sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
-
cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quinta-feira, 15 de junho de 2006

Portugueses têm os níveis de formação mais baixos do Luxemburgo - estudo

Cerca de 62% dos trabalhadores portugueses possuem apenas o ensino primário, vendo-se assim relegados para profissões onde são exigidas menos qualificações Foto: Anouk Antony
Um estudo do CEPS-Instead revela que o nível de formação dos trabalhadores difere segundo a sua nacionalidade. Os portugueses continuam a constituir a população activa com a formação mais baixa no Grão-Ducado.

A comunidade portuguesa representa mais de um terço (quase 40%) da população activa estrangeira residente no Grão-Ducado, mas a maioria dos trabalhadores portugueses continua a ter uma formação baixa. Em 2004, 62% tinham frequentado o ensino primário e apenas 3% eram detentores de um diploma pós-secundário.

Estes dados são avançados no estudo "Formação e nacionalidade no seio da população activa" que o Instead - Centro de Estudos de Populações, Pobreza e de Políticas Sócio-Económicas (CEPS), sediado em Differdange, publicou no seu site , na semana passada.

A análise pode ser considerada negra e nada animadora para a comunidade portuguesa mas, lendo o documento do CEPS, pode verificar-se que a situação melhorou desde 1989. Nesse ano, 89% dos portugueses residentes no país possuíam apenas o ensino primário; em 2004, esse número reduziu-se em 27% em relação há 15 anos. Há dois anos, existiam mais 10% de portugueses com o ensino secundário inferior do que em 1989. E eram mesmo mais 14% a sair do liceu com o ensino secundário superior do que 15 anos antes. Dos 0,1% detentores de um diploma do ensino superior em 1989 passou-se para 2,7% em 2004.

Apesar destes progressos, os trabalhadores portugueses residentes continuam a ter os níveis de formação mais baixos do país.

Formação difere segundo a nacionalidade 

O estudo demonstra que os níveis de formação da população activa no Luxemburgo diferem e muito segundo a nacionalidade e origem dos trabalhadores. Para o constatar, basta comparar os diferentes grupos populacionais.

Em 2004, os trabalhadores imigrantes representavam 44% da população activa. Os trabalhadores alemães, franceses e belgas residentes representavam no seu conjunto 30% da mão de obra residente estrangeira.

Cerca de 22% dos trabalhadores residentes tinham a escola primária, 11% os estudos secundários inferiores, 39% o nível secundário superior e 29% tinham alcançado o ensino superior. Os trabalhadores com melhores qualificações eram incontestavelmente os imigrantes oriundos da França, Bélgica e Alemanha, bem como os estrangeiros da União Europeia (UE), exceptuando italianos e portugueses.

Cerca de 60% dos imigrantes dos países vizinhos do Luxemburgo e da União Europeia (na sua maioria holandeses e britânicos) possuíam formação académica. Pelo contrário, apenas 27% dos trabalhadores luxemburgueses, 19% dos italianos e 21% dos estrangeiros extra-comunitários possuíam um diploma universitário.

A evolução desde 1989

Nos últimos 15 anos, os níveis globais de formação da população activa subiram, mas em proporções diferentes por nacionalidade. Entre 1989 e 2004, os trabalhadores apenas com o ensino primário baixaram de 36 para 22%; os que tinham frequentado o ensino secundário inferior aumentaram de 7 para 11%; os que tinham um nível secundário superior baixaram de 46 para 39%; e os activos com formação universitária passaram de 11 para 29%.

Os activos luxemburgueses seguiram a tendência global da população activa, aumentando em 15% o número dos que têm um diploma pós-secundário e baixando em 18% os que apenas têm o ensino primário. Desde 1989, alemães, belgas e franceses elevaram o seu nível de estudos, sobretudo no ensino superior (de 21 para 62%). Já eram os mais qualificados em 1989 e o fenómeno acentuou-se nos últimos 15 anos. Entende-se assim que continuem ainda hoje a ser a reserva privilegiada de mão de obra qualificada para o Luxemburgo, pode ler-se no estudo do CEPS. E nisto diferem, em substância, da imigração italiana e portuguesa, conclui ainda o estudo.

José Luís Correia 
in CONTACTO, 14/06/2006

Sem comentários: