Ministério da Cultura luxemburguês
não apoia Salão do Livro e das Culturas
não apoia Salão do Livro e das Culturas
Insustentável incerteza de ler
Cresceu e já tem sete aninhos. Mas não se sabe ainda se sobreviverá!
Falamos do Salão do Livro e das Culturas que se realiza anualmente, desde 2001, no âmbito do Festival das Migrações, das Culturas e da Cidadania. Segundo o presidente da entidade organizadora, o Comité de Ligação das Associações de Estrangeiros (CLAE), Antoni Monserrat, é investido cada vez mais tempo e dinheiro no projecto.
Nesta edição, o Salão do Livro representa entre 15 a 18% do orçamento total do festival. Do Ministério da Cultura não chega nem um tostão para aquele que é considerado por muitos como o único certame do género do país. Monserrat põe em questão o futuro do salão e mesmo do festival.
Não obstante, o salãozinho tem aumentado, de ano para ano, em número de visitantes e participantes. Esta edição contou, por exemplo, com os recém-chegados stands romeno e croata, novas editoras e livrarias (como a "Libo", que trouxe livros portugueses) e mais representantes africanos. À semelhança do autor de banda desenhada congolês Serge Diantantu. Os escritores locais e vindos dos quatro continentes continuam a ser convidados e os autores da Primavera dos Poetas passam sempre pelo café do salão. Este ano, o destaque português foi para Rosa Alice Branco, que declamou poesia da sua autoria no domingo de manhã (ver também artigo na pág. 22)
Desta vez, a organização dotou-se também de mais meios, numa vontade de tornar o salão "menos frio" do que em anos anteriores, crítica recorrente dos que nem por isso deixam de acarinhar o certame. O esforço era visível nomeadamente no stand da Livraria "Altrimenti" que convidava o visitante a percorrer as estantes e a beber um café, folheando uma revista ou um livro italianos, confortavelmente recostado numa poltrona. Ou o stand português, que inovou com uma nova disposição dos escaparates, um cantinho convivial cheios de poufes e almofadas para os mais pequenos, e um espaço multimédia onde se podia escutar poesia.
Apesar disso, o salão do livro, bem como o stand português, acusavam uma menor afluência do público, que o festival em geral também sentiu.
Dois dos responsáveis do stand luso, Elsa Trindade e António Medeiros, confiavam que as vendas tinham ascendido em 2006 a mais de meio milhar de livros, enquanto que este ano se tinham vendido pouco mais de 300 livros. Os visitantes, esses, atingiram quase o milhar. Os livros infantis representam 20% das vendas e a literatura africana 10%. Os autores mais procurados continuam a ser nomes incontornáveis como Paulo Coelho, José Saramago e Margarida Rebelo Pinto. Depois de pagas as despesas, o grupo entrega todos os lucros à organização do festival. "Não queremos fazer dinheiro, o nosso intuito é divulgar a cultura portuguesa!", confiam. E não se queixam de falta de meios, mas de ideias para tornar o stand mais atractivo.
"O que faltou este ano, foram as pessoas!", desabafou Medeiros.