sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Da ubiquidade : expo dos irmãos Godinho no Instituto Camões


Instalação "Sometimes be here and there at the same place", com sonorização plástica, da autoria de Marco Godinho (instalação) e Fábio Godinho (sonorização) no Instituto Camões-Centro Cultural Português no Luxemburgo (8, boulevard Royal, na cidade do Luxemburgo), até 5 de Junho.

Na instalação "Sometimes be here and there at the same place", o artista plástico Marco está em Echternach (a cidade onde mora e trabalha) com um mapa da cidade do Luxemburgo à sua frente. Conectado ao irmão (através de Skype!) tenta dirigir Fábio, o actor, pelas ruas de Paris, como se as duas realidades geográficas fizessem parte de uma mesma cartografia sobreposta e deslocada. Em Paris, Fábio filma o seu périplo, imagens que Marco não pode ver, e que o visitante da instalação visiona, atónito, perante uma geografia penetrando outra, como um interseccionismo pessoano reanimado e reinventado para a época das tecnologias da informação e da comunicação.

É aliás a partir de um verso de Fernando Pessoa sobre "por vezes, estar aqui e além, no mesmo lugar", que Fábio - durante a inauguração da instalação, e enquanto a tela continua a exibir em pano de fundo o seu itinerário parisiense -, experimenta derivas textuais da sua autoria a partir do escrito pessoano, variações musicais que compôs para a ocasião e uma interpretação dramática para um actor só, que se procura, que busca um sentido, os sentidos, as direcções, desenha uma rosa-dos ventos no chão e deseja a ubiquidade, a vontade de estar em dois lugares ao mesmo tempo, e de, durante o processo, inventar um terceiro: uma realidade geográfica onde coubessem as duas primeiras, como se de um continente imaginário se tratasse (embora ainda não reportoriado por Alberto Manguel no seu "Dicionário dos Lugares Imaginários").


Bios:

A obra plástica de Marco Godinho, um jovem português de 29 anos, que aos nove deixou Salvaterra de Magos rumo ao Luxemburgo, tem sido particularmente bem recebida por instituições artísticas em França e no Luxemburgo. As suas obras fazem parte da colecção de prestigiados Museus, de que se destaca o Museu da Cidade do e o Museu de Arte Moderna do Luxemburgo. Com uma formação artística polivalente, a sua obra vai da pintura, escultura, fotografia, passando pelo desenho, pelo vídeo, pela instalação e design gráfico, concluiu a sua formação académica na Faculdade de Belas Artes de Nancy. Foi vencedor da Bienal de Artes Plásticas no Luxemburgo, o que lhe proporcionou acesso directo à "Cité International des Arts", em Paris.

Fábio Godinho tem 22 anos, frequenta o 2° ano de Formação Teatral na Escola de Arte Dramática "Cours Florent" e o 1° ano da licenciatura em Estudos Teatrais na Sorbonne, em Paris.

Sobre Marco Godinho, aconselho-vos ainda a hiperligação para um texto sobre o artista publicado na revista "Magazine Artes" (Julho/Agosto 20007) e assinado pela jornalista Susana Paiva

1 comentário:

Anónimo disse...

Palavras que abrem mais uma porta ao imaginário... Éternel retour... Obrigado. Abraço amigo. MG