sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

9/11: Há 8 anos o Mundo acordava com estas imagens


Conspiração ou terrorismo, estas imagens fazem já parte da história.

O que me surpreende é, oito anos depois, no país das equipas super cientificamente apetrechadas tipo CSI, FBI, CIA, NCIS e outras agências com acrónimos que ficam bem nas t-shirts, muita gente continuar a duvidar dos autores que perpetraram verdadeiramente os ataques terroristas.

Nasceu mais um enigma Kennedy, que durante as décadas vindouras suscitará as mais recambolescas teorias da conspiração. É mais um filão inesgotável de dólares para os romancistas e para a indústria de Hollywood.

No "ground zero" nada parece ter mudado, o cratera ainda lá está. Fisicamente. E moralmente. Os projectos imobiliários megalómanos com pretensões de devolver a glória ao país do Tio Sam e à Grande Maçã não saem do chão. A cicatriz que desfigurou Nova Iorque e o orgulho pátrio continua nua e aberta.

Os historiadores, os analistas políticos e os jornalistas (historiadores do presente) dizem que esse novo tipo de guerra foi o sinal que marcou o início do século XXI, já que o século XX havia terminado com a queda do muro de Berlim, em 1989, e que a década de 90 servira apenas de fase de transição para um novo milénio.

Em oito anos, o mundo mudou. Deu uns solavancos para a frente, uns saltos para trás, uns passos hesitantes.

Um negro chegou à Casa Branca, com a esperança de todo um planeta atrás de si, para que fizesse esquecer a pior presidência da história norte-americana, e que tanto afectou negativamente o mundo.

E apesar de muitos radicais, dos mais diversos campos, de ambos os hemisférios, quererem aproveitar o pós-11 de Setembro e esse "sismo humano" para voltar a acordar velhos fantasmas do choque de culturas e civilizações, Obama profetizava: "As nações estão condenadas a colaborar umas com as outras. Não por opção, mas por necessidade. Porque só um futuro comum é um futuro viável!"

Ao mesmo tempo, paradoxalmente, a Rússia, através do saudosista do KGB, Putin, inventava a "democracia à russa", uma ditadura travestida, uma "demokratura", como lhe chama o jornalista do "The Guardian", Timothy Garton Ash, no seu livro "Facts are subversive".

A França não fazia melhor e seguia esses passos imperialistas: de chiraquiana oportunista virava ainda mais à direita, convertendo-se ao sarkozismo napoleónico.

Nesse entretanto, Portugal, sebastianista por vocação - porque a mudança vem forçosamente dos outros, nunca de nós mesmos - deixava-se credulamente entreter por uma política de passes mágicas, socialista apenas no nome.

E quando o país deu por si, estava de ressaca, à crise tinha apenas sucedido outra crise, os 20 anos de dinheiros europeus haviam-se esfumado em políticas pontuais e auto-estradas desertadas (porque, no final de contas, ninguém conseguia pagar as portagens!), apenas alguns parcos tostões haviam chegado à Educação, à Formação e à Saúde, que são afinal as verdadeiras sementeiras do futuro. O fruto nascia seco antes de amadurecer.

Muitos portugueses abanavam a cauda porque cada bom português tinha um "Magalhães", mas, na realidade, viviam todos a crédito, com dinheiro que não tinham, com um futuro hipotecado, com os salários e as reformas mais baixos da Europa, e continuavam no "pelotão dos últimos" em muitos campos, atrás de recém-chegados como ....os eslovenos.

A audácia da esperança


Nem todas as mudanças deixaram esperança. Mas se é verdade que a estupidez, a cretinice e a crueldade humanas têm apenas como limite a imaginação dessa mesma Humanidade, por entre as densas nuvens que pairam há, de vez em quando, rasgos de luz. Porque, afinal, nada é mais humano, igualmente, do que acreditar que melhores dias virão e que a esperança é a última a morrer.

Neste 11 de Setembro, a única mensagem de esperança veio, mais uma vez, do filho mestiço da América. A efeméride vinha carregada de luto mas não trazia vingança no olhar, não era uma infantil vendetta bushiana, uma glorificante cruzada de justiça divina nem tão pouco uma guerra santa contra um eixo qualquer.

Obama veio apenas desejar, pedir, dizer que a melhor maneira de recordar e honrar as vítimas do 9/11 era cada concidadão americano prestar serviço comunitário ou trabalho de voluntariado no seu bairro, cidade ou região.

Hoje apetece-me voltar a citar o que um editorialista do "Le Monde" disse há oito anos: HOJE SOMOS TODOS AMERICANOS! Ou devíamos ser, para acatarmos o pedido de Obama.

A Humanidade, esse ideal que tantas vezes sucumbe aos seus próprios e terríveis pesadelos, é, afinal, capaz de ter e concretizar belos sonhos.

Basta querer/crer.

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