Portugal comemora os 120 anos de Pessoa com polémica em pano de fundo
Portugal comemora hoje os 120 anos do nascimento do poeta Fernando Pessoa tendo como pano de fundo uma polémica por causa de um leilão de valiosos documentos e textos inéditos do escritor em poder de sua família e ao qual o Estado português se opõe.
Fernando António Nogueira Pessoa - que usou múltiplos heterónimos, como Bernardo Soares, Chevalier de Pas, Alexander Search, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis (entre outros) para assinar suas obras - nasceu em Lisboa no dia 13 de Junho de 1888 - dia do padroeiro da capital portuguesa, Santo Antônio - e morreu, com apenas 47 anos, em 1935.
Os herdeiros de Pessoa fizeram saber recentemente que têm a intenção de leiloar a colecção de manuscritos do poeta mesmo diante da oposição de autoridades e intelectuais lusos que promovem a sua entrega à Biblioteca Nacional para que se conservem como património português.
Paulo Aragão, do gabinete jurídico da Biblioteca afirma que uma lei de 2007 obriga aqueles que pretendam vender manuscritos com valor patrimonial que primeiro o comuniquem a essa instituição.
Segundo o "Público", o Estado português está disposto a utilizar todos os meios legais para evitar a dispersão dos manuscritos de Fernando Pessoa.
Apesar disso, oficialmente, o Governo não tornou pública a sua posição e não se sabe se está disposto a participar do leilão para adquirir o legado.
O proprietário da casa de leilões que colocará à venda os manuscritos, Miguel Rosa, argumentou que muitas pinturas de Pablo Picasso não ficaram em Espanha e não encontra razões pelas quais os documentos de Pessoa não possam acabar fora de seu próprio país.
Em Portugal teme-se que parte do espólio artístico do escritor seja adquirido fora de suas fronteiras, já que, entre os documentos que se pretende vender, está incluído o denominado "Dossier Crowley".
Este - que interessa particularmente os coleccionadores britânicos - reúne a correspondência que mantiveram Pessoa e o ocultista inglês Alesteir Crowley (1875-1947) e os manuscritos de um romance do poeta sobre um suposto suicídio de Crowley.
Inspirado nesse tema e ajudado por um jornalista português, Pessoa pôs em cena uma obra de teatro que entitulou em inglês "Mouth of Hell" (Boca do Inferno), nome de uma área da costa de Cascais.
----------------------------------------------------A antologia "Poesia de Fernando Pessoa para todos", organizada por José António Gomes com ilustrações de António Modesto, visa "aproximar mais cedo os mais novos" do poeta da "Mensagem".
Em declarações à Lusa, José António Gomes afirmou que esta antologia "visa aproximar mais cedo dos mais novos a poesia de Pessoa".
"O próprio Pessoa escreveu alguns poemas às suas sobrinhas, um destinatário infantil, mas há outros poemas seus, simples e compreensíveis pelos mais novos, com uma estrutura lírico-dramático", explicou José António Gomes.
O investigador salientou as ilustrações e o design de António Modesto, "marcados por um estilo que lembra aqui e ali as vanguardas históricas do princípio do século XX, o período de actividade de Pessoa".
"Há referências a Amadeo de Souza-Cardoso e ao cubismo", acrescentou.
A antologia inclui, entre outros, "Poema pial", "Ó sino da minha aldeia", "A fada das crianças" e "Liberdade", num total de 27 poemas, na sua maioria de autoria de Fernando Pessoa, mas incluindo dois heterónimos.
De Ricardo Reis escolheu a ode "Para ser grande sê inteiro" e de Álvaro de Campos "Todas as cartas de amor são ridículas".
Segundo José António Gomes, professor na Escola Superior de Educação do Porto, "Fernando Pessoa é dos poetas mais conhecidos e lidos", mas pode-se ainda "aproximá-lo dos mais novos, logo na escola primária e no 2º ciclo".
Ilustrador e o antologista estão hoje na Feira do Livro de Lisboa.
O livro integra a colecção "Oficina dos Sonhos", um projecto da Porto Editora que visa "reunir clássicos da literatura infantil e juvenil, obras contemporâneas de grandes autores e ilustradores portugueses ou estrangeiros, e álbuns para os mais pequenos", segundo fonte daquela editora.
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