les damnés
os poetas malditos acreditam que só a tragédia é a verdadeira musa, que só o inferno conduz ao exorcismo das palavras-vómito, que só a catarse transmuta a alma sangrenta na magia das letras, dando finalmente corpo e sentido ao desequilíbrio dos sentidos.
já experimentei deitar a felicidade exacerbada no papel, em estado de êxtase quase eufóricó-orgásmico. Mas depois de deixar secar a tinta e ver a folha amarelar no outono dos dias, concluo tristemente que tudo o que a pena pingou foi torpe simualcro de literatura
sábado, 30 de setembro de 2006
quinta-feira, 14 de setembro de 2006
EXtasy
A minha amante. Desejei-a tanto. Ao fim de muitos dias, ela cedeu. Finalmente. Trouxe-a até este quarto. Veio, dócil, pela minha mão.
A luz que penetrava pela janela recortava-lhe a silhueta perfeita. Deixou cair o vestido, pudicamente, pelo corpo abaixo. Revelou-me os seios redondos, belos, os ombros nus, o delta do sexo aparado, os pêlos, os poros, as rugas, as linhas da pele, as nódoas negras, as cicatrizes, as feridas das balas, o local e a história dos vestígios de fracturas, toda a geografia do seu corpo exposto.
"Não chores, não sou uma vítima!", confessou-me. Falou-me dos seus 250 assassinatos. Por encomenda, por dívida, por crime político, por droga, por diversão, por bebedeira (estrabismo etílico), por engano... Por enforcamento, afogamento, evenenamento, esfaqueamento, com beretta, revólver, à queima-roupa, com silenciador, carabina, espingarda, com objectiva, punhal, corda de pesca, electrocução, explosão, carro armadilhado...
Deu uns passos na minha direcção. Baixou os olhos, acendeu um cigarro, suspendeu-o aos lábios finos e prometeu-me, em voz serena, como se fosse um acto de contrição: "Amo-te! Se te matar, hás-de ser o meu último!"
O copo de uísque permanecia intocado na cómoda velha do quarto 381 quando a pequena morte inundou as veias de todo o meu sangue.
A minha amante. Desejei-a tanto. Ao fim de muitos dias, ela cedeu. Finalmente. Trouxe-a até este quarto. Veio, dócil, pela minha mão.
A luz que penetrava pela janela recortava-lhe a silhueta perfeita. Deixou cair o vestido, pudicamente, pelo corpo abaixo. Revelou-me os seios redondos, belos, os ombros nus, o delta do sexo aparado, os pêlos, os poros, as rugas, as linhas da pele, as nódoas negras, as cicatrizes, as feridas das balas, o local e a história dos vestígios de fracturas, toda a geografia do seu corpo exposto.
"Não chores, não sou uma vítima!", confessou-me. Falou-me dos seus 250 assassinatos. Por encomenda, por dívida, por crime político, por droga, por diversão, por bebedeira (estrabismo etílico), por engano... Por enforcamento, afogamento, evenenamento, esfaqueamento, com beretta, revólver, à queima-roupa, com silenciador, carabina, espingarda, com objectiva, punhal, corda de pesca, electrocução, explosão, carro armadilhado...
Deu uns passos na minha direcção. Baixou os olhos, acendeu um cigarro, suspendeu-o aos lábios finos e prometeu-me, em voz serena, como se fosse um acto de contrição: "Amo-te! Se te matar, hás-de ser o meu último!"
O copo de uísque permanecia intocado na cómoda velha do quarto 381 quando a pequena morte inundou as veias de todo o meu sangue.
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