sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

domingo, 4 de março de 2012

Pa-pa-pa-pa-Papageno

Fui ver no sábado à noite à Abadia de Neumünster, no Grund, "A Flauta Mágica" de Wolfgang Amadeus Mozart.

Adorei a performance vocal da soprano portuguesa Rita Matos Alves no papel de Pamina, que está a fazer carreira em Bruxelas e em boa hora participou neste projecto. Achei-a comovente, viva, engraçada, uma verdadeira intérprete em suma e dona de uma portentosa e bonita voz.

E foi graças à Rita que Pamina brilhou mais que Tamino, interpretado pelo tenor Paul Feitler. Achei-o demasiado imóvel, formal, apagado. Preferi-o quando fez de Anás no musical "Jesus-Christ Superstar", que passou pelo palco do Kinneksbond, em Mamer, em Janeiro.

Gostei também da voz cristalina da soprano coloratura Noémie Sunnen como Rainha da Noite. Mas, penso que o desempenho do barítono Alexandre Poulis como Papageno arrebatou o público.

Uma palavra ainda para as três damas, Helen Smith (soprano), Anne Weishar (soprano) e Magali Weber (mezzo-soprano). Boas vozes, mas fiquei com a impressão que não sabiam mexer-se em palco, apesar do esforço do encenador que, penso, quis ser mais airoso que as encenações mais clássicas do género.

Um elogio ainda para a direcção musical e de cena dos três génios, interpretados aqui por Frances McDonald (soprano), Myriam Muller (soprano) e Irene Broz (mezzo-soprano). Gostei também da Papagena, a soprano Julie Calbete, apesar do seu aparecimento fugaz.

Achei as interpretações muito desiguais em geral, algumas muito boas vozes ao lado de outras menos boas, que destoavam e desequilibravam o conjunto.Infelizmente, penso que a acústica demasiado seca da Sala Robert Krieps foi madrasta com alguns artistas. Por exemplo, penso que Sarastro (o baixo Jean Bermes) é um bom cantor mas que a sala não lhe fez justiça. Em contrapartida, achei deplorável a interpretação do baixo Johannes Gülich, que fez de padre. Má voz, má interpretação e presença em palco divagante.

No entanto, acho que são excelentes estas iniciativas. Pela multiplicação se chegará à exclência. Parabéns ao Studio d'Opera do Luxemburgo, com direcção musical de Radu Pantea, encenação de Ionel Pantea e que contou na organização com outra portuguesa, Filomena Domingues.

 Uma experiência a repetir, com certeza. A ópera, não a sala!

Deixo-vos aqui dois excertos da mesma ópera, não com a companhia do Studio d'Opera do Luxemburgo (não encontrei vídeo na internet), mas com a Ópera de Paris, numa das encenações mais fabulosas da obra de Mozart, em 2001. Dois dos meus momentos preferidos

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