sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Indigência Poética... ou diagnóstico psicoclínico do autor numa noite de náusea
quão fútil me parece por vezes
a vida que à minha volta construo
quantas horas gastas a não escrever
de que vale passar os dias a desejar
escrever e não o fazer
fugir do lápis intimidado
pelo traço - que temo indelével - da mediocridade
escrever para quê? porquê?
a escrita em mim já não é vida nem fé
nem resistência nem convicção
nem onanismo sacro nem pagão
nem filosofia nem arte nem nada
nem amor nem sexo
e eu a ambicionar que fosse minha espinha dorsal, o meu nexo
a minha travessia quântica para além das eras
Escrever sobre não escrever para escrever
sobre essa lamentável astenia literária
que se manifesta por sintomas crónicos
de insuficiência de singularidade
e de carência notória e inveterada de talento
é estúpido!
e esta tinta tão somente
um prodigioso desperdício neurótico!
JLC 110108,
Gasperich 23:13
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário