sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

domingo, 11 de fevereiro de 2007

o aborto não deve ser um simbolo da "libertação" das mulheres

"Que a liberdade de dar ou não nascimento a uma criança esteja inscrito na lei a partir de agora é evidentemente capital no plano simbólico. Mas esta liberdade jurídica continua a ser formal se a liberdade psicológica continuar a faltar. Vejamos o exemplo da Holanda: é um país onde existe uma lei mais liberal em matéria de aborto, e ao mesmo tempo o que regista a taxa de aborto mais baixa do mundo… Prova que os dois não são contraditórios.
Na França, em contrapartida, o número de IVG (n.d.T.: interrupção voluntária da gravidez) continua a ser anormalmente elevado (13 a 14 por mil mulheres em idade de procriar). Porque razão isso acontece? Porque não se diz suficientemente às mulheres que se trata também de uma prova física e moral. Enquanto a IVG permanecer para as mulheres um símbolo de 'libertação', submeter-se-ão a esta sem protestar, por mais desagradável que seja. E o mesmo acontece com a contracepção. Os produtos vendidos às mulheres para controlar a sua fecundidade são fabricados por multinacionais dirigidas por homens, que se preocupam muito mais com os lucros que lhes darão esses produtos do que com a libertação das mulheres. Enquanto isso não mudar, as feministas não poderão elogiar-se de ter conquistado o controlo da sua fecundidade."

- Yvonne Knibiehler (84 anos), historiadora francesa e feminista assumida, numa entrevista intitulada "O feminismo tem que repensar a maternidade", de Catherine Vincent, publicada no "Le Monde", p. 12, suplemento "Le Monde des Livres", edição de 09/02/2007

1 comentário:

Anónimo disse...

A IVG foi legislada em França há 30 anos, sem referendo, numa atitude de plena e consciente percepção de que se os avanços civilizacionais só acontecessem sustentados em maiorias ainda andávamos todos de tanga (literalmente). Tenho a certeza de que a maioria das mulhereses portuguesas que recorre à IVG não o faz sob a bandeira da libertação feminina, só baixando o mastro para entrar no vão de escada. Talvez daqui a 30 ou 40 anos seja lícito voltar a este tipo de considerações, em Portugal. Por agora, só interessa mesmo é acabar com a situação vergonhosa que temos.
*Fialho*