transepto
o olhar submetido e lascivo
os gestos devotos e gulosos
a língua proferindo verbos ansiados nos lábios sedentos
pele de rosáceas em flor
os corpos tocam-se, os sangues misturam-se
os cabelos na boca consagrando o peito
os dedos desejando a prece que se empolga
os dentes rasgam a hóstia negligente
as unhas cravam as nádegas azuis
o crucifixo engole o falo proeminente
as mãos rezam a um deus que cresce
o vinho é docilmente ofertado num cacho garboso,
a penitente toma o cálice em êxtase
e bebe piedosamente no genuflexório movimento
de se prostar e de ser penetrada pela fé que a inunda profundamente
o rosto e o queixo rojando nas lajes de mármore frio
por dentro a espinha arde, dobrada apenas para amar.
JLC2006
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