sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

V Congresso da CCPL dominado pelo debate em torno da participação política e cívica

Participaram cerca de 80 pessoas neste Congresso, entre representantes do movimento associativo e convidados Foto: M. Dias 

Nada mais, nada menos que nove mulheres, das quais metade são jovens com menos de 25 anos, fazem parte dos 30 membros eleitos para o Conselho da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL), num facto inédito na história deste organismo.

Esta votação foi a grande novidade que marcou o V Congresso da CCPL, que decorreu, no passado domingo, dia 15 de Dezembro, em Strassen.

Para José António Coimbra de Matos, Presidente cessante da CCPL, "este congresso e consequente votação foi um dos poucos actos cívicos e verdadeiramente democráticos que ainda se vêm no mundo associativo no Luxemburgo".

Outra das suspresas deveu-se aos resultados das eleições mostrarem que o candidato mais votado não foi o Presidente cessante, como se poderia prever, mas Maria Joaquina Carvalho, membro da Associação de Pais de Schifflange, bastante activa da CCPL, nomeadamente no Grupo de Ensino.

Para quem "agoirava" o Congresso da dissolução e a falta de interesse de muitos representantes do mundo associativo por este organismo, os resultados vieram provar que as mulheres e a nova geração, em particular, estão apostados em dar continuação a este projecto.

Participaram neste Congresso cerca de 80 pessoas. Além das Autoridades Portuguesas no Luxemburgo, faziam parte dos convidados, Marcel Sauber, Presidente do Conselho de Estado, Christiane Martin, Comissária para os Estrangeiros, Carlos Correia, Chefe de Gabinete do Secretário de Estado das Comunidades (em representação de José Cesário), os deputados portugueses Carlos Gonçalves (PSD) e Carlos Luís (PS), os Burgomestres de Strassen e da Cidade do Luxemburgo, Gaby Leytem e Paul Helminger respectivamente, os Deputados luxemburgueses Claude Wiseler (CSV) e Xavier Bettel (DP), bem como 46 representantes (inscritos) do Movimento Associativo, entre outros.

Na sua intervenção, Helminger defendeu que a CCPL deve continuar a ser o interlocutor privilegiado da Comunidade Portuguesa, não só a nível nacional mas comunal, porque é importante que esta fale a "uma só voz".

O Burgomestre da capital lamentou ainda que muitos não-luxemburgueses não se inscrevam nas listas eleitorais e que, sem isso, nunca conseguirão sensibilizar os partidos luxemburgueses. "Ou então estão tão satisfeitos do país onde vivem que nos deixam decidir tudo sozinhos?", gracejou.

Também o Cônsul-Geral disse considerar que a "Comunidade Portuguesa deve tornar-se parte inteira e integrante da sociedade luxemburguesa, participando não só na vida económica, mas também social e política do país".

O Presidente do Comité de Ligação e de Acção dos Estrangeiros (CLAE), Diogo Quintela, considerou este Congresso o começo de uma "redinamização de um organismo que o CLAE considera muito importante".

Este responsável evocou ainda a possibilidade das duas associações colaborarem juntas, em 2003, numa campanha de sensibilização para a inscrição nas listas eleitorais, já que "é impensável que 30% da população do Luxemburgo continue a ser excluída das decisões do Governo".

Para o Presidente cessante da CCPL, a integração "é o nosso principal objectivo". Na sua alocução, Coimbra de Matos revindicou que o Estado português assuma as suas responsabilidades em relação ao Movimento Associativo e à Juventude, defendeu a inscrição automática nas listas eleitorais e a dupla-nacionalidade.

"Recusamos o paternalismo do Estado Português e os favores do Estado luxemburguês. Queremos apenas aquilo a que temos direito enquanto cidadãos europeus", frisou. Mas, a par da questão da participação política, foram discutidas e abordadas outras de não menos importância, como: o papel das Associações de Pais de Alunos Portugueses, nomeadamente em relação às Associações de Pais luxemburguesas; o Ensino do Português no Luxemburgo; o Sistema Educativo do Grão-Ducado, questão onde Coimbra de Matos insistiu em frisar que considera "inaceitável que a Escola continue a ser um local de segregação e de exclusão!"; bem como a participação das mulheres e jovens na vida associativa, social e política.

Todos os temas discutidos fazem parte de um vasto Projecto de Programa de Acção, aprovado por maioria, neste Congresso e que abrange ainda questões como as estruturas da Comunidade Portuguesa, a representação da Comunidade em Órgãos Consultivos, as relações com as Autoridades Portuguesas, a Formação e questões sociais que preocupam a Comunidade no Grão-Ducado. Este Programa de Acção traça as grandes linhas de orientação da CCPL para os próximos dois anos. O Conselho deverá reunir em Janeiro, para decidir da constituição da Direcção e nomeação de um Presidente.

José Luís Correia, 
in CONTACTO, 20/12/2002

sábado, 3 de dezembro de 2005

Toma lá Luxemburgo! - revista à portuguesa veio até ao Grão-Ducado

Cristina Areia, Fernando Mendes e Carlos Areias Foto: M. Dias
No fim de semana de 20 e 21 de Novembro, o Luxemburgo viveu ao ritmo da revista à portuguesa. "Tomá lá Revista" trouxe-nos de volta aos palcos do Grão-Ducado o inimitável "pequeno" grande actor Fernando Mendes, a provar que os homens, e sobretudo os actores, "não se medem aos palmos".

Do já célebre trio que todos conhecemos da série "Nós, os ricos", apenas Carlos Areias o pôde acompanhar. A vinda de Rosa do Canto estava igualmente prevista, mas a acttiz sofreu um acidente nas vésperas da viagem e não os pôde acompanhar, para seu e nosso desgosto. Quem veio, para nosso prazer, foi a jovem actriz Cristina Areia e a cantora Cândida Branca-Flôr, de quem já tínhamos saudades de ouvir cantar e ver em palco. Apesar de poucos... foram bons!

Um verdadeiro espectáculo de revista à portuguesa com sketches cómicos e canções, ao qual o público se rendeu, desde os primeiros instantes, nos dois dias de espectáculo, tanto na capital, como em Differdange. O nosso Jornal teve a oportunidade de falar com os quatro artistas, sobre as impressões da sua passagem pelo Grão-Ducado. Quisemos também conhecer alguns dos seus novos projectos.

"As pessoas têm saudades deste tipo de espectáculo" Fernando Mendes mostrou-se satisfeito com o acolhimento a que teve direito ao chegar ao Grão-Ducado, dizendo que "o Luxemburgo foi o país da Europa onde fomos mais bem recebidos e onde o público aderiu melhor, com sorrisos, com aplausos e se deslocou em grande massa, para ver o nosso espectáculo". "Sentimos que as pessoas têm saudade deste tipo de espectáculo", disse Fernando Mendes, tentando explicar o sucesso desta "revista à portuguesa", que já levaram aos Estados Unidos, Canadá, Suiça, Alemanha e que brevemente estará em Paris. Fernando Mendes reconhece que a grande afluência a esta revista tem a ver com o grande sucesso da sitcom "Nós, os ricos," que passa regularmente na RTPi e que vai terminar brevemente.

Adiantou-nos, igualmente, que já recebeu convites para outros canais de televisão, para integrar projectos do mesmo género. Enquanto os projectos em televisão não avançam, confessou-nos que gostaria, e já há muito que pensa nisso, montar uma revista no Parque Mayer. "Pano para mangas" Carlos Areias, o actor que interpreta o papel do mordomo em "Nós, os ricos" reconheceu que, apesar de ser um actor sobejamente conhecido em Portugal, a sua carreira deu um salto, nomeadamente junto dos emigrantes, a partir do momento em que esta série começou a ser transmitida pela RTPi.

Carlos Areias lamenta um pouco o fim desta série já que, segundo ele, "há pano para mangas", o que é preciso é pegar bem no casaco. Sobre projectos futuros, disse não saber ainda nada de concreto, mas admitiu que o mesmo elenco da série vai provavelmente continuar junto, mesmo se for noutro projecto, ou noutro canal. "Mais uma novela, e Cinema talvez" Provando que "filho de peixe, sabe nadar", a actriz Cristina Areia, é filha de Carlos Areias e constituía o terceiro elemento deste elenco cómico.

Cristina Areia também não deixou de frisar a maneira carinhosa como foi recebida pelos espectadores portugueses do Luxemburgo. "Os espectáculos, para os nossos emigrantes, são sempre os mais emocionantes, porque nos acolhem com um carinho tão grande, que é quase sempre um público melhor do que o público português, lá em Portugal", disse.

No Luxemburgo o nome de Cristina Areia é pouco conhecido, mas em Portugal é já, apesar de jovem, uma conhecida actriz de revista, teatro e televisão. "Eu trabalho para os canais todos, mas vocês aqui só vêem a RTPi!", disse, como a edesculpar-se, com um sorriso. Foi precisamente na RTPi que a vimos recentemente na telenovela "Os Lobos".

É já em Janeiro, disse-nos, que vai começar a gravar uma nova novela da RTP, que deve estreiar no Verão na RTPi. Confiou ainda, estar à espera de um projecto para cinema, mas que, entretanto, gostaria de continuar a fazer espectáculos com o Fernando Mendes, que já acompanha há vários anos.

"Quero ajudar crianças abandonadas" Cândida Branca-Flôr, esteve pela última vez no Luxemburgo, há cerca de cinco anos. Desta vez regressou, mas trazida por um projecto diferente. Inseriu-se, naturalmente, nesta revista onde alternavam os sketches humorísticos com os seus maiores sucessos, com que nos brindou ao longo de quase duas horas de espectáculo. Adiantou-nos, que está já a trabalhar para o seu próximo álbum, mas que este não deverá sair antes do próximo Verão. Um álbum de originais que contará, igualmente, com alguns dos seus sucessos mais antigos, mas com arranjos novos, e canções de compositores seus favoritos, como é o caso do saudoso Carlos Paião.

Cândida Branca-Flor disse querer continuar "ligada à música, independentemente de continuar, ou não, a cantar. Gostava também de ajudar novos valores". "Tenho ainda projectos em relação a crianças portuguesas abandonadas, e tenho um convite para fazer um mega-concerto, em prol das crianças em Angola. Foram só dois dias, mas permanecerão inesquecíveis durante muito tempo, nas mentes de muitos de nós. Entretanto, fica a certeza de que os voltaremos a ver na RTPi.

José Luís Correia 
in jornal CONTACTO, 03/12/1999