sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Já chegou a nova revista LER. O meu mês já pode começar :-)



O que gosto na LER é que é uma revista literária que não se restringe aos sacro-santos estilos e formatos literários pelos quais juram os (supostos) intelectuais dos nossos dias, e ousa sem pejo abordar assuntos menos mainstream como a ficção-científica ou a banda desenhada. 


SF - É assim, como prazer jubilatório, que me deparei com duas páginas dedicadas a um clássico da ficção-científica britânica, "Quatermass and The Pit", da autoria de Nigel Kneale, artigo no qual Rogério Casanova aproveita para evocar mestres da SF (Science Fiction ou FC, Ficção Científica) como HG Wells, Lovecraft e Jack Handey e até fala em Eric van Daniken e da sua célebre Teoria dos Antigos Astronautas. E a meio da revista, como quem não quer a coisa, fala em Edgar Rice Burroughs (o criador de Tarzan), a propósito do seu "John Carter" (Crónicas Marcianas), que acaba se sair no cinema. Muito bom mesmo. 


Um catalão, um italiano, uma brasileira, dois portugueses e um inédito de Vitorino Nemésio 

Depois, prazer imenso ao ler a entrevista de Carlos Vaz Marques a Enrique Vilas-Matas, em que o catalâo volta a repetir que recusaria o Nobel da Literatura se este lhe fosse atribuído. E responde com humor ao Questionário de Proust, que o entrevistador resolve de imprevisto lançar como desafio ao escritor.


Venho à tona de água e volto a mergulhar no prazer.


Nove páginas sobre o mais português e o mais pessoano dos italianos, Antonio Tabucchi, que nos deixou há pouco tempo.


Página panorâmica sobre a autora brasileira Clarice Lispector (1920-1977) por ocasião da publicação em Portugal de "Lustre" e "Água Viva".

E porque a literatura também é sublimada através da sétima arte, a LER apresenta a mais recente obra do cineasta mais idoso do Mundo ainda em actividade, Manoel de Oliveira (103 anos!), "O Gebo e A Sombra", adaptação do livro homónimo de Raúl Brandão (1923). E, de passagem, publica um texto inédito de Vitorino Nemésio sobre Brandão.


BD lusa: De 1872 aos nossos dias


A LER aproveitou esta edição para transfigurar a sua capa (imagem em cima) num dos expoentes emergentes da Nona Arte, o português João Lemos, que a Marvel já adoptou.


A revista dedica ao todo 11 páginas à BD portuguesa + 1 sobre a saída recente em Portugal de "Persépolis", da iraniana Marjane Satrapi. 


A LER passa em revista rápida os nomes dos percursores da banda desenhada em Portugal como Rafael Bordalo Pinheiro (primeira BD, em 1872), Stuart Carvalhais (1887-1961), Carlos Botelho (1899-1982), Eduardo Teixeira Coelho (1919-2005), José Garcês (n. 1928), José Ruy (n. 1930) e revistas como Mosquito (dos anos 1930 aos anos 80) e Visão (anos 70), para chegar aos jovens talentos que começam a fazer-se notar hoje a nível nacional e internacional. 


Como os que começaram já a trabalhar para gigantes como a Marvel. João Lemos assinou recentemente um número de Wolwerine (imagem da esquerda) e participou com Ricardo Tércio e Nuno Plati num volume colectivo com argumento de C.B. Cebulski; ou a Dark Horse, para a qual Filipe Melo editou, em co-autoria com Juan Cavia, "As Incríveis Aventuras de Dog Mendoza & Pizza Boy". 


Entre muitos outros, como: Diniz Conefrey, José Carlos Fernandes (A Pior Banda do Mundo; Aaron Slobodj), Miguel Rocha, Filipe Abranches (Lanza en Astillero; Diário de K.), Nuno Saraiva, António Jorge Gonçalves, Eliseu Gouveia, Miguel Montenegro, Ana Freitas, Mário Freitas, Filipe Teixeira, Filipe Andrade, Rui Lacas (Merci Patron!), André Lemos (Mediaeval Spectres Soaked in Syrup), David Soares (Mucha) & com Pedro Nora (M. Burroughs), Paulo Monteiro (O Amor Infinito Que Te Tenho e Outras Histórias), Bruno Borges, Miguel Carneiro, Susa Monteiro (Adeus Tristeza), Osvaldo Medina (A Fórmula da Felicidade), Pepedelrey (A Tua Carne é Má), Joana Figueiredo, Carlos Pinheiro, Marcos Farrajota, Pedro Serpa ou José Feitor. 


Nomes a ter em atenção no futuro da literatura portuguesa quer venha aos quadradinhos, em pranchas, storyboards, romances gráficos ou comics.


Porque a BD é um fascínio para quem é fã, a LER não resistiu a partilhar connosco a génese e o making of da capa deste mês da revista, concebida por João Lemos (o tal da Marvel).



Ainda não li tudo, mas o mês ainda nem vai a meio...

2 comentários:

rui miguel duarte disse...

É possível comprá-la por aqui, no Luxemburgo? Ou só por encomenda?

Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correia disse...

Infelizmente, no Luxemburgo não se encontra em lugar nenhum. Eu sou assinante. Mais pormenores no blogue da revista (http://ler.blogs.sapo.pt/) ou no site: http://www.circuloleitores.pt/gca/?id=362 Abraço