A ministra da Educação admite que a escola luxemburguesa é muito selectiva e quer mudar o estado das coisas Foto: Guy Jallay |
As exigências línguísticas da escola luxemburguesa fazem com que esta seja "efectivamente muito selectiva", admitiu a ministra. "O sistema de avaliação tem que ser mudado," considerou. Delvaux-Stehres adiantou que pensa introduzir brevemente um novo sistema de avaliação dividido em três partes: escrita, oral e compreensão. A ministra pretende também que o Ensino Precoce deixe de ter apenas função de "infantário" e passe a incluir uma componente mais estimulante para as crianças, como, por exemplo, um "despertar para as línguas".
Segundo a titular da pasta da Educação, "o mais importante é os alunos conhecerem as quatro línguas escolares do país: alemão, francês, inglês e luxemburguês. Já o grau de conhecimento de cada língua pode variar consoante a orientação profissional que o aluno pretender seguir". A ministra relembrou que os alunos luxemburgueses também enfrentam dificuldades com o francês. A introdução de ciclos no ensino levaria à seguinte divisão no sistema escolar: Pré-Escolar, um ciclo; Primária, três ciclos de dois anos cada; Secundário, dois ciclos ("7éme"/"8éme" e "9éme"/"10éme").
A ministra diz que desta forma se pode avaliar o aluno por ciclos e não por ano lectivo, podendo cada criança completar o ciclo de acordo com o seu ritmo. Segundo a responsável pela pasta da Educação, estes esforços de mudança visam combater "o drama dos alunos que saem sem formação profissional e sem diploma da escola".
AS PROPOSTAS DO CLAE
Para o presidente do CLAE, o catalão Antoni Monserrat, apesar de 39,4% do tempo escolar ser dedicado ao estudo das línguas no Primário e 34,4% no Secundário – média muito superior à europeia –, milhares de alunos continuam a matricular-se em escolas belgas e francesas por o seu nível de alemão não corresponder às exigências da escola luxemburguesa, caso decidam seguir determinadas áreas do ensino clássico. Exemplo: as enfermeiras.
Depois de formadas, são cerca de mil a regressarem anualmente ao Luxemburgo, encontrando aqui emprego apesar de não falarem luxemburguês nem alemão. Maria-Luisa Caldognetto, da Comissão Escolar do CLAE, lembrou à ministra e ao público as propostas daquele Comité para o Ensino: é preciso deixar de falar em trilinguismo e preferir o termo pluringuismo, considerando as línguas da imigração uma mais-valia para o país e não um problema; a escola deve ser acessível a todos; aprendizagem da língua materna no Secundário; escolarização precoce e pré-escolar em luxemburguês; reformar os métodos de alfabetização em alemão, adaptando-os a todos, ou alfabetização em luxemburguês; estabelecer níveis de conhecimento; e formação de professores adaptada a estes objectivos, entre outros.
Para que todos os alunos sejam tratados de forma igual no ensino luxemburguês, Monserrat lembrou ainda que o CLAE reivindica uma "via escolar única" e não duas vias, como existem actualmente (clássico e técnico).
José Luís Correia e Liliana Miranda
in CONTACTO, 22/03/2006
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