quando fecho os olhos
a dor desaparece
o barulho extingue-se
o mundo cala-se
esqueço o corpo imundo
não vejo o cratera negro nauseabundo que a bala deixou no meu peito
o buraco putrido na nuca por onde me arrancaram o coração
as imagens sórdidas já não me atormentam o cérebro em decomposição
os vis instantes não me rastejam pelas pálpebras como insectos nojentos
o veneno asqueroso já não me estanca o sangue malignamente
estendo-me sobre o lençol na mesa da cozinha
a sangue frio, arrepio a pele, puxo pelas veias,
extraio a peçonha toda que resta nas feridas ainda abertas
pinga asquerosamente sangue aleivoso e pus pérfido no alguidar
sacudo o invúlcro maculado
exponho-o à luz do dia
puxo da agulha de prata
remendo os buracos vácuos
corpo purificado e pronto
para outra
e se eu fechar os olhos
a esta velocidade na autoestrada?
nem mil hordas de anjos em fúria
agarrados aos meus braços
hão-de salvar-me de mim!
Alexandre Weytjens - 270707
sexta-feira, 27 de julho de 2007
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