Os portugueses do Luxemburgo são um "modelo de integração", opinou o ministro da Administração Interna português, António Costa, durante um encontro com representantes da comunidade portuguesa.
"A integração dos portugueses na sociedade luxemburguesa é frequentemente citada no Conselho de Ministros da Justiça e Assuntos Internos como um modelo a seguir”, disse António Costa à cerca de meia centena de representantes da comunidade portuguesa presentes na recepção que teve lugar a 18 de Abril na residência da Embaixada, e à qual também assistiu o ministro da Justiça luxemburguês, Luc Frieden .
O ministro português adiantou que Luc Frieden , que conhece desde 1999, altura em que eram ambos titulares da pasta da Justiça, sempre lhe falou muito positivamente da comunidade portuguesa radicada no Luxemburgo.
"E eu ouvia isso com orgulho!", confiou António Costa.
"Encontrar-me com um português no Luxemburgo é como encontrar-me com um luxemburguês, tal é o grande número de portugueses que aqui residem. Estamos em Portugal ou no Luxemburgo? Portugal poderia sobreviver sem o Luxemburgo, já o Luxemburgo não poderia sobreviver sem Portugal. A nossa economia não funcionaria sem os portugueses", respondeu, por seu lado, o ministro luxemburguês.
Evocando a lei da dupla nacionalidade, que o Luxemburgo deverá votar no decurso do ano, Frieden explicou as razões e as vantagens que esta proporcionará à comunidade portuguesa, a mais numerosa do país, representando cerca de 15 % da população total e mais de 25 % da população activa.
"Os portugueses deram muito ao nosso país e nós também lhe queremos dar algo mais do que um bom nível de vida. Foi a pensar nisso que avançámos com o projecto-lei da dupla nacionalidade (n.d.R.: que permite aceder à nacionalidade luxemburguesa sem a perda da nacionalidade de origem), que foi concebido a pensar sobretudo nos portugueses", disse Frieden .
Para o ministro luxemburguês, "a dupla nacionalidade deve ser vista como uma ponte para a sociedade luxemburguesa, para a participação política e cívica".
Sobre a condição de residência (sete anos) para obtenção da naturalização como previsto no projecto-lei, o ministro da Justiça luxemburguês considera que "esta não afecta a maior parte dos portugueses que aqui estão há muito mais tempo”, explicou.
Durante o encontro, António Costa evocou igualmente a inauguração para breve das novas instalações do Consulado-Geral de Portugal em Merl, o lançamento do "Consulado Virtual" até ao final do ano, bem como o programa NetInvest, que visa apoiar o investimento directo em Portugal por empresários das comunidades portuguesas.
TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS
A partir de uma ideia do fotógrafo americano de origem luxemburguesa, Edward Steichen, a mostra permanente junta fotografias enviadas dos quatro cantos do Mundo que retratam rostos de gente da grande família que é a Humanidade.
No encontro com representantes da comunidade portuguesa na residência da Embaixada, Frieden confiou que ao ver novamente com António Costa as obras reunidas por Steichen – que emigrou na primeira metade do século XX para os Estados Unidos, onde se tornou famoso a fotografar actrizes de cinema e individualidades da cultura e da política norte-americanas – , o interpelaram para o fenómeno dos migrantes.
"Na exposição, ficamos a perceber que somos todos mais parecidos do que poderíamos pensar à partida. Devemos por isso conseguir viver juntos. O modelo luxemburguês de integração da comunidade portuguesa deve servir de modelo para outros países com fortes comunidades imigrantes", considerou o ministro da Justiça luxemburguês, subscrevendo o que já dissera António Costa.
A incursão ao Norte do Grão-Ducado serviu também, segundo Frieden , para fazer descobrir a António Costa os encantos do Oesling, mais verde e viçoso do que a região da capital, onde costumam decorrer os conselhos europeus, e que o ministro português conhece bem.
Os dois ministros participaram nos dois dias seguintes, quinta e sexta-feira, no Conselho de Justiça e Assuntos Internos da União Europeia (JAI), que decorreu igualmente no Grão-Ducado.
José Luís Correia (in Contacto, 25.04.07)