sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

sexta-feira, 21 de março de 2008

O talão de Aquiles das Olimpíadas chinesas ou como restabelecer tréguas olímpicas pelo Tibete

Tanto que a China lutou por estas Olimpiadas e nem o seu genuino valor ideológico percebe ou quer entender. Até que ponto o Comité Olímpico Internacional se deixou prostituir, violou a ideologia original do que os Jogos pretendem ser e é conivente com essas ambições puramente comerciais e de propaganda política do governo central de Pequim?

Quando foram instituídos pelos Gregos, na Antiguidade, os Jogos Olimpicos eram tempo de tréguas nas sempiternas guerras fractricidas entre Esparta, Atenas e outras cidades-estado gregas. As tréguas eram respeitadas porque todos acreditavam que valores mais altos se alevantavam: a sublimação do Homem enquanto ser que almeja a perfeição. Ir mais longe, mais alto, ser mais forte, "sitius, altius, fortius", como os romanos mais tarde viriam a dizer.
Hoje, perdeu-se esse espírito.

É inadmissível a opressão militar que a China, na sua ambição imperalista e dominadora, impõe a um Tibete que era independente há muito e recusa teimosa em negociar com o Dalai Lama, que trata de terrorista separatista.

Eu era inicialmente contra a atribuição dos JO à China. Mas talvez estes sirvam para encontrar uma solução à crise no Tibete e às violações dos direitos do Homem de que aquele regime é regularmente protagonista. É utópico sonhar que estes JO sejam o rastilho de uma China democrática? Uma China que viola diariamente os direitos fundamentais do ser humano, da liberdade de imprensa e abafa com um punho de ferro todos os contestatários. A mesma China que atacou uma manifestação de estudantes na praça de Tien An Men em 1989 com tanques. Uma sui generis ditadura opressora de extrema esquerda que consegue fazer a espargata com o capitalismo selvagem.

Exposta nessa vitrine mundial privilegiada que os JO oferecem, a China terá percebido tarde demais que essa glória não tolera posições ditatoriais e autistas e custa o preço de certas cedências políticas. A não ser que o Império do Meio queira definitivamente dar um tiro no pé (de barro?), arriscar um boicote maior do que os que afectaram os JO de Moscovo (1980) e de Los Angeles (1984), no que se tornaria um desaire financeiro e comercial para o país e a pior Olímpiada de que a Era Moderna teria memória. A questão é infelizmente apenas económica. Pode a China pagar essa factura de má publicidade?

Para os que acreditam que estes JO podem fazer avançar as coisas e que todos nós podemos fazer a diferença, deixo aqui uma petição a assinar por um Tibete independente.

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