sábado, 13 de maio de 2017
Gomas de cereja
Cândido esplendor
tudo menos inocente
madrugada da minha perdição
foste relâmpago que me atravessou na noite escura
fogo que me arrancou do chão, luz tão pura,
sol a deflagrar sobre os meus oceanos
ventania que se alevantou sobre a minha plenitude
tempestade, terramoto, richter sete
o meu peito a rebentar em mosquete
pelotão de fuzilamento em riste
o 'teio' em desalinho
numa noite de desatino
e eu de peito rendido.
Como pode um coração ter dois amores
o teu, o meu, tão imperfeitos estes corações.
A mecânica imperfeita, desconcertada,
e nós à procura do conserto, do concerto, do que é certo...
Mas o amor quer lá saber,
o amor só tem quereres.
Como se o Amor fizesse sentido.
Tão tolos, tão loucos...
E nós, que queríamos tudo,
de tanto querer, quase fomos,
quase somos, quase-amor,
quase-vontade, quase tudo,
fomos quase nada.
E nós, que queríamos tudo,
este tanto-querer foi demais
chegou cedo, chegou tarde,
não chegou a ser.
Mas tu és, goma de cereja,
janela em flor, menina-sorriso,
olhos doces, gargalhada luminosa e genuína,
que mais posso eu querer do amor?
Juntos à beira do precipício,
a vertigem, o medo.
Vem, voa comigo! Saltei sozinho.
Ah, mas o voo...
E a queda vem sempre depois.
Enquanto não bater no chão, estou bem.
Menina, quanto tempo dura este voo?
E o que sobrou são gomas que guardei para ti
para te dar numa manhã de primavera que não aconteceu.
Alexandre Gaspar Weytjens, 03-04/2017
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