sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Poema ao Meu Amor Nunca



Ao meu amor único
porque foste única
como o único amor que fizemos
esse amor que tanto renegámos
esse amor que não queríamos
de tanto o querer
esse amor do qual ríamos
esse amor que amordaçámos
durante tanto tempo.


Esse amor foste tu
sem que eu nunca o proclamasse
sem que tu nunca o proferisses
e, no entanto, em tudo o que dizias,
em tudo o que fazíamos,
até no amor que díziamos não ser,
esse amor era e ardia.
E como ardia...


Nós sabíamos,
mas não queríamos.
Mas o amor tem quereres
e quer lá saber de nós.

Esse amor foste tu
esse amor foste tudo
tão pleno, tão inteiro,
nasceu tão espontâneo e natural
como dois estranhos
que se tivessem reconhecido
ao passar um pelo outro
no meio da multidão.
Tu, tão tu, simplesmente tu,
tão inteiramente tu,
e deste-te assim a mim
nua, despojada, entregue, verdadeira,
já sem máscaras... há maior dádiva?

E contigo pude ser eu,
mais eu do que jamais fui
mais eu do que jamais ousei ser
mais eu que até me desconhecia.

Esse amor foste tu
esse amor que dei de barato
numa madrugada perdida.
Esse amor que neguei
só o reconheci depois de já não o ter,
depois de já não te ter.

Ao meu amor nunca, que foi muito mais do que nenhum outro. 
Alexandre Gaspar Weytjens, 03-04/2017 -

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