Erupção cutânea ou sedativo?
Apesar da forte ades ão ao leão vermelho por parte da população autóctone e até da comunidade portuguesa, muitos são ainda aqueles que, nacionais ou não, se mostram dubitativos em relação à alteração de bandeira. Por consi derarem que o brasão e a bandeira devem ser dois emblemas bem distintos; ou por não desejarem que o país seja o único da UE a arvorar um brasão medieval como bandeira nacional, numa é poca em que se constrói a Europa das Nações.
Enquanto o primeiro-ministro luxemburguês qualifica a proposta de "simpática", não a considerando, no entanto, uma questão fundamental nem uma prioridade para o país, na recente Conferência Nacional para Estrangeiros alguns participantes mostraram preocupação, temendo que este "entusiasmo” derive de nacional para "nacionalista”.
Pareceu-me sobretudo intempestivo o facto de a proposta de Michel Wolter ter surgido apenas quatro meses depois d a exagerada "problemática das bandeiras", que tanta tinta fez correr nos jornais durante o últim o Campeonato Mundial de Futebol (Junho/Julho de 2006), e exactamente um mês após aapresentação do projecto-lei da dupla nacionalidade de Luc Frieden (4 de Setembro de 2006). Preocupa-me que a iniciativa, sob o argumento de um desejo de diferenciação com a bandeira holandesa, seja um a erupção cutânea de afirmação nacional. A não ser que se trate de uma acção concertada entre líderes do partido no poder para tranquilizar os autóctones de que, por mais que muitos temam que a lei de Frieden seja uma forma de "dar ao desbarato” a nacionalidade luxemburguesa, a nação continuará inteira e íntegra.
José Luís Correia (in Contacto, 02.05.07)
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