sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
-
cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Ingrid Betancourt LIBERTADA



A senadora franco-columbiana Ingrid Betancourt (hoje com 46 anos) foi libertada ontem à noite. Após quase seis anos e meio sequestrada pelas FARC colombianas (desde 23 de Fevereiro de 2002, dias antes de se apresentar como candidata presidencial pelo partido que fundara, Oxigénio Verde!). O exército colombiano e o presidente Alvaro Uribe planearam assim uma inteligente e bem sucedida operação militar de salvamento, nas barbas das FARC enfraquecidas (morreram recentemente alguns dos líderes que encabeçavam o movimento guerrilheiro marxista-leninista), e sem efusão de sangue, provando assim que a subtileza política e militar é por vezes mais eficiente do que a "diplomacia à força, façon Sarkozy".

Ingrid foi deputada, depois senadora na Colômbia, destacando-se por ser um líder político sem cedências. Lutando pela democracia, activa defensora da ecologia, demonstrou desde sempre a sua feroz oposição contra as FARC, a corrupção política e o narcotráfico, e era já, antes de ser raptada, um símbolo de resistência e luta no seu país. Tentou escapar por cinco vezes, e apesar de fisicamente debilitada nunca baixou os braços durante o penoso cativeiro (como atesta a carta que escreveu à mãe em 2007).

Volta agora à liberdade e à família. E, como nunca desiste de lutar, quem sabe se tornará a ser candidata presidencial. E, nesse caso, adiantemo-nos no marcador: o povo preferirá quem entre a Mãe Coragem e Uribe, que esta libertação transformou em Presidente-herói? O futuro de Betancourt e das FARC são as cenas do próximo capítulo que o público aguarda...

Os rebentos desta nova Mãe Coragem, Mélanie e Lorenzo, revelaram-se também Filhos Coragem. Lutaram ao longo de mais de seis difíceis anos pela libertação da mãe, pela sensibilização da opinião pública para o caso dos sequestros das FARC até aí marginalizado pela imprensa internacional, multiplicaram-se em conferências, marchas, comités de apoio. Eles, que na altura, tinha apenas entrado na adolescência, tiverem de crescer à força.

É raro que as notícias do dia sejam ... boas notícias. Inter-pares, alguns jornalistas "de craveira" costumam até dizer, na galhofa "No news, good news!", o que para eles significa cinicamente "boas notícias não são notícias!"

É em dias destes que me regozijo de ser jornalista e poder escrever sobre este tipo de assuntos.


Luso-americano faz parte dos reféns libertados


Foram ainda libertados pelo exército colombiano dois norte-americanos, 11 militares colombianos e o luso-americano Marc Gonçalves, descendente de emigrantes madeirenses por parte do avô e de açorianos por parte da avó, que havia sido sequestrado em 13 de Fevereiro de 2003, depois de o avião em que viajava se ter despenhado na selva colombiana e de os sobreviventes terem sido cercados pelas FARC. Os guerrilheiros executaram os tripulantes
e fizeram reféns Marc Gonçalves, Keith Stansell e Thomas Howes. Gonçalves estava em missão de vigilância do cultivo de droga na selva colombiana ao serviço de uma companhia privada contratada pelo governo norte-americano.

Sem comentários: