A propósito do 30° aniversário que a Federação das Associações Portuguesas no Luxemburgo (FAPL) está a preparar para este sábado, 24 de Janeiro, em Clausen (ver artigo na pág.) , permitam-me algumas reflexões.
Criada em 1978 no seio do CASA (Centro de Apoio Social e Associativo), a FAPL constituíra-se com a ambição de unir todas as associações portuguesas do Grão-Ducado, para que falassem a uma só voz junto das autoridades luxemburguesas.
Mercê de rivalidades bairristas que, infelizmente, quase sempre caracterizaram o movimento associativo português no Luxemburgo, por apreensão desse terrível verbo "federar" (que aterroriza de igual modo as populações quando se evoca o futuro da União Europeia) ou por incompatibilidade(s) com o presidente da então recém-criada federação, José Ferreira Trindade (e que ainda hoje a preside), muitas foram as associações que não responderam ao apelo de união da FAPL no fim dos anos 1970.
Para além disso, depressa a federação se tornou um organismo em que estavam inscritos mais clubes de futebol lusos do que associações ou grupos de outra índole e assim a instituição passou a gerir, quase naturalmente, o campeonato de futebol português do Luxemburgo.
Esta competição paralela ao campeonato da Federação Luxemburguesa de Futebol (FLF) e que nunca conseguiu receber o reconhecimento da parte deste órgão supremo do futebol grão-ducal (o que levou muitos clubes portugueses do burgo a procurarem na última década a fusão com congéneres luxemburgueses), era, no entanto, muito seguida pelo público lusófono e jogos havia que contavam mais espectadores do que os encontros oficiais luxemburgueses. O campeonato português chegou a ter, recorde-se, duas divisões disputadas por 25 clubes de norte a sul do Grão-Ducado.
Depois da extinção do Campeonato da FAPL em 2002, foi a Liga Portuguesa de Futebol no Luxemburgo (LPFL) que passou a agendar os jogos entre os clubes portugueses. Mas novas disputas, desta feita entre a FAPL e a Liga, quanto a desacordos relativos ao pagamento do aluguer no n°15 Montée de Clausen (sede da FAPL) levaram a LPFL a ficar sem sede e a suspender sine die o campeonato em 2006.
No entanto, os jogos não pararam e seis equipas continuaram a disputar um Torneio (ou Taça) do Sul até Dezembro de 2008. Actualmente, os clubes do Sul e a Liga discutem uma eventual retoma do campeonato alargado a mais equipas a partir de Março. Mas nada é menos certo.
Entretanto, e porque com o passar dos anos as autoridades grã-ducais continuavam a pedir (insistir) para que a comunidade falasse em uníssono, surgira, em 1991, a Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL).
Como a FAPL, nesses idos, estava ocupada quase exclusivamente com o futebol, foi a este último organismo de cúpula que se juntaram dezenas de associações e centenas de membros, inclusive José Trindade, que chegou a fazer parte da direcção da CCPL.
Foi por isso que, após 2002, despojada da sua "camisola futebolística", que lhe valera honra e pergaminhos, a FAPL se viu reduzida a uma federação inane e sem carta de marear.
A "instituição-irmã", CASA, também presidida por Trindade, é activa no registo do apoio associativo e a Comissão da Comunidade Portuguesa do Luxemburgo (CCPL), presidida pelo mesmo dirigente e sediada na mesma morada, representa as associações portuguesas da capital.
O que sobra assim à FAPL? Ainda tem futuro, após três décadas gloriosas? Que objectivos se propõe agora? É a essa e outras questões que deverá responder o presidente "three-in-one" Trindade, no sábado à noite.
José Luís Correia, in Contacto de 21.01.2009
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