sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

o apocalipse dos trabalhadores / l'apocalipse des ouvriers

"(...) o senhor ferreira pegara no volume das poesias de rainer maria rilke (...) todo traduzido do alemão com jeito de discurso divino, é um livro sagrado, dizia-lhe ele. isto que aqui está é melhor do que a bíblia. com coisas destas se matam de maior humanidade as religiões. ela perguntava, quem mata as religiões. e ele respondia, os artistas. fazem com que as religiões sejam intuitivas paixões pela vida, que é o que devia ser uma religião, apenas isso, uma profunda e tão intuitiva paixão pela vida. os artistas são o que de mais perto existe da humanidade. que, mais do que isso, só estamos ainda nas aproximações a essa ideia, a da humanidade. a maria da graça dizia, que coisa tola, senhor ferreira, que agora nem somos humanos, é o que quer dizer. e ele respondia, pois não, nós não. alguns artistas sim, porque chegam muito mais depressa do que nós a todas as coisas."

maria da graça recordando o senhor ferreira, depois de este se suicidar
in "o apocalipse dos trabalhadores" (pág. 58/59), de valter hugo mãe (Ed. Quid Novi, 2008)

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VF (traduction libre)

"(...) monsieur ferreira pris le volume des poésies de rainer maria rilke (...) traduit en complet de l'allemand dans un style de discours divin, c'est un livre sacré, lui disait-il, ceci est mieux que la bible. avec des choses comme celles-ci on tue avec une plus grande humanité les religions. elle demandait, qui tue les religions. et il répondait, les artistes. ils font en sorte que les religions soient des passions intuitives pour la vie, c'est d'ailleurs ce que la religion devrait être, juste celá, une profonde et si intuitive passion pour la vie. les artistes c'est ce qu'il y a de plus proche de l'humanité. car, bien plus que ça, nous nous rapprochons à peine de cette idée, celle de l'humanité. maria da graça disait, quelle sottise, monsieur ferreira, maintenant nous ne sommes même plus humains, c'est ce que vous voulez dire. et il répondait. biensûr que non, pas nous. certains artistes oui, car ils arrivent bien plus vite que nous a toutes choses."


maria da graça se souvenant monsieur ferreira, aprés que celui-ci se soit suicidé
in "o apocalipse dos trabalhadores" (pages 58/59) (l'apocalipse des ouvriers), de valter hugo mãe (Ed. Quid Novi, 2008)

Foto: valter hugo mãe por/par Nelson d'Aires

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