Insouciante Insomnie
fille bâtarde de Morphée
qui vient sans même être invitée
c'est sur ton sein que je me confie
quand le marchand de sable n'est point passé...
Luxembourg, 23 novembre 2010, 3h54
terça-feira, 23 de novembro de 2010
domingo, 14 de novembro de 2010
José e Pilar - Retrato de uma relação
Trailer do filme "José e Pilar. Retrato de uma relação", realizado por Miguel Gonçalves Mendes, co-produzido por Pedro Almodóvar e que retrata a relação de José Saramago e Pilar del Río.
sábado, 6 de novembro de 2010
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Um café e um croissant
- Aqui fazemos o melhor café da Europa!
- Pois, nós em Portugal também dizemos isso, eh eh...
- Mas fomos nós que introduzimos o café na Europa, sabias?
- Foram os turcos, queres tu dizer...
- Sim, mas foi graças a um polaco!
- Como assim?...
- Quando os otomanos foram derrotados às portas de Viena em 1683 e fugiram, deixando para trás acampamentos militares inteiros montados, uma das coisas que lá foi encontrado foram sacos de café, que um polaco que ali morava logo comprou, para vender na sua taberna. E foi a partir de Viena que o café chegou ao resto da Europa. E é por isso que ainda hoje café em polaco se chama kawa, uma palavra muito próxima do árabe qahvah e do turco khave.
Mariusz, o empregado da café onde me refugiei do frio e da neve de Novembro, em Cracóvia, contou-me então como o rei polaco Jan Sobieski e 30 mil homens tinham ajudado o Império Austro-Húngaro e a Europa contra a segunda invasão turca. O que é um facto histórico. Já quanto à história do café, fiquei com as minhas dúvidas, mas achei curiosa a convicção.
Eram três e meia da tarde, a noite tinha já descido sobre Cracóvia, quando me assolou um intenso desejo de café com xarope de avelãs. Tentando encontrar o meu caminho entre a neblina fina, nem sequer me detive diante dos quadros dos artistas expostos na Porta de São Floriano, e enfiei-me na primeira kawiarnia que encontrei. Os cracovitas gostam de dizer que a sua cidade é conhecida por ter mais igrejas do que dias tem o ano e que só o número de cafés se equipara ao dos templos. Mas enquanto os primeiros são procurados para aquecer a alma, os segundos são-no para acalentarem os corpos.
E com esta conversa, Mariusz conseguiu convencer-me a provar o "café à turca", que os polacos ainda hoje costumam servir, e que é bardzo melhor que essas invenções starbuckianas de café com... avelãs.
A kawiarnia estava instalada numa cave, com paredes em tijolos, e eu tinha escolhido uma mesa num canto, tão pequena que não conseguia arrumar os jornais e os braços em cima do tampo de mogno quadrado. Na parede estavam suspensos velhos capacetes de bombeiros que alguém teve a luminosa ideia de adaptar com uma lâmpada para serem utilizados como candeeiros.
- E foi também graças a essa vitória que nasceram os croissants, ainda hoje chamados viennoiserie. Um pasteleiro de Viena achou graça pôr os viennenses a comerem o símbolo da lua crescente dos turcos, interrompeu Mariusz os meus pensamentos, servindo-me o café e um croissant, "oferta da casa".
- Então é isto a famosa hospitalidade polaca?
- Pois, porque não são só vocês portugueses que têm a fama de serem hospitaleiros.
Alexandre Weytjens
(foto e texto)
- Pois, nós em Portugal também dizemos isso, eh eh...
- Mas fomos nós que introduzimos o café na Europa, sabias?
- Foram os turcos, queres tu dizer...
- Sim, mas foi graças a um polaco!
- Como assim?...
- Quando os otomanos foram derrotados às portas de Viena em 1683 e fugiram, deixando para trás acampamentos militares inteiros montados, uma das coisas que lá foi encontrado foram sacos de café, que um polaco que ali morava logo comprou, para vender na sua taberna. E foi a partir de Viena que o café chegou ao resto da Europa. E é por isso que ainda hoje café em polaco se chama kawa, uma palavra muito próxima do árabe qahvah e do turco khave.
Mariusz, o empregado da café onde me refugiei do frio e da neve de Novembro, em Cracóvia, contou-me então como o rei polaco Jan Sobieski e 30 mil homens tinham ajudado o Império Austro-Húngaro e a Europa contra a segunda invasão turca. O que é um facto histórico. Já quanto à história do café, fiquei com as minhas dúvidas, mas achei curiosa a convicção.
Eram três e meia da tarde, a noite tinha já descido sobre Cracóvia, quando me assolou um intenso desejo de café com xarope de avelãs. Tentando encontrar o meu caminho entre a neblina fina, nem sequer me detive diante dos quadros dos artistas expostos na Porta de São Floriano, e enfiei-me na primeira kawiarnia que encontrei. Os cracovitas gostam de dizer que a sua cidade é conhecida por ter mais igrejas do que dias tem o ano e que só o número de cafés se equipara ao dos templos. Mas enquanto os primeiros são procurados para aquecer a alma, os segundos são-no para acalentarem os corpos.
E com esta conversa, Mariusz conseguiu convencer-me a provar o "café à turca", que os polacos ainda hoje costumam servir, e que é bardzo melhor que essas invenções starbuckianas de café com... avelãs.
A kawiarnia estava instalada numa cave, com paredes em tijolos, e eu tinha escolhido uma mesa num canto, tão pequena que não conseguia arrumar os jornais e os braços em cima do tampo de mogno quadrado. Na parede estavam suspensos velhos capacetes de bombeiros que alguém teve a luminosa ideia de adaptar com uma lâmpada para serem utilizados como candeeiros.
- E foi também graças a essa vitória que nasceram os croissants, ainda hoje chamados viennoiserie. Um pasteleiro de Viena achou graça pôr os viennenses a comerem o símbolo da lua crescente dos turcos, interrompeu Mariusz os meus pensamentos, servindo-me o café e um croissant, "oferta da casa".
- Então é isto a famosa hospitalidade polaca?
- Pois, porque não são só vocês portugueses que têm a fama de serem hospitaleiros.
Alexandre Weytjens
(foto e texto)
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Deolinda ou "quando o fado é cantado a rir"
Ana Bacalhau entra em palco com o seu vestido rosa choque, com folhos e rendilhados, cabelo apanhado, brincos grandes, ar gingão, sorriso aberto e generoso. Os que que só conhecem as canções de as ouvir passar na rádio confundem Ana Bacalhau com Deolinda, mas o projecto é um quarteto composto pelos seus primos – os irmãos Pedro Silva Martins (viola) e Luís José Martins (viola) –, e o seu marido, Zé Pedro Leitão (contrabaixo).
Para o concerto de estreia no Luxemburgo, a 26 de Outubro, no Centro Opderschmelz, em Dudelange, os Deolinda fizeram viajar o público durante mais de hora e meia pelos seus dois álbuns, com momentos que alternaram entre o espírito mais tradicional do fado e as canções mais marialvas e boémias. Desde "Fado Toninho", dedicado aos machões, a "Mal por Mal", "Canção ao Lado", "Ai Rapaz", e o obrigatório "Fon-Fon-Fon", o público acompanhava os Deolinda com palmas, reconhecendo os sucessos cheios de humor que fizeram a fama da banda.
Ana Bacalhau bamboleia, dança, mete-se com o público, canta com gestos largos de varina e palavras debitadas à pressa, conta histórias de amores, desamores, namoricos e mexericos. Intercala canções dos dois álbuns e o público rende-se a "Um Contra o Outro", sorri com "Não Tenho Mais Razões", diverte-se com o "Fado Notário". Ana Bacalhau consegue mesmo pôr a sala toda a cantar "o maior mastro do mundo é português", na marcha popular "A Problemática Colocação De Um Mastro", no que foi um dos momentos mais hilariantes da noite.
Canções como "Não Sei Falar De Amor", "Há Dias Que Não São Dias" e "Clandestino" revelam o lado mais intimista da banda. E é curiosamente na letra de "Passou Por Mim E Sorriu", uma das canções mais belas do segundo álbum, que os Deolinda revelam a sua essência: para eles "o fado é cantado a rir", como se face ao destino ou às fatalidades da vida, devêssemos apenas... gingar.
O público não os deixa ir sem um "encore", e eles fecham com o divertido "Movimento Perpétuo Associativo", canção que critica a tendência dos portugueses em serem grandiloquentes em palavras e parcos em acções. Na internet, circula aliás uma petição para que a canção substitua "A Portuguesa" como hino nacional. "Porque o tempo dos 'heróis do mar' já lá vai, porque na nação reina o conformismo e não é possível fingir que está tudo bem, acenar a bandeirinha e o cravo, enquanto no dia-a-dia nada fazemos para que as coisas melhorem", lê-se na petição.
Uma iniciativa que também revela que o grande sucesso dos Deolinda reside no facto de cantarem a realidade de forma autocrítica e caricatural, na melhor tradição portuguesa.
No final, os Deolinda prestaram-se com agrado a uma sessão de autógrafos e conversa com os muitos fãs que os tinham vindo ver. Mercê de uma agenda muito carregada, foi a caminho da Holanda que responderam, via e-mail, às perguntas do nosso jornal.CONTACTO: Como surgiu o convite para vir ao Luxemburgo?
Deolinda: A oportunidade de tocar pela primeira vez no Luxemburgo surgiu através da nossa agência para o Benelux, a World Connection.
C.: Como viveram a vossa estreia no Grão-Ducado?
D.: Com uma enorme expectativa em ver como iria o público reagir. Ficámos muito felizes por ver que a comunidade portuguesa lá estava em peso e por sentir o seu apoio durante e após o concerto (já que costumamos sempre fazer uma pequena sessão de autógrafos após os concertos). Pudemos falar melhor com as pessoas e saber o que tinham achado e sentimos que tínhamos agradado ao público que nos foi ver.
C.: A banda é um projecto em família. Mas, afinal... quem é o pai da Deolinda? E como nasceu?
D.: Provavelmente, o tocarmos juntos era uma ideia que tínhamos desde que começámos a trabalhar a música de uma forma mais profissional. Todos tínhamos outros projectos e só em 2005 é que decidimos finalmente juntar-nos, uma tarde, para experimentar umas músicas que o Pedro havia escrito. Assim foi o início de uma banda, que depois se viria a chamar Deolinda.
C.: Como estão a viver este sucesso repentino, que "deflagrou" assim que lançaram o primeiro tema, "Fon-Fon-Fon", em 2008? Quando é que sentiram que tinham um sucesso entre mãos?
D.: Penso que a primeira vez que percebemos que havia muita gente a conhecer as nossas músicas foi no Festival Sudoeste de 2008. Esse concerto ficará nas nossas memórias como um dos melhores concertos das nossas vidas e aquele em que vimos pela primeira vez as pessoas a cantar em coro canção atrás de canção. No entanto, podemos dizer que sentimos que este sucesso não foi tão repentino quanto isso, na medida em que tivemos de trabalhar muito para que as coisas nos acontecessem. E ainda há muita coisa para fazer e muito caminho a trilhar.
C.: Quando lançaram o projecto Deolinda, que revisita e reinventa o fado e a música portuguesa em geral, a adesão do público foi imediata. Mas houve resistência por parte da indústria discográfica em apostar num novo estilo musical ou mesmo por parte das rádios em passarem as vossas canções?
D.: Da nossa experiência com as outras bandas que tivemos, aquilo que é mais importante é defendermos o nosso projecto e teimarmos naquilo que achamos ser o melhor para o mesmo. Obviamente, no início, tivemos de lutar bastante para convencer algumas pessoas de que tínhamos um projecto válido e com pernas para andar. Mas com bastante trabalho e determinação fomos mostrando que este era um projecto que acreditava em si e que chamava a si muita gente. Nós gostamos de desafios e somos bastante persistentes, por isso, quando nos dizem "Não", não descansamos até ouvirmos um "Sim", ou até provarmos que aquele "Não" estava completamente errado.
C.: O segundo álbum "Dois Selos e Um Carimbo" deixa-nos a impressão de um trabalho mais intimista e introspectivo. Foi a Deolinda que amadureceu ou a Deolinda é uma romântica que se ignora?
D.: Este segundo álbum continua algumas das soluções do "Canção ao Lado", mas, no entanto, também se impõe procurar novos caminhos, novos arranjos para um "ensemble" de duas guitarras, um contrabaixo e voz. Gostamos de experimentar e foi isso que tentámos fazer. O resultado final foi um trabalho mais maduro, mais complexo, mas que sela definitivamente aquilo ao que vimos: na soma dos dois álbuns se encontra a essência da Deolinda.
C.: A digressão que passou pelo Luxemburgo vai levar-vos ainda até onde?
D.: Esta digressão, para além do Luxemburgo, tem-nos levado à Bélgica, à Holanda e ir-nos-á levar ainda à Suécia, Áustria e França.
C.: Um álbum de dois em dois anos, a Deolinda é uma rapariga com genica! Mas é um ritmo para manter, quer dizer, vamos ter direito a novo álbum em 2012? E para quando um regresso ao Luxemburgo?
D.: Ainda não estamos a pensar gravar novo álbum, o "dois selos e um carimbo" é ainda muito recente e tem muitos palcos a pisar. No entanto, o Pedro tem trazido canções novas e entre um "soundcheck" e outro, lá vamos trabalhando novo material. Quando sentirmos que as canções já nos estão a pedir para serem gravadas, voltaremos ao estúdio.
Quanto ao regresso ao Luxemburgo, pensamos voltar para o ano, se cá nos quiserem, claro está!
Texto:José Luís Correia/JNL
Fotos: Laurent Blum
in CONTACTO, 03.11.2010
Para o concerto de estreia no Luxemburgo, a 26 de Outubro, no Centro Opderschmelz, em Dudelange, os Deolinda fizeram viajar o público durante mais de hora e meia pelos seus dois álbuns, com momentos que alternaram entre o espírito mais tradicional do fado e as canções mais marialvas e boémias. Desde "Fado Toninho", dedicado aos machões, a "Mal por Mal", "Canção ao Lado", "Ai Rapaz", e o obrigatório "Fon-Fon-Fon", o público acompanhava os Deolinda com palmas, reconhecendo os sucessos cheios de humor que fizeram a fama da banda.
Ana Bacalhau bamboleia, dança, mete-se com o público, canta com gestos largos de varina e palavras debitadas à pressa, conta histórias de amores, desamores, namoricos e mexericos. Intercala canções dos dois álbuns e o público rende-se a "Um Contra o Outro", sorri com "Não Tenho Mais Razões", diverte-se com o "Fado Notário". Ana Bacalhau consegue mesmo pôr a sala toda a cantar "o maior mastro do mundo é português", na marcha popular "A Problemática Colocação De Um Mastro", no que foi um dos momentos mais hilariantes da noite.
Canções como "Não Sei Falar De Amor", "Há Dias Que Não São Dias" e "Clandestino" revelam o lado mais intimista da banda. E é curiosamente na letra de "Passou Por Mim E Sorriu", uma das canções mais belas do segundo álbum, que os Deolinda revelam a sua essência: para eles "o fado é cantado a rir", como se face ao destino ou às fatalidades da vida, devêssemos apenas... gingar.
O público não os deixa ir sem um "encore", e eles fecham com o divertido "Movimento Perpétuo Associativo", canção que critica a tendência dos portugueses em serem grandiloquentes em palavras e parcos em acções. Na internet, circula aliás uma petição para que a canção substitua "A Portuguesa" como hino nacional. "Porque o tempo dos 'heróis do mar' já lá vai, porque na nação reina o conformismo e não é possível fingir que está tudo bem, acenar a bandeirinha e o cravo, enquanto no dia-a-dia nada fazemos para que as coisas melhorem", lê-se na petição.
Uma iniciativa que também revela que o grande sucesso dos Deolinda reside no facto de cantarem a realidade de forma autocrítica e caricatural, na melhor tradição portuguesa.
No final, os Deolinda prestaram-se com agrado a uma sessão de autógrafos e conversa com os muitos fãs que os tinham vindo ver. Mercê de uma agenda muito carregada, foi a caminho da Holanda que responderam, via e-mail, às perguntas do nosso jornal.CONTACTO: Como surgiu o convite para vir ao Luxemburgo?
Deolinda: A oportunidade de tocar pela primeira vez no Luxemburgo surgiu através da nossa agência para o Benelux, a World Connection.
C.: Como viveram a vossa estreia no Grão-Ducado?
D.: Com uma enorme expectativa em ver como iria o público reagir. Ficámos muito felizes por ver que a comunidade portuguesa lá estava em peso e por sentir o seu apoio durante e após o concerto (já que costumamos sempre fazer uma pequena sessão de autógrafos após os concertos). Pudemos falar melhor com as pessoas e saber o que tinham achado e sentimos que tínhamos agradado ao público que nos foi ver.
C.: A banda é um projecto em família. Mas, afinal... quem é o pai da Deolinda? E como nasceu?
D.: Provavelmente, o tocarmos juntos era uma ideia que tínhamos desde que começámos a trabalhar a música de uma forma mais profissional. Todos tínhamos outros projectos e só em 2005 é que decidimos finalmente juntar-nos, uma tarde, para experimentar umas músicas que o Pedro havia escrito. Assim foi o início de uma banda, que depois se viria a chamar Deolinda.
C.: Como estão a viver este sucesso repentino, que "deflagrou" assim que lançaram o primeiro tema, "Fon-Fon-Fon", em 2008? Quando é que sentiram que tinham um sucesso entre mãos?
D.: Penso que a primeira vez que percebemos que havia muita gente a conhecer as nossas músicas foi no Festival Sudoeste de 2008. Esse concerto ficará nas nossas memórias como um dos melhores concertos das nossas vidas e aquele em que vimos pela primeira vez as pessoas a cantar em coro canção atrás de canção. No entanto, podemos dizer que sentimos que este sucesso não foi tão repentino quanto isso, na medida em que tivemos de trabalhar muito para que as coisas nos acontecessem. E ainda há muita coisa para fazer e muito caminho a trilhar.
C.: Quando lançaram o projecto Deolinda, que revisita e reinventa o fado e a música portuguesa em geral, a adesão do público foi imediata. Mas houve resistência por parte da indústria discográfica em apostar num novo estilo musical ou mesmo por parte das rádios em passarem as vossas canções?
D.: Da nossa experiência com as outras bandas que tivemos, aquilo que é mais importante é defendermos o nosso projecto e teimarmos naquilo que achamos ser o melhor para o mesmo. Obviamente, no início, tivemos de lutar bastante para convencer algumas pessoas de que tínhamos um projecto válido e com pernas para andar. Mas com bastante trabalho e determinação fomos mostrando que este era um projecto que acreditava em si e que chamava a si muita gente. Nós gostamos de desafios e somos bastante persistentes, por isso, quando nos dizem "Não", não descansamos até ouvirmos um "Sim", ou até provarmos que aquele "Não" estava completamente errado.
C.: O segundo álbum "Dois Selos e Um Carimbo" deixa-nos a impressão de um trabalho mais intimista e introspectivo. Foi a Deolinda que amadureceu ou a Deolinda é uma romântica que se ignora?
D.: Este segundo álbum continua algumas das soluções do "Canção ao Lado", mas, no entanto, também se impõe procurar novos caminhos, novos arranjos para um "ensemble" de duas guitarras, um contrabaixo e voz. Gostamos de experimentar e foi isso que tentámos fazer. O resultado final foi um trabalho mais maduro, mais complexo, mas que sela definitivamente aquilo ao que vimos: na soma dos dois álbuns se encontra a essência da Deolinda.
C.: A digressão que passou pelo Luxemburgo vai levar-vos ainda até onde?
D.: Esta digressão, para além do Luxemburgo, tem-nos levado à Bélgica, à Holanda e ir-nos-á levar ainda à Suécia, Áustria e França.
C.: Um álbum de dois em dois anos, a Deolinda é uma rapariga com genica! Mas é um ritmo para manter, quer dizer, vamos ter direito a novo álbum em 2012? E para quando um regresso ao Luxemburgo?
D.: Ainda não estamos a pensar gravar novo álbum, o "dois selos e um carimbo" é ainda muito recente e tem muitos palcos a pisar. No entanto, o Pedro tem trazido canções novas e entre um "soundcheck" e outro, lá vamos trabalhando novo material. Quando sentirmos que as canções já nos estão a pedir para serem gravadas, voltaremos ao estúdio.
Quanto ao regresso ao Luxemburgo, pensamos voltar para o ano, se cá nos quiserem, claro está!
Texto:José Luís Correia/JNL
Fotos: Laurent Blum
in CONTACTO, 03.11.2010
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