as quatro línguas escolares do país: alemão, francês, inglês e luxemburguês. Já o grau de conhecimento de cada língua pode variar consoante a orientação profissional que o aluno pretender seguir". A ministra relembrou que os alunos luxemburgueses também enfrentam dificuldades com o francês. A introdução de ciclos no ensino levaria à seguinte divisão no sistema escolar: Pré-Escolar, um ciclo; Primária, três ciclos de dois anos cada; Secundário, dois ciclos ("7éme"/"8éme" e "9éme"/"10éme").

A ministra diz que desta forma se pode avaliar o aluno por ciclos e não por ano lectivo, podendo cada criança completar o ciclo de acordo com o seu ritmo. Segundo a responsável pela pasta da Educação, estes esforços de mudança visam combater "o drama dos alunos que saem sem formação profissional e sem diploma da escola".

AS PROPOSTAS DO CLAE 

Para o presidente do CLAE, o catalão Antoni Monserrat, apesar de 39,4% do tempo escolar ser dedicado ao estudo das línguas no Primário e 34,4% no Secundário – média muito superior à europeia –, milhares de alunos continuam a matricular-se em escolas belgas e francesas por o seu nível de alemão não corresponder às exigências da escola luxemburguesa, caso decidam seguir determinadas áreas do ensino clássico. Exemplo: as enfermeiras.

Depois de formadas, são cerca de mil a regressarem anualmente ao Luxemburgo, encontrando aqui emprego apesar de não falarem luxemburguês nem alemão. Maria-Luisa Caldognetto, da Comissão Escolar do CLAE, lembrou à ministra e ao público as propostas daquele Comité para o Ensino: é preciso deixar de falar em trilinguismo e preferir o termo pluringuismo, considerando as línguas da imigração uma mais-valia para o país e não um problema; a escola deve ser acessível a todos; aprendizagem da língua materna no Secundário; escolarização precoce e pré-escolar em luxemburguês; reformar os métodos de alfabetização em alemão, adaptando-os a todos, ou alfabetização em luxemburguês; estabelecer níveis de conhecimento; e formação de professores adaptada a estes objectivos, entre outros.

Para que todos os alunos sejam tratados de forma igual no ensino luxemburguês, Monserrat lembrou ainda que o CLAE reivindica uma "via escolar única" e não duas vias, como existem actualmente (clássico e técnico).

José Luís Correia e Liliana Miranda 
in CONTACTO, 22/03/2006

quarta-feira, 15 de março de 2006

No Palácio Grão-Ducal

A entrega do cheque fez-se na presença de colaboradores da obra e de representantes da Fundação Foto: Corte Grã-Ducal
Com as vendas do seu livro "A Família Grã-Ducal" Manuel Dias entrega cheque para ajudar pessoas necessitadas O fotógrafo e correspondente do CONTACTO, Manuel Dias, autor da obra "A Família Grã-Ducal" (editada em português, francês e alemão), entregou um cheque de 5.800 euros, benefício das vendas do livro, à "Fondation du Grand-Duc Henri et de la Grande-Duchesse Maria Teresa".

Por ocasião de uma recepção que se realizou recentemente no palácio grão-ducal, Jean-Jacques Kasel, marechal da Corte e presidente da Fundação, Paul Meyers, vice-presidente, e Aline Schleder-Leuck, membro do conselho de administração, agradeceram em nome da fundação ao fotógrafo português. Os lucros das vendas deste livro editado em 2004 e que vendeu já mais de milhar e meio de exemplares, revertem a favor desta fundação, cujo objectivo é ajudar as pessoas mais necessitadas da nossa sociedade.

"A Família Grã-ducal" reúne cerca de 400 retratos da autoria do emigrante minhoto, encomendados e aprovados pelo Grão-Duque Henri e a Grã-Duquesa Maria Teresa, que revelam aspectos inéditos da intimidade da família real. Colaboraram ainda nesta obra José Luís Correia (aka Alexandre Weytjens, para a tradução), Robert Theisen (redacção), Lucien Hilger (organização) e Manuel Schortgen (edição).

in CONTACTO
15/03/2006