sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
-
cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

sábado, 29 de setembro de 2012

A irrequieta e irresoluta actividade de ler



Adoro ler, ando sempre com livros, revistas e jornais debaixo do braço ou dentro da mochila ou da bolsa. Leio em qualquer parte, na praia, numa esplanada de café, à beira-mar, à beira-rio, à beira-lago, num banco sossegado na orla de uma floresta...

Mas, bom, quando é aqui por casa, prefiro ler deitado no confortável sofá da sala de estar. O problema é que, assim refastelado, não posso tirar notas. Então mudo-me para a escrivaninha, no escritório, afasto o laptop, as facturas, as lapiseiras desarrumadas, os papéis caóticos, e instalo-me. Quando sentado no escritório passo pelos artigos e nada digno de registo aparece para eu guardar na minha sebenta.

Passados uns minutos, doem-me as costas da posição desconfortável ou da cadeira desengonçada, reconsidero, pego nas revistas e nos jornais e volto à sala. Escolho uma posição cómoda mas, após folhear novamente as mesmas páginas, encontro logo ali um pensamento interessante, uma frase bem torneada, uma expressão bem formulada, quero apontar e o caderno de notas ficou no escritório.

Volto ao escritório, aponto a frase, trago o bloco-notas comigo para a sala, mas assim deitado não dá mesmo jeito nenhum para tirar apontamentos, e as canetas entram em greve assim que as ponho a fazer o pino.

Regresso ao escritório mais uma meia-dúzia de vezes, aproveito a desculpa para voltar a encher a minha chávena de café, para ir à casa-de-banho, para ver se lá fora já chove, se o Outono começou mesmo, e nisto faço umas incontáveis idas e voltas entre a sala e o escritório.

Quem disse que ler era uma actividade tranquila?

Bom, às tantas, fico franca e fisicamente cansado, já não me doem só as costas, doem-me também as pernas, e o excesso de reabastecimento em cafeína está a pôr-me demasiado nervoso para ficar simplesmente tranquilo e a ler.

Vou voltar a fazer como fazia antes: vou dobrar os cantos das páginas das revistas e dos jornais que me chamaram a atenção, para apontar para mais tarde... o que nunca acontece, porque entretanto a vida continua.

Sem comentários: