sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

As estrofes esquecidas do Hino Nacional português

O hino nacional português "A Portuguesa", como o conhecemos:

Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Mais raro é saber-se que duas estrofes são muitas vezes esquecidas ao hino originalmente escrito por Henrique Lopes de Mendonça (sobre uma música de Alfredo Keil), já que foram oficialmente retiradas do hino cantado desde 16 de Julho de 1957:

Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu Céu!
Brade a Europa à terra inteira;
Portugal não pereceu.
Beija o solo teu jucundo,
O Oceano, a rugir de amor,
E teu braço vencedor
Deu mundos novos ao Mundo!
(Refrão)

Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.
(Refrão)

Note-se ainda que composta e escrita em 1890, "A Portuguesa" começou por ser a resposta patriótica ao "Ultimato Inglês".

Recorde-se que na altura da partilha do continente africano pelas potências europeias, no fim do séc. XIX, as aspirações territoriais de Portugal em ligar Moçambique a Angola, numa faixa territorial contínua - o denominado "Mapa Cor-de-Rosa" - colidiram com a vontade do governo britânico de domínio de uma faixa territorial semelhante, mas muito mais larga, que visava ligar o Cairo à Cidade do Cabo.

Todos os países participantes no Congresso de Berlim (iniciativa proposta pelo governo português) concordaram com o projecto de Portugal, à excepção do Reino Unido, que lançou a Lisboa um ultimato de guerra se o nosso país não abdicasse do projecto.

Não querendo envolver Portugal num conflito armado, o rei português, D. Carlos, retirou o projecto e o Reino Unido, apesar de nunca ter conseguido totalmente completar o seu projecto devido a dificuldades políticas e geográficas, saiu do Congresso de Berlim com o domínio de todo o Oeste, Sudoeste e Sul do continente africano (salvo algumas excepções).

Assim, onde hoje se canta "contra os canhões, marchar, marchar" entoava-se inicialmente no hino "contra os bretões, marchar, marchar".

Proibida pela Monarquia, cujo hino era "O Hino da Carta" (de 1834), "A Portuguesa" foi adoptada como hino oficial de Portugal pela Primeira República Portuguesa (1910-1926), em 1911, e mantida (com pequenas variações) desde então, durante o Estado Novo (1926-1974) e a Segunda República (desde 1974).


1 comentário:

Cindy disse...

Por acaso nao sabia da existencia de mais 2 versos no hino nacional, mas se os cantassem ficavamos 30 min a cantar e nunca mais começavam as cerimonias. hehehe