sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

40 ° aniversário do jornal CONTACTO - Entre o passado e o futuro

Neste ano jubilar em que o CONTACTO celebra 40 anos de existência, o nosso jornal – o vosso – encontra-se mais do que nunca num patamar decisivo entre o passado e o futuro. Os sinais dos tempos indicam que a imprensa tradicional tem os dias contados. Enquanto tal. Mas, se como acredito, a imprensa não está num declínio inelutável, mas antes a passar por uma longa fase de transformação, que passa primeiro por aceitar que a mudança é inevitável e até desejável, então o futuro passa, sem falsas modéstias, pela multiplicação de jornais como o CONTACTO.

Onde o nosso jornal soube ser visionário desde a sua criação – e isso deve-se sobretudo ao que os seus fundadores e dinamizadores fizeram dele ao longo destes 40 anos – foi na conjugação indispensável entre proximidade e rigor, aos quais aliou depois qualidade e gratuitidade, quando este último termo nem estava ainda na moda. Quando ainda nem se sonhava em imprensa gratuita no Grão-Ducado e a sua simples menção era repudiada, já o CONTACTO se assumia como tablóide e gratuito. Mas tão somente no "formato", porque o espírito e a linha editorial continuavam a ser de inspiração cristã e o jornalismo consciencioso e profissional.

Apesar de a equipa redacional dos anos 70 e 80 não ser constituída por profissionais, esta cuidou sempre, atenta, em ser rigorosa e isenta nas notícias apuradas e publicadas. Valores pelos quais também nós, os que humildemente continuamos a obra desses pioneiros, nos regemos.

Simultaneamente, quando muitas publicações nas últimas décadas foram perdendo o seu público, sem entenderem porquê, ao mesmo tempo que continuavam a insistir em charolas elitistas e autistas, o CONTACTO, ontem como hoje, preocupou-se sempre em seguir e ir ao encontro dos seus leitores. Não só dos almejos da comunidade portuguesa e lusófona, como dos problemas e desafios que esta enfrenta. E assim criou a proximidade. Soube tornar-se popular sem cair no popularucho, abordando todo o tipo de assuntos, dos mais espinhosos e tabus, que se esforçou por destrinçar e explicar, aos mais ligeiros, da política à economia, da cultura ao desporto, da vida associativa à intercomunitária. Lutamos pela integração e contra a assimilação preconizada por outros.

O resultado foi ganharmos a confiança e a fidelidade dos leitores, que aumentam de ano para ano a olhos vistos, como o bem demonstram as sondagens. Sabemos também que isso não se deve apenas ao nosso trabalho, mas a uma real necessidade dos que aqui vivem em procurarem conhecer cada vez melhor o país de acolhimento.

Mas não somos infalíveis, "errare humanum est", por isso almejamos a sabedoria de conseguir corrigir os erros a tempo. E para isso queremos contar com a compreensão e a colaboração dos que nos lêem.

Próximos dos leitores e da comunidade, emanando desta, fomos e queremos continuar a ser também o seu espelho mais fiel, caleidoscópio rico em diversidade, mas não anamorfizado.

Pretendemos igualmente ser protagonistas, uma mais-valia na reflexão da actualidade que nos rodeia e um valor intelectual acrescentado para a comunidade. É nessa perspectiva, por exemplo, que lançamos com esta edição a rubrica quinzenal "Por outros caminhos... Encontros com a História", assinada por António de Vasconcelos Nogueira, e que pretende abordar as relações históricas existentes há séculos entre o Luxemburgo e Portugal, mas também historiar a imigração lusa para o Grão-Ducado, que começou há quase meio século, mas que ainda permanece, infelizmente, relativamente desconhecida.

Outras iniciativas seguir-se-ão no decurso do ano, inseridas no âmbito do nosso aniversário.

Nos últimos anos demos também o passo tecnológico, e de uma simples presença na net passámos a actores da blogosfera. E até aprendemos a "twittar".

Por todas estas razões, a que acrescem o empenho e o trabalho esmerado que a Redacção leva a cabo diariamente – assistida preciosamente pelos nossos correspondentes, as equipas técnicas e outros serviços do grupo saint-paul, bem como da nossa direcção, todos sem os quais este jornal não seria possível –, acredito que apesar de um nascimento modesto, um futuro que esteve algumas vezes em perigo, podemos ser merecedores da herança valiosa que nos deixaram Carlos de Pina e Lucien Huss. E continuar a trabalhar para que os seus sonhos, que são afinal os de toda uma comunidade, possam ir muito mais longe.

José Luís Correia
Chefe de Redacção do CONTACTO
(in CONTACTO de 20.01.2010)

1 comentário:

Anónimo disse...

Bravo! E desses 40 anos durante 10 anos o Contacto tems sido tu! Though you don't look so happy about it on the photo... Beta