Quando eu eu era pequenino, festejar o São Nicolau era algo novo para mim e para a minha família. Enquanto todos os meus amiguinhos luxemburgueses se alegravam no dia 6 de Dezembro com os brinquedos e chocolates que tinham recebido do santo patrono das crianças, eu voltava triste e cabisbaixo para casa, e perguntava à minha mãe porque razão o São Nicolau me tinha esquecido. Será que eu não tinha sido bem comportado?
A minha mãe explicava-me pacientemente que em Portugal é o Menino Jesus que traz os presentes, mas só depois da noite da Consoada, na manhã do dia 25. E sossegava-me: o Menino Jesus não me esqueceria, mas eu tinha que continuar a portar-me bem.
Com o tempo, os meus pais por certo não resistiram ao olhar abatido com que eu regressava a casa a cada São Nicolau porque, eu devia ter seis ou sete anos, quando comecei a receber chocolates e presentes no dia 6 de Dezembro... e novamente no dia 25. Na altura, lembro-me de ter pensado que o São Nicolau devia ter negociado com o Menino Jesus em meu favor.
Hoje, também eu sou pai e sei que vou ter que explicar ao meu filho quem é o São Nicolau e o Menino Jesus, ou talvez optar durante os primeiros anos por uma “fase de transição”, como os meus pais fizeram antes de mim.
Talvez seja esse uns dos segredos de uma integração bem sucedida: conseguir alcançar um compromisso entre as tradições das nossas origens e os costumes que adoptámos no nosso país de acolhimento.
José Luís Correia
in CONTACTO
23/12/2015
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
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