sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Populismo, round 2

O mundo parece deslizar aos poucos, mas perigosamente, no nacionalismo e no populismo. EUA, Itália, França, Luxemburgo (?).

Ainda de ressaca pela vitória de Donald Trump nos EUA, o mundo parece deslizar aos poucos, mas perigosamente, no nacionalismo e no populismo.

A Áustria escapou por pouco. Nas presidenciais de domingo, os austríacos preferiram um filho de refugiados pró-europeu aos slogans fascistas de um neonazi.

Já em Itália, o Governo pode vir a cair nas mãos do antieuropeu Beppe Grillo. Tudo está em suspenso depois de o primeiro-ministro Matteo Renzi ter anunciado na segunda-feira que é demissionário, após o referendo falhado de domingo. A consulta popular propunha reduzir os poderes do Senado e uma “regionalização” das províncias, mas o eleitorado viu uma oportunidade para sancionar Renzi pelo desemprego e a crise económica que alastram.

O referendo nada tinha a ver com a UE, mas os anti-europeístas Berlusconi, Grillo e a Liga do Norte instaram os eleitores a votar não pela “independência e liberdade” (?). Em tempos de crise, os oportunistas exploram os medos do povo para se projetar no palanque do poder.

A primeira a felicitar os defensores do não em Itália foi Marine Le Pen. A presidente da Frente Nacional (FN) já se vê em Maio de 2017 a conquistar o Eliseu numa gloriosa vitória à Trump. O populismo e o nacionalismo têm oportunistas dos dois lados.

Em França, a direita namora perigosamente com a extrema-direita e François Fillon propõe medidas que nem Sarkozy, de quem foi o primeiro-ministro, ousou. Vale tudo para seduzir os eleitores do FN e evitar Le Pen.

À esquerda, o mal-amado François Hollande atirou a toalha, logo apanhada em voo pelo seu “delfim” e ex-primeiro-ministro Michel Valls, que na realidade já não suportava o Presidente. Valls diz que quer “reconciliar toda a esquerda” e recorda 2002, quando Lionel Jospin foi relegado para terceiro e Jacques Chirac venceu para salvar a França de Jean-Marie Le Pen.

Mas antes das presidenciais, Valls vai ter que convencer os socialistas nas primárias de janeiro frente ao seu ex-colega de Governo, Arnaud Montebourg. O “outsider” chama-se Emmanuel Macron, também ex-ministro de Hollande, que é tudo menos de esquerda.

No Luxemburgo, a “musa” populista também seduz, com as autárquicas de 2017 e as legislativas de 2018 na mira. Num post publicado na sexta-feira no Facebook, o presidente do CSV, Marc Spautz, lamenta que certas escolas já não sejam “autorizadas” a festejar o São Nicolau. Hein? Quais escolas? Pois, Spautz não diz quais.

Bastou isso como rastilho para lançar a indignação nas redes sociais, essas novas praças da verdade suprema sempre prontas de facho em punho para mais um auto-de-fé.

José Luís Correia,
07/12/2016, in CONTACTO

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