Foto: Manuel Dias |
Um ano e meio depois de ter estado no Luxemburgo integrando o elenco da ópera "A Flauta Mágica" de Mozart, Rita Matos Alves regressou 5 de Novembro para um recital do Foyer Européen que decorreu na sala da loja "Pianos Kléber", na capital.
"O objectivo do recital era dar uma amostra de alguns compositores que foram muito importantes no século XX português como Vianna da Motta ou Francisco de Lacerda, mas também outros menos famosos como António Fragoso, que teve uma vida muito curta, morreu aos 21 anos, mas era já considerado um dos grandes. Escolhi também canções do Croner de Vasconcelos e do Victor Macedo Pinto, que são talvez menos conhecidos mas também são mais recentes e mais modernos".
"A escolha das canções foi minha, mas dependeu sobretudo das pautas que consegui encontrar. Eu queria interpretar canções do Luís de Freitas Branco, mas não consegui encontrar as pautas", lamenta Rita num sorriso. "Há poucas pautas de música editadas em Portugal. Outras canções escolhi porque o poema era de Camões, Pessoa, Almeida Garrett, João de Deus ou Guerra Junqueiro e eu também queria dar a conhecer esses autores ao público", diz.
Rita explica ainda que muitas das canções que trouxe evocam a Belle Époque , foram compostas como música erudita, para voz e piano, mesmo se algumas ficaram depois famosas com arranjos para fado, como algumas dos temas de Fragoso, que se tornaram fados conhecidos na voz de Adriano Correia de Oliveira. No "bis", Rita cantou dois fados, "Foi Deus" e "O Fado da Mariquinhas".
Ao CONTACTO a artista afirma que gosta e que cresceu a ouvir cantar fado, o pai já cantava e ia às casas de fado com ela, e Rita revela mesmo que a primeira vez que cantou em público foi um fado. Portugal perdeu uma grande fadista ou a ópera ganhou uma grande soprano? Rita confia não lamentar não ter sido fadista porque verdadeiramente adora a carreira que seguiu. Até porque a ópera conjuga as suas duas "grandes paixões", o teatro e o canto.
"Eu adoro teatro", diz num sussurro, "e contracenar é o máximo", ri-se. "E o canto clássico permite cantar tantas coisas diferentes, de muitas épocas, em muitas línguas, há tantas possibilidades." Apesar de ainda jovem, a carreira de Rita Matos Alves tem seis anos e já muitas óperas famosas no currículo. No entanto, a soprano revela que gostaria de tentar o "bel canto", em obras de Donizetti, como "Don Pasquale" ou "Elixir do Amor", ou em "A Sonâmbula", de Vincenzo Bellini, "em que há um grande lirismo de que gosto muito".
José Luís Correia
(in Jornal CONTACTO, 13/11/2013)
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