sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O mercado dos carros "low cost"

Construtor indiano cria automóvel a pensar nas bolsas modestas
Tata Nano: o carro mais pequeno do mundo

Tata Nano: o nome parece uma onomatopeia de recém-nascido, o que vem mesmo a calhar para o carro mais pequeno do mundo. O preço também se quis pequenino: 1.700 euros, o mais barato do mercado. Parece impossível fazer melhor.

Apesar do nome (*) e do tamanho, nem tudo é pequeno neste utilitário de cinco portas e com apenas 3,10 metros de comprimento. O negócio é chorudo e promete ser mais uma revolução num dos segmentos com mais expansão no seio da indústria automóvel : o dos carros "low cost" – a preços acessíveis para as bolsas mais modestas (ver caixa).

O Tata Nano não tem climatização, direcção assistida nem janelas eléctricas e a motorização é mínima: 624 centímetros cúbicos para o modelo a gasolina (equivalente à cilindrada de uma moto) e 700 para o modelo a gasóleo.

Apelidado de "carro do povo", o Nano tem, como o Carocha Volkswagen original – que significava em alemão também "carro do povo" –, a pretensão, segundo os seus construtores, de ser adquirido pelas famílias mais modestas dos países pobres ou em vias de desenvolvimento. Apresentado em Janeiro em Nova Delhi pelo construtor automóvel indiano Tata Motors, sediado em Bombaim (Mumbai), o Nano deverá começar a ser comercializado em finais deste ano.

Na primeira fase, a Tata Nano propõe-se fabricar 250 mil veículos por ano, para passar ao milhão anual posteriormente. Nas suas primeiras intervenções públicas sobre o Nano, o patrão da construtora, Ratan Tata, chegou a dizer que o veículo não seria exportado para a Europa Ocidental, porque este não está adaptado aos padrões ambientais aí vigentes, sendo o primeiro objectivo distribuí-lo em países de economia emergente como os da América Latina, África, Europa do Leste, mas também a vizinha Malásia e, naturalmente, entre a clientela doméstica indiana. Entretanto, a empresa veio anunciar, na semana passada, que afinal o Nano será exportado, em colaboração com a Fiat, para a Europa Ocidental, dentro de quatro anos, o tempo necessário para criar uma versão em conformidade com as regras de segurança europeias e de emissão de dióxido de carbono Euro 5. O construtor não promete, porém, que o preço aplicado na Índia (1.700 euros) não seja revisto em alta quando chegar à Europa.

Enquanto isso, Ratan Tata encontra-se actualmente em conversações com a Ford para a retoma da Jaguar e da Land Rover.

No Luxemburgo, a Tata emprega 76 pessoas na Tata Consulting Services (TCS), uma filial especializada em tecnologia da informação, baseada em Capellen.

Automóveis para todas as bolsas


O lançamento do Tata Nano em Janeiro pela construtora indiana Tata Motors inscreve-se num contexto de competição internacional crescente no segmento dos veículos a baixo preço ("low cost").

Um dos exemplos recentes é a Logan Dacia, que a Renault lançou em 2004, a pensar no mercado da Europa de Leste. O seu preço não devia ir além dos 5 mil euros. Pouco tempo depois e mercê das muitas solicitações que chegavam nomeadamente também da Europa Ocidental, o modelo foi comercializado nos nossos países a partir de 6.500 euros.

Depois desse sucesso, a marca francesa, agora em parceria com a Nissan e a indiana Bajaj, está já a pensar num modelo ainda mais barato a 2.500 euros.

Uma terceira construtora indiana, a Xenitis, está a juntar esforços com a chinesa Guangzhou Motors para a criação de um automóvel a um preço imbatível.

A Opel acaba de anunciar igualmente que está a trabalhar num modelo, a comercializar apenas na próxima década, e que não deverá custar mais de oito mil euros.

Os desenhadores da Volkswagen, Toyota, Honda e Fiat estão também já em cima dos seus estiradores para não falhar esse segmento de mercado.

José Luís Correia (in Contacto, 20.02.08)

(* Nano : em Física, o nanómetro, ou nanometro, corresponde à milionésima parte de um milímetro)

Foto: Tata Group

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