sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

sábado, 13 de setembro de 2008

Hannah - Belle ou la nouvelle libertine


O Gaspar que há em mim descobriu hoje uma série inglesa deliciosa: Secret Diary of a Call Girl.

Hannah (a actriz e cantora Billie Piper) veste todos os dias, várias vezes por dia, a pele de Belle. "Prostituta, escort lady, pêga, puta, dama de companhia, call girl, é apenas uma questão de semântica", como ela própria se apresenta.

Hannah não se droga, não foi violada quando era criança, não provém de uma família destroçada. "Sou preguiçosa, gosto de ser a minha própria patroa...ah, e gosto de sexo!", afirma peremptória, alegre e assumidamente. Belle não tem tabus no sexo, está sempre pronta a concretizar as fantasias mais dementes e loucas dos seus clientes. Estes revelam-se, no entanto, mais humanos que tarados sexuais. Demasiado frequentemente ao gosto de Hannah, que prefere ser amante profissional do que confidente. E é aqui que Belle quase deixa cair a máscara ao afirmar: "Prefiro os clientes com quem sou uma pessoa completamente diferente de mim, quanto mais diferente melhor". Por detrás daquele desembaraço libertino todo de Belle, - que destoa do flegma britânico de alguns dos seus clientes e essas cenas têm muita piada - há afinal a miúda - Hannah - que tem medo que os pais e o melhor amigo descubram a profissão que exerce.

A vida deverá levá-la a compreender que a separação dessas gémeas siamesas não é assim tão fácil (nem salutar) e que ela é as duas na mesma pessoa e que é isso que deve assumir. Belle tem um corpo esculpido para o pecado, Belle tem olhar de criança. Hannah e Belle. Aliás, penso que a escolha dos dois nomes da personagem principal pelos argumentistas da série não foram inocentes, já que se conjugam na perfeição para dar origem a uma terceira, evolução/fusão das duas primeiras: Annabelle.

Só vi dois episódios, mas é isto que adivinho sejam as cenas dos próximos capítulos... Juro que não li o livro em que a série se inspira (teria gostado, por certo!), escrito ao que sei por uma anónima cujo pseudónimo era "Belle de Jour" e retraçaria a sua própria experiência de vida. Em Portugal saiu um livro semelhante há um par de anos que obteve muito sucesso. Bom, mas não é por adivinhar o que se segue que vou deixar de ver a série. É a única novidade neste segmento após Sex in the City e Nip/Tuck. Isto agora só torna a coisa ainda mais interessante. "A beleza não está no destino, mas no caminho", não é o que preconiza o velho adágio filosófico? Será que Confúcio estaria a pensar nas séries ligeiramente picantes do princípio do século XXI quando aventou esta máxima? Gosto de pensar que na sua extrema e omniconsciente clarividência que sim ;-)

Hanna ou Belle... ou prefere two in one, Annabelle?

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