sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Entrevista com o astrofísico Nuno Cardoso Santos



A estrela mu Arae e os planetas que orbitam à sua volta podem vir a ser rebaptizados com nomes portugueses numa votação online que termina às 23h59 de 31 de Outubro. O Jornal CONTACTO falou com Nuno Cardoso Santos, astrofísico português que ajudou a descobrir dois desses exoplanetas. 

Pode ler a reportagem completa, clicando aqui 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

"Regresso ao Futuro 2": Marty McFly chega hoje a 2015

Foto: Universal Pictures / Amblin Entertainment
Hoje, dia 21 de Outubro, é o dia em que Marty McFly viaja até ao ano de 2015, segundo o famoso filme "Regresso ao Futuro 2". Os fãs do filme a nível mundial andam a antecipar esta data há meses nas redes sociais e na internet. Hoje, há mesmo eventos organizados nos quatros cantos do mundo para celebrar este dia e a chegada de Marty ao futuro. O Luxemburgo não escapa a esta "pseudo-efeméride".

O filme de 1989 realizado por Robert Zemeckis é a sequela do grande sucesso de bilheteira do mesmo nome de 1985.

No primeiro filme, Marty viaja até 1955 para visitar os pais a bordo de um DeLorean transformado em máquina do tempo pelo cientiosta Emmett Brown. Marty acaba por perturbar o encontro da mãe com o pai, e põe em risco a sua própria existência, num paradoxo temporal que é o pano de fundo do filme. Pelo caminho, inventa o skate, o rock'n'roll, inspira "Rock Around the Clock" a Bill Halley, e vive uma série de outras peripécias.


No segundo episódio, Michael J. Fox (Marty McFly) e Christophe Lloyd (Doc Emmet Brown) viajam de 1985 até 2015 no mesmo DeLorean, que foi agora transformado em carro voador, cujo combustível é lixo reciclado.

Os dois chegam ao "futuro" precisamente hoje, quarta-feira, 21 de Outubro de 2015, às 16h29, hora da costa oeste dos Estados Unidos, já que o local onde aterram, Hill Valley situa-se, segundo o filme, na Califórnia. Na realidade é uma cidade fictícia.

Ou seja, Marty McFly deverá chegar a 2015 quando forem 1h30 da manhã desta quinta-feira no Luxemburgo.

O skate voador, a Pepsi Perfect e os atacadores automáticos 

No segundo opus de Zemeckis, em 2015 Marty McFly anda de skate voador, passa em frente a um cinema onde estão a exibir o filme "Tubarão 19", utiliza um casaco que se auto-seca depois da chuva, calça ténis Nike com atacadores automáticos, bebe Pepsi Perfect, come pizza de um micro-ondas futurista e vê toda uma série de inovações que não existem em 1985.

Se Steven Spielberg não tenciona relançar a saga "Tubarão" ("Skark", 1975), os fãs de "Regresso ao Futuro" têm nos últimos anos instado algumas marcas, como a Nike e a Pepsi, a transpôr para a realidade as ideias futuristas de Zemeckis.

Foto: Pepsi
A Pepsi aderiu ao movimento e lançou esta semana uma edição limitada da Pepsi Perfect, com uma garrafa que imita o design daquela que aparecia no filme de 1989. A comercialização da bebida está apenas garantida nos EUA.
  
A Nike fabricou em 2012 um modelo de ténis igual ao do filme. O modelo tem as mesmas cores e luzinhas que o par que Marty McFly calça, era para ser utilizado apenas numa campanha de publicidade, mas acabou por ser comercializado em edição limitada... sem os atacadores automáticos. No início de 2015, a Nike prometeu aos clientes lançar ainda este ano o modelo com atacadores automáticos. Aguardemos...


Foto: Nike

Quanto a uma das invenções mais fantásticas do filme, o skate voador, a realidade é que em 2011, uma equipa de investigadores franceses da Universidade Paris-Diderot apresentou um "hoverboard" chamado "Magsurf". O "skate" contém elementos supra-conductores, arrefecidos com azoto, que lhe permitem levitar a alguns centímetros do solo, mas apenas sobre uma plataforma com imans e numa distância de cinco metros. Este ano, em Junho, a empresa japonesa Lexus publicou um vídeo onde demonstrava ter construído um engenho semelhante, com base na mesma tecnologia.

Ainda não é bem o skate que se vê no filme "Regresso ao futuro 2", mas é o primeiro passo para construir um "brinquedo" que pode um dia tornar-se um meio de transporte tão real e prático como o Segway.

Foto: Lexus


O filme mostra toda uma série de outras previsões e inovações tecnológicas que ainda não existem, mas seriam bem práticas nos dias de hoje. Pode revisionar o filme, recordar bons momentos e ver tudo o que filme acertou ou falhou para 2015.

Luxemburgo também festeja chegada de Marty McFly ao futuro 

Hoje, são vários os cafés no Luxemburgo que organizam uma festa especial dedicada à chegada de Marty McFly ao "futuro".

Em Hollerich, o "Decibel Bar" anuncia que vai ter uma máquina do tempo à disposição dos clientes. A noite será animada por DJ Andrew Martin. O Rocas Bar, na rue des Capucins, na capital, também festeja a efeméride com uma noite onde só vão passar músicas do filme e dos anos 1980. Os bares Marx, White House, Hitch e Epic também organizam hoje noites especiais "Regresso ao Futuro 2".

Por seu lado, o cinema Utopolis propõe esta noite, a partir das 19h, uma maratona "Regresso ao Futuro", durante a qual os três filmes da saga vão ser exibidos.

José Luís Correia
in www.contacto.lu, 21/10/2015

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Editorial no Jornal CONTACTO: "Os Portugueses não são masoquistas"

EDITORIAL POR JOSÉ LUÍS CORREIA - Os portugueses decidiram que depois de quatro anos de austeridade, PàF! A coligação PàF-Portugal à Frente venceu as legislativas, reconduzindo PSD e CDS no poder até 2019.

Muitos analistas políticos não entendem este voto. Muitos internautas vestiram os seus perfis de luto nas redes sociais quando foram divulgadas as primeiras projecções no domingo. Para muitos é a incompreensão, a surpresa, a desilusão. Como é que depois de tantas manifestações contra a austeridade, contra este executivo, criticado por cortar cegamente a torto e a direito nos ordenados, nas pensões, nos direitos e subsídios sociais, por empurrar meio milhão de portugueses para a emigração – uma sangria desde 2011 –, acusado de ser ’o pior Governo de sempre’, os portugueses voltam a escolher mais do mesmo?


Portugal passa a ser o único país da UE onde o Governo que pôs em prática a austeridade consegue o “tour de force” de ser reeleito, é o que se podia ler na imprensa europeia, na segunda-feira. Serão os portugueses masoquistas?, pergunta a Europa inteira.

Para mim, não foi surpresa. Também não vejo o voto dos portugueses como masoquismo, mas como uma escolha reflectida, a opção pela solução menos pior. Não disse que concordo, disse que é assim que entendo este resultado.

Para mim o pior mesmo é o desfasamento entre a opinião pública e o resultado das urnas. A opinião pública é o que achamos que a maior parte da sociedade pensa, opinião formada a partir do que se diz, ouve e lê na imprensa, nas redes sociais, dos comentários de jornalistas, politólogos e até de entrevistas de rua com anónimos, opinião essa que é veiculada por nós, os media. Mas os diferentes ângulos sob o qual essas mensagens são devolvidas ao público acabam também por influenciar essa mesma opinião. E o que foi que se viu e ouviu nos últimos quatro anos? Os protestos anti-Governo e anti-austeridade serem presença constante na imprensa e nos telejornais. Os media mostravam um país cansado, farto, exangue e exasperado contra Passos Coelho.


Por definição, notícia é o que acontece, e não o que não acontece, passe a expressão. Faltou, quiçá, olhar para o ângulo morto do país real. Muitos portugueses talvez tenham concordado com as “reformas” de Passos e não eram esses que estavam a ter tempo de antena, nem a ser ouvidos pelos media. Porventura, até foram preteridos a outros, porque ser a favor de um Governo mais ’troikista’ que a troika era mau para as audiências. Ou talvez porque simplesmente essa massa silenciosa não tinha nada a dizer. É conhecido: quem cala, consente.

Esta é uma leitura possível dos resultados de domingo. Mas há outras em que o culpado é António Costa. Costa é culpado não tanto pelo que disse e fez, mas pelo que não disse nem chegou a fazer. Costa chegou, viu e... PàF, estatelou-se! A onomatopeia escolhida como acrónimo para representar os partidos no poder nestas legislativas foi oportuna, porque soa a estalada, a que levou António Costa, mais dos eleitores do que propriamente do PàF. Costa não soube vencer, convencer nem apresentar-se como “a alternativa”. Não soube descolar-se de Sócrates, não disse como suavizaria a austeridade, não soube ser a opção nem a solução que os portugueses ansiavam. Na falta de melhor, os eleitores escolheram o que já conheciam: “Para pior, já basta assim”, deve ter sido o raciocínio geral (a tal opinião pública).

 O que mostra que os eleitores não são burros nem masoquistas, mas percebem que há mais em comum entre PS e PSD do que entre PS e BE, e que existe até um consenso tácito entre PS e PSD/CDS em como Portugal vai ter que ser governado nos próximos anos: continuar os cortes, a austeridade, dobrar perante a troika, Bruxelas e a finança internacional. Se assim é, para quê eleger um Passos-bis, ou pior, um Sócrates-bis?

Muitos outros optaram pelo voto da contestação, sobretudo à esquerda. A esquerda cresceu no espectro parlamentar como nunca antes, com BE e CDU a conhecerem as maiores progressões de sempre. Até o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN, mais uma onomatopeia!) faz uma entrada histórica no Parlamento.

Muitos dos que votaram à esquerda defendem que o PS devia coligar-se com o BE e a CDU e não viabilizar o Governo. Seria histórico em Portugal uma solução que, se me permitem, apeliderei de “à luxemburguesa”, porque me lembra aquela protagonizada por Xavier Bettel, no Luxemburgo, em Outubro de 2013, quando coligou liberais, verdes e socialistas, partidos que na sua essência nada tinham em comum senão a vontade de tirar do poder o CSV e Juncker. “Não é tradição em Portugal”, dizem-me. Aqui também não era. Ainda hoje, muitos luxemburgueses chamam à manobra de Bettel um “golpe de Estado anti-democrático”. “A esquerda unida não será vencida”, podia ler-se nas redes sociais, na segunda-feira. Era preciso que a esquerda estivesse de facto unida. A começar pelo PS a nível interno.

O que há agora é muitas perguntas: se Costa não se demitir (já disse que não o faria, mas também já se contradisse tantas vezes!), qual será a sua postura perante o Governo? Se for forçado internamente a demitir-se, quem lhe sucederá? O novo líder coligar-se-á com o BE e a CDU para inviabilizar o Governo PSD/CDS? Conseguirá um improvável bloco PS-BE-CDU governar o país? Quererá levar Portugal para um caminho já percorrido pelo Syriza, com o resultado que se conhece? Quais as consequências deste sufrágio nas presidenciais? Com o país maioritariamente pintado de laranja, Rebelo de Sousa é o preferido para Belém? E, Maria de Belém, sai reforçada por ser mais “segurista” do que “costista”? Em Janeiro, os eleitores vão querer um país com um equilíbrio de forças ou completamente laranja?

Por último, lamento que as Comunidades continuem a ser o parente pobre da democracia portuguesa. Apesar de mais de cinco milhões de portugueses viverem no estrangeiro, temos apenas direito a eleger quatro deputados em 230. Dez milhões de portugueses elegem 226 deputados, os outros cinco milhões elegem quatro! Não dá vontade de votar. Talvez por isso, em mais de cinco milhões, apenas 200 mil portugueses estejam inscritos nos círculos eleitorais dos consulados. José Luís Correia