Quinze anos após o início da guerra contra o terrorismo, este não só não foi erradicado como alastrou.
O eixo do mal traçou na segunda-feira uma linha entre Alepo, Ancara, Berlim e com Zurique formou um triângulo de morte. Quinze anos após o início da guerra contra o terrorismo, este não só não foi erradicado como alastrou.
No final da tarde desse dia, o embaixador russo na Turquia foi morto por um terrorista durante uma exposição em Ancara. Antes de ser abatido pela polícia, o homem gritou “Allahu Akbar” (Deus é Grande, em árabe), “Alepo”, “vingança” e entoou o cântico do Estado Islâmico: “Nós somos os que juraram fidelidade a Maomé pela jihad até à nossa última hora”.
Horas depois, um camião abalroava mais de meia centena de pessoas no mercado de Natal em Berlim, fazendo 12 mortos e 48 feridos. Até à hora do fecho desta edição o ataque não tinha sido reivindicado mas o modo operatório – semelhante ao atentado de Nice, em julho, que fez 86 mortos e 434 feridos – levou as autoridades alemãs a afirmar tratar-se de um acto terrorista.
Este é o nono atentado de carácter islâmico radical em quinze meses na Alemanha, sem contar os que foram desmontados a tempo pelas autoridades.
Ainda na segunda-feira, um tiroteio junto a uma mesquita em Zurique fez um morto e três feridos.
Três ocorrências que surgem um dia após o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado o envio de observadores internacionais para acompanhar a evacuação de milhares de civis da zona leste de Alepo, no norte da Síria. Um voto decidido por unanimidade – EUA, UE e Rússia incluídos –, num acordo histórico na guerra civil síria, na qual americanos e europeus têm apoiado uma facção, a das forças anti-regime, e Moscovo a outra, a de Bashar al-Assad. Um compromisso frágil e que estes três ataques podem fazer perigar.
O ’eixo do mal’ – expressão inventada há 15 anos por George W. Bush, nas cinzas ainda fumegantes do 11 de Setembro, para designar países como o Irão e o Iraque – tem vindo a deslocar-se, chegou à Síria, com tentáculos que nos atingem na Europa.
Quinze anos depois do início da guerra contra o terrorismo, que trazia uma injeção de democracia para vacinar os bárbaros, o resultado não foi mais liberdade nem mais paz. O efeito secundário é uma erupção cutânea desastrosa – alastramento do terrorismo como um vírus –, o que demonstra que diagnóstico e tratamento estavam errados. O mundo não está melhor.
E pior, como não aprende com os erros, os suspeitos do costume intervieram também na Síria, levando a uma guerra civil que dura há cinco anos.
Numa semana em que devíamos estar a celebrar o espírito do Natal e a “Paz na Terra aos homens de boa vontade” (Lucas 2,10-14), é a boa época para nos questionarmos a que tipo de espécie pertencemos e que futuro tem.
José Luís Correia
21/12/2016 in CONTACTO
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
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