Regresso ao passado, algo perturbador. A minha aldeia natal, entalada entre três fronteiras, transfigura-se.
A antiga escola primária Ecole des Garçons mudou de nome, chama-se "Neiwiss" agora. A escola está a ser renovada, os arredores estão em obras, toda a localidade está a mudar.
Construiram um centro desportivo no largo onde montavam a quermesse, onde eu pescava patinhos de plástico e onde eu aprendi a andar de bicicleta. O forte e o comboio em madeira do parque infantil onde eu brincava foram arrasados, substituidos por balancés e escorregas ergonómicos de cores ultra-berrantes e modernas, onde náo vi nenhuma criança. A mini-cascata que para mim parecia imensa foi abaixo e no lugar está um parque de estacionamento. Já ninguém se detém diante da velha locomotiva mineira, vestígio do património siderúrgico local, antes admirada, hoje grafitada impunemente.
A casa da minha infância foi demolida. Era um velho hotel, com salão de baile e tudo, no canto da rue de la Gendarmerie com a route de Longwy (n°67), que teve os seus tempos auréos no princípio do século passado. O que poderia ter sido considerado património municipal não foi recuperado. No local está a nascer uma residência com vários apartamentos. Uma residência igual a que foi construída no terreno baldio em frente, onde jogava à bola, à barra, às escondidas, ao apanha com os meus primeiros amigos, o Mário, o Narciso, o Tó-Luís, o Miguel, o Rui, a Chantal, o Jerôme...
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