sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

domingo, 14 de dezembro de 2008

"Longe vão os tempos da Arbed"

Trabalhador português da ArcelorMittal lamenta:
"Longe vão os tempos da Arbed"

Horácio (nome fictício, a pedido do entrevistado), trabalhador do grupo ArcelorMittal numa das instalações da empresa no sul do Luxemburgo, diz ao CONTACTO que "estava a sair do trabalho quando soube da notícia", i.e., do despedimento de 400 trabalhadores que a empresa vai levar a cabo só no Grão-Ducado, a par dos 9 mil despedimentos a nível mundial, dos quais 6 mil na Europa.
Horácio está no grupo ArcelorMittal há quase uma década, mas ainda hoje diz "Arbed" quando fala da empresa.

"Tenho um contrato Arbed, não temo as medidas anunciadas na quinta-feira", garante com voz segura Horácio. O trabalhador português é técnico numa das oito fábricas da ArcelorMittal no país, e sabe que os despedimentos vão sobretudo afectar os "colarinhos brancos" da administração da empresa. "Mas não é por isso", que diz não temer as medidas, frisa. "No meu contrato de trabalho vem estipulado que se tiverem de me despedir devem, através da Célula de Reclassificação [Célule de Reclassement, CDR], encontrar-me trabalho noutro lugar."

Embora diga não concordar com estes despedimentos, face aos 9 mil milhões de euros de lucros que o grupo encaixou só neste ano de 2008, considera que "com a actual crise económica, não era de esperar outra decisão".

"Já nos anos 70 e 80 a conjuntura económica fez com que a Arbed despedisse pela primeira vez muitos trabalhadores. Foi aí que criaram a CDR. A empresa conseguiu encontrar-lhes trabalho em empresas como os P&T ou em certas autarquias", e é nisso que "estou confiante", diz.

Horácio sabe que nem todos os seus colegas de trabalho têm a sua sorte, sobretudo os que chegaram depois de 2001, que não gozam das mesmas cláusulas que ele no contrato de trabalho.

"Actualmente, a maioria dos trabalhadores da Arcelor são fronteiriços, franceses e belgas, já há poucos luxemburgueses", revela.

E portugueses?, perguntamos nós. "Deve haver entre 50 a 100... não tenho a certeza...Nem sei se alguns serão afectados, há muitos pólos da empresa no país, não conheço toda a gente!", responde.

"Mas não foram só as cláusulas dos contratos de trabalho que mudaram fusão após fusão...", acrescenta, "...o ambiente de trabalho degradou-se muito".

"Desde que os accionistas deixaram de ser exclusivamente luxemburgueses, a pressão da direcção sobre os chefes de secção aumentou e estes repercutiram-na sobre os trabalhadores... O ambiente degradou-se ... e muito!", insiste Horácio.

Recorde-se que o grupo siderúrgico luxemburguês Arbed foi alvo de uma fusão com a empresa espanhola Acerália e com a francesa Usinor em Dezembro de 2001, criando a Arcelor. Esta viria, por sua vez, a fundir-se, em Julho de 2006, com a indiana Mittal Steel, cujo director-geral é o milionário indiano Lakshmi Mittal. Recorde-se que Lakshmi é "apenas" a quarta fortuna do Mundo, segundo anunciava a revista "Forbes" de 6 de Março de 2008.

José Luís Correia, in Contacto, 03.12.08
Foto: JLC

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma das empresas do mundo que mais lucros regista, vai cortar 9 mil empregos??? Hipocrisia capitalista! No Luxo-burgo tudo é possivel! Tenho uma prima que vive aí e diz-me que a crise até aí se sente. O Luxo-burgo já não é uma ilha.

joana vasconcelos do ó, porto