sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
-
cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

espuma psicadélica
O cheiro misturado dos nossos corpos suados pairava no quarto frio. A neblina surreal da noite esbatia-se indefesa contra a vidraça. Os meus dedos instintivamente percorreram todos os recantos do teu corpo antes dos meus lábios lhes seguirem o trilho traçado. Dançaste na minha boca acariciada pela luz indistinta da lua. Semi-ocultos na penumbra do quarto. Um no outro, num movimento brando.
Rasgos de luz vermelha, do néon lá fora, "rooms", transfiguravam-te o rosto, recortavam-te os ombros e os braços nus, os seios cheios, lambiam-te a duna morna da barriga, as coxas doces. Os meus dedos ledos desenhavam o aparado perfeito do triângulo isósceles, quero lá saber dos catetos de Pitágoras agora, como um geógrafo mapeando os continentes da utopia. Os teus seios na minha boca.
Fiz-me ao mar, em vagas sucessivas, a nau emproada, os lençóis enfunados, vencendo marés vivas e neptunos ferozes, dobrando cabos e promontórios, subindo estreitos e peninsulas, contornando ilhas, desbravando as terras prometidas, todas as atitudes e longitudes do teu corpo salgado.
As minhas mãos à deriva.
Os sóis ardendo, as constelações pulsando e desenhando nas estrelas o caminho sem astrolábio.
Abalroei na baía desejada inda não era madrugada, fundeei os meus flancos antigos, semelhantes às coxas cansadas de zeus em rhodes, no teu porto de abrigo. Beijaste as minhas cicatrizes de mar dos sargaços.
Num cansaço milenar, como se navegasse desde magalhães, num derrame rouco de boas esperanças, adormeci ancorado a ti. A espuma dos nossos dias.

4 comentários:

Alexandre Gaspar Weytjens a.k.a. José Lus Correia disse...

MENSAGEM enviada por CAVIC.:
Gostaria de lhe confessar que acho que você é um homem atento e muito válido no seio da nossa comunidade, mas, sobretudo, um pensador, um sonhador, e é preciso não perder a capacidade de sonhar, porque só assim pode ir para a frente com os seus projectos de informar o público e de transformar o céu do Luxemburgo em poesia. Não gostaria de deixar este país sem levar na mala um livro de poemas seus! Tem tudo para isso...
Um abraço amigo do Carlos Vicente

Voyages en Suspens disse...

olá amigo weytjens
desculpa l- fui desafiado a desafiar alguns bloguistas
por favor consulte
http://paulolobo.blogspot.com/2007/01/manias.html

Lis disse...

Muito bonito...embalou-me...quase te ouvi.
Parabens!

Anónimo disse...

;o)

yéééhaaaaa !

beijinhos !