sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
-
cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ingrid Betancourt proposta para o Prémio Sakharov

Libertada a 2 de Julho das mãos dos guerrilheiros das FARC

Ingrid Betancourt proposta para o Prémio Sakharov

Ingrid Betancourt, antiga candidata presidencial dos Verdes colombianos, foi libertada a 2 de Julho na sequência de uma operação militar contra a guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), ao fim de mais de seis anos de cativeiro. Já foi, entretanto, proposta para ser candidata ao Prémio Sakharov.

A mais famosa refém de sempre, como chegou a ser chamada pela imprensa, a senadora franco-colombiana Ingrid Betancourt, foi libertada pelo exército colombiano a 2 de Julho, em conjunto com o luso-americano Marc Gonçalves, dois norte-americanos e 11 militares colombianos sequestrados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). A operação militar sem precedentes foi minuciosamente preparada ao longo de quatro meses e contou com a colaboração, pelo menos logística, do exército israelita e norte-americano, embora ainda se desconheçam todos os pormenores do envolvimento dos dois países nesta libertação.

"Quero primeiro dar graças a Deus e aos soldados da Colômbia", declarou Ingrid à rádio Caracol, algumas horas depois da sua libertação, acrescentando que "a operação foi absolutamente impecável".

"Acredito (que estas libertações) são um sinal de paz para a Colômbia", afirmou ainda.

Ingrid Betancourt, 46 anos, estava refém da guerrilha marxista das FARC desde 23 de Fevereiro de 2002. A então candidata ecologista pelo partido Oxigénio Verde à presidência da Colômbia aventurara-se no território da guerrilha para tentar conversações com esta, mas acabou sequestrada durante mais de seis anos.

Ingrid foi deputada, depois senadora, tendo-se destacado por ser um líder político sem cedências. Lutando pela democracia na Colômbia, activa defensora da ecologia, demonstrou desde sempre a sua feroz oposição contra as FARC, a corrupção política e o narcotráfico, e era já, antes de ser raptada, um símbolo de resistência e luta no seu país. Tentou escapar por cinco vezes, e apesar de, nos últimos tempos, estar fisicamente debilitada, nunca baixou os braços durante os 2.321 dias de penoso cativeiro.

Comovente foi o encontro de Ingrid Betancourt, na quinta-feira, com as mãe e os filhos, que não via há mais de seis anos. Mélanie (21 anos) e Lorenzo (19 anos) chegaram a Bogotá, vindos de Paris, acompanhados pelo pai, num avião especialmente fretado pelo Eliseu, a pedido do presidente francês Nicolas Sarkozy.

Ao longo de mais de seis anos, Mélanie e Lorenzo revelaram-se verdadeiros "Filhos Coragem". Sensibilizando incansavelmente políticos e a opinião pública para o rapto da mãe e para os sequestros das FARC, casos que até aí haviam sido marginalizados pela imprensa europeia e internacional, multiplicaram-se em conferências, marchas e comités de apoio. Foram várias vezes recebidos por Sarkozy, enquanto ministro, no anterior Executivo francês, e depois, já como presidente.

Sarkozy, que se comprometera pessoalmente aquando da sua eleição em fazer tudo pela libertação da franco-colombiana, tentara um salvamento da refém, através de uma certa "diplomacia à força", em Abril, após notícias de que Betancourt estaria tão debilitada fisicamente que se temia pela sua vida. A operação viria a fracassar.

Finalmente reunida com os seus filhos, Ingrid demonstrou vontade de vir para França, onde chegou no sábado. A família foi acolhida por Sarkozy, a quem a ex-refém agradeceu "tudo o que o presidente francês fez" por ela e a quem chamou de "homem extraordinário". Ainda em Bogotá, Betancourt tinha declarado dever muito à sua "douce France" (querida França), o seu país de adopção (Ingrid adquiriu a nacionalidade francesa quando casou em 1981 com Fabrice Delloye, pai dos seus dois filhos, tendo-se divorciado deste em 1990).

A 4 de Julho, a delegação do PSD ao Parlamento Europeu propôs Ingrid Betancourt como candidata ao Prémio Sakharov 2008, considerando que a ex-refém franco-colombiana é daqui para a frente "uma das faces mais visíveis do combate pela liberdade de expressão".

Por seu lado, a Amnistia Internacional (AI) congratulou-se com o resgate dos 15 reféns, mas exigiu a libertação "imediata e incondicional" dos restantes sequestrados na posse das FARC, que se estimam em cerca de três mil, segundo várias organizações humanitárias internacionais.

José Luís Correia (com agências)
in Contacto, 09.07.08
Fonte da foto: wikipedia

Sem comentários: