sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Poema-lampo

Diz-me, Amor
onde estão o Afonso, a Inês, o Telmo e o Samuel
os quatro cavaleiros de génio do meu genesis
e o professor, o astronauta, o arquitecto,
o balde de legos, o carnaval dos pobres,
e todo o rancho da minha infância de redoma
e todo o séquito de heróis dos mundos que me inventei
transviei-me nas viagens que não fiz
nem pelo equador nem pela via láctea,
nem pelo meu quarto?...

Onde paira o marinheiro do Ó
para que lado fica o crespúsculo no montado deitado
o apartamento novo de grandes janelas indiscretas
que deixavam o sol penetrar o teu vestido
onde estão as tuas canções, as promessas vãs,
o futuro do fruto do teu ventre bom
hoje são estrume amontoado pelo chão
folhas velhas que aprodeceram
no paço vazio e sombrio do meu Outono temporão?

Diz-me amor,
se o Amor é como os figos
doce, frágil, colorido e pegajoso
mas que não consegues parar de comer
lambuzando mãos, lábios, queixo e tudo
mas pedes mais e nunca te sentes enfastiado?

Diz-me Amor,
porque me falas das mulheres que me desejam
se me lembro apenas das que me traíram,
efeitos secundários da brisa que já sopra do Lethes?


JLC

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