sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
-
cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quarta-feira, 25 de junho de 2008

O que falta no Luxemburgo:


  • Uma Loja Fnac
  • Hard Rock Café
  • Planet Hollywood
  • Abertura das lojas além das 18 horas e ao domingo, dos bares e discotecas além das 3h da manhã, i.e., o Estado deve abster-se de regulamentar o tempo livre e ser menos restrito com os horários da nightlife
  • Abertura do posto de burgomestre aos candidatos cidadãos europeus, como previsto pela directiva europeia (realidade em 2011)
  • Acesso à Função Pública para cidadãos europeus
  • Atendimento esmerado, atencioso e profissional nas lojas
  • Bandeiradas de táxi mais baratas
  • Café e bica nos bares depois das 22h
  • Completar a Circular a Norte da cidade do Luxemburgo
  • Mais esplanadas ao ar livre fora do centro das cidades, bares à beira-lago, beira-rio, etc.
  • Ligar a A1 de Capellen à A13 (Collectrice), em Pétange
  • Ligar a A13 (Collectrice) de Bascharage à auto-estrada de Longwy (França) e Athus (Bélgica)
  • Ligar a A13 em Remich à A1 em Grevenmacher
  • Ligar a A4 de Esch à auto-estrada Longwy-Metz
  • Ligar a A7 em Lorentzweiler à A1 em Cappellen
  • Ligar a A7, de Ettelbruck a Weiswampach (fronteira extrema Norte do país)
  • Mais interculturalismo e cosmopolitismo (apesar de mais de 170 nacionalidades presentes estas pouco se misturam...)
  • Mais tolerância
  • Menos chauvinismo de autóctones e alóctones
  • Poder comer a qualquer hora sem ser numa bomba de gasolina
  • Um Starbuck's
  • Peças de teatro em português
  • Um canal de televisão nacional em francês e/ou inglês
  • Um ciclo de cinema português, à semelhança do espanhol ou do italiano
  • Um Parlamento mais democrático (eleito por mais de 50% da população, o que não é manifestamente o caso hoje)
  • Um semanário desportivo em francês e/ou alemão
  • Uma Casa de Fados
  • Rulotes com cachorros e bifanas
  • Uma rádio francófona e/ou anglófona nacional
  • Uma só divisão de futebol mas ... profissional
  • Um verdadeiro estádio
  • Virgin Megastore
  • Eléctrico ou Funiculares: Pfaffenthal-Kirchberg, Pfaffenthal-centro da capital, Neudorf-Kirchberg, Weimerskirch-Kirchberg, Rollingergrund-Limpertsberg, Grund-Howald, Bonnevoie-Cents, Hamm-Cents-Weimershof-Kirchberg, Clausen-Cents, etc.
  • Burger King (realidade em Maio de 2011)
  • Autocarros mais frequentes ao fim-de-semana para e da capital para a província
  • Mais descentralização das instituições públicas e empresas
  • Mais bairros como o Kirchberg e Belval (por ex.: a Cloche d'Or é uma zona fantasma após o crepúsculo)
  • Sol & Praia
  • Menos trânsito e estradas mais fluídas em hora de ponta
  • Mais habitação social q.b. para estagnar os preços inflacionários do imobiliário privado
  • Revitalizar as margens do rio Alzette e toda a antiga zona industrial entre o Grund e o Verlorenkost, na capital
  • Revitalizar as margens do rio Alzette em Esch/Alzette
  • Mais bibliotecas públicas
  • Livrarias abertas até às 22h
  • Uma boa livraria portuguesa, ibérica ou ibero-americana (fica a ideia para os potenciais investidores)Lista em construção...

Do que gosto no Luxemburgo:

Castelo de Vianden

- poder comprar bilhete de autocarro e de estacionamento por sms
- poder cruzar pessoas dos quatro cantos do Mundo (mais de 170 nacionalidades presentes: na minha rua há portugueses, franceses, luxemburgueses, italianos, croatas, polacos, búlgaros e africanos do sul, entre outros que ainda não conheço)
- a diversidade linguística ou multilinguismo (ex: uma criança com 7 anos já fala três línguas, se os pais forem estrangeiros pode saber falar quatro, se os pais tiverem origens diferentes cinco línguas. Aprenderá mais uma ou duas línguas na escola e, eventualmente, os rudimentos de outra língua com os colegas mais próximos, se estes tiverem uma outra origem que a sua. No final, um aluno pode chegar à idade adulta falando ou sabendo comunicar em oito línguas)
-bolsas de estudo de fácil acesso para estudantes cujos pais trabalham no país (uma parte da bolsa é atribuída a fundo perdido, a outra pode ser reembolsada em dez anos, após o fim dos estudos superiores)
- Bar de sandes Subway
- Centro Cultural Abadia de Neumünster (CCRN)
- A Philharmonie, no Kirchberg
- MUDAM-Museu de Arte Moderna Grand-Duc Jean
- Museu Nacional de História e de Arte (MNHA), no Marché-aux-Poissons, na capital
- Naturmusee-Museu Nacional de História Natural (MNHN), no Grund
- Casino Luxembourg-Fórum de Arte Contemporânea, na capital
- o projecto da nova cidade criada de raiz em Belval
- a esplanada do pavilhão do parque Merl
- o vale da Pétrusse
- a taberna Bei der Giedel, em Fond-de-Gras (Differdange)
- Bar Autre Part, em Differdange
- Restaurante-discoteca Apoteca, no Marché-aux-Poissons, na capital
- Esplanada do rest. Il Fragolino, no Grund
- Bares Scott's e Liquid, no Grund
- Expresso bar Coffee Lounge, na capital (onde se bebe o melhor cappuccino do país)
- Livraria Alinéa, na rue Beaumont, na capital
- Bar-livraria Books&Beans, av. de la Liberté, na capital
- Bar Bianco, av. de la Liberté, na capital
- Café Casablanca, rue de l'Alzette, em Esch/Alzette
- As esplanadas da place Boltgen, em Esch/A.
- Caf-Rest. Club 5, nas traseiras das piscinas de Esch/A.
- Bar Colors, na capital
- Rest. Thai Celadon, na capital
- De Inverno, a lareira; de Verão, a esplanada: do Boo's K'fé, na Biergerkraitz, em Bridel
- Esplanada da discoteca-bar-rest. Pahia, em Weiler-la-Tour
- Novo projecto de revitalização urbanística do bairro da Gare
- Projecto de revitalização urbanística, no bairro de Clausen, na capital: Les rives de Clausen, projecto Rive Gauche e Rive Droite
- Castelo de Vianden (ver primeira foto)
- The Family of Man, mostra fotográfica organizada por Edward Steichen, exposição permanente no Castelo de Clervaux
- comprar livros velhos e em segunda mão ao quilo no primeiro domingo do mês no Castelo de Bourglinster
- passear nas margens do rio Mosela
- o vale do Eisch, a oeste do país
- o lago de Echternach
- as margens do rio Sûre (ver penúltima foto)
- os restaurantes Opium, em Alzingen, e The Last Supper, no Kirchberg (concebidos pelo arquitecto de interiores português Miguel Câncio Martins)
- Pastelaria Bakes no Centro Comercial Belval Plaza 1 (ver última foto)
- o novo bairro de Belval (ver última foto)


Lista em construção...

Lago de Echternach

Belval

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O Verão... timidamente!



Parque de Merl, o meu lugar preferido na capital, onde me refugio cada vez que há um raio de sol. Uma esplanada repousante, perto da água, suficientemente longe dos barulhos da cidade.
O parque da cidade, a Pétrusse e o Grund carecem de um sítio assim.
Se alguém conhecer um cantinho destes no país ou nos arredores, deixe aqui a sua dica.

sábado, 21 de junho de 2008

últimas aquisições

- "José Saramago: a consistência dos sonhos - Cronobiografia", de Fernando Gómez Aguilera (Ed. Caminho, Lisboa, Abril 2008), que o meu amor, conhecendo bem os meus gostos, me trouxe de Portugal, da última vez que lá esteve







- "Evita, Life & Images", uma biografia de Eva Perón assinada por Mario J. Granero (Maizal Ediciones, Buenos Aires, 2003), que um amigo me trouxe como recordação da sua visita à Argentina e à esplendorosa livraria El Ateneo, em Buenos Aires, e que já foi considerada uma das mais belas do mundo pelo diário britânico "The Guardian" (ver post de 19.06.08)








- "Plato and a Platypus Walk into a Bar... Understanding Philosophy Trough Jokes", de Thomas Cathcart e Daniel Klein (Abrams Image, New York, 2007), comprado na livraria britânica da cidade do Luxemburgo "Chapter One", em Merl









- "Le huitième prophète ou Les aventures extraordinaires d'Amros le Celte", de Franz-Olivier Giesbert (Gallimard, 2008), comprado na megastore books&more, em Gasperich








- (aquisição temporária) "La tía Julia y el escribidor", Mario Vargas Llosa (Ed. Seix Barral, Lima, 1977), que encontrei num banco de jardim no parque da cidade. E de imediato percebi que se tratava de um tesouro deixado por um bookcrosser, esses paladinos da leitura que espalham a boa palavra à mão-de-semear daquele que encontrar a obra que tiverem deixado num lugar público para que esta possa ser (re)descoberta e lida pelo seu próximo... leitor. Não sabia que o Luxemburgo fazia parte de uma crossing zone, mas recuperei o livro e quando o terminar, hei-de deixá-lo noutro ponto da cidade, para que possa cumprir a sua missão.



Bons livros e bom fds!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Pleaaaaaaaaaaaase...


POR FAVOR, HOJE NÃO ME FALEM DE FUTEBOL!

The hangover: o fim da Era Scolari!


Erros nossos, má fortuna,
futebol fatal...


























NÃO É
O FIM, APENAS OUTRO RECOMEçO.
MUNDIAL 2010 - PENSAR NO FUTURO!





quinta-feira, 19 de junho de 2008

Fénix renascida

FÉNIX RENASCIDA


Pronto, já acabei de ler a Ler. A nova Ler. O número de Maio de 2008 (n°69), que veio pôr termo a quase dois anos de insustentável jejum. E li que me regalei. À fartazana, mesmo. De fio a pavio. E de pavio a fio. De frente para trás e de trás para a frente. E a fénix renascida que tenho hoje entre as mãos superou todas as minhas expectativas.

Não fiquei, por isso, admirado de constatar, com satisfação, quem estava à frente do projecto: Francisco José Viegas (FJV, na foto), o "Midas" da literatura portuguesa. Tudo o que toca transforma-se em ouro. Não falo dos reles réis, mas do contributo, do valor acrescentado, da mais-valia que se têm revelado ser as iniciativas e projectos de que tem sido autor e padrinho na imprensa e na televisão para promover a literatura portuguesa. É por isso gratificante vê-lo (de novo) ao leme de mais um grande projecto. Diz ele que é um regresso, após ter dirigido a revista entre 1989 e 2000. Infelizmente não conheci essa época FJV da revista.

Apesar de existir desde 1987, descobri a Ler bastante tarde, devo confessar. Em 2001, quando perdido numa livraria, reparei nela a piscar-me o olho. Assim, descaradamente, sem pudor. E eu, que sou dado a estas fraquezas, sucumbi à volúpia. Buscava há muito uma publicação que na minha língua me pudesse transmitir o mesmo prazer que me procuram as deleitosas horas perdidas em que mergulho em apneia num Magazine Littéraire ou numa Lire. E ela ali estava, diante de mim, aguardando apenas que a minha gula voraz se abatesse sobre ela. Tornei-me fã, leitor, assinante, dependente. Infelizmente, em 2001, a regularidade era de apenas quatro números anuais, ao ritmo das estações. Estoicamente, eu ficava à espera que a sazão chegasse e eu pudesse colher delicadamente, de mãos e olhos ávidos, o novo fruto. Para receber a minha dose.

Em 2005, depois dos números de Inverno e de Primavera, era anunciado que a revista se tornaria anual, devido a razões financeiras ou editoriais, ou provavelmente ambas, já não sei bem. Em 2006, saía o número seguinte, e depois disso... silêncio rádio! Até Maio de 2008, em que a revista regressou renovada e reforçada. Em boa hora!

A nova Ler aparece-nos com um design mais moderno e legível, novas rubricas, formato mais largo, papel mais fino, um estilo mais jornalístico, novas colaborações e crónicas, críticas de um maior número de obras, um estatuto editorial redefinido. Tudo para fixar as bases de um edifício há muito periclitante, como só o podia ser um projecto desta natureza num país como Portugal, onde se lê pouco, diz-se. Além do Jornal de Letras, lido por uma imensa minoria, iniciativas que apostam na literatura como as revistas Ler ou Os Meus Livros são jangadas à deriva neste país, neste mundo, que acreditam que a "civilização do livro" (como lhe chama FJV no editorial deste número) está terminada. Ora, o que se verifica hoje em dia é exactamente o contrário. Nunca os leitores foram tantos em Portugal e no mundo, há cada vez mais livros a serem editados, apesar de a literatura representar apenas um terço das publicações. Mas mais do que isso, a revolução tecnológica não decretou a morte do livro, como precocemente anunciado pelos velhos do Restelo, que sempre os há, em todas as épocas. Porque uma coisa não inviabiliza a outra. Como a televisão não substituiu o cinema nem a rádio, nunca o leitor trocará a sensação táctil das páginas de um livro por um ecrã vítreo e frio. Nem que seja pela questão prática do acto de ler, acrescento eu. "Ler um livro é ler um livro", resume FJV.

FJV fala ainda do rebuliço que está a viver o sector editorial português, as compras, as fusões, provando que se investe cada vez mais nos livros em Portugal. Bons projectos e ideias que chegam a contracorrente, a peneira do tempo e os leitores encarregar-se-ão de subscrever uns e amuarem com outros.
FJV não esquece de evocar o Acordo Ortográfico, que ainda muita tinta vai fazer correr.

O que me agradou no número 69 da Ler :

- a visita às livrarias mais belas do Mundo, segundo uma eleição efectuada recentemente pelo diário britânico The Guardian, e em que a Livraria Lello (página oficial: aqui), do Porto, figura entre as três primeiras, apenas atrás da Boekhandel Selexyz Dominicanen, de Maastricht, na Holanda, e da argentina El Ateneo, em Buenos Aires.
- as crónicas de novos colaboradores como José Eduardo Águalusa, Pedro Mexia, Jorge Reis-Sá, Eduardo Pitta, Inês Pedrosa, e verificar que os bons que lá estavam ainda ficaram, como Onésimo Teotónio de Almeida
- a boa ideia de publicar os tops de venda de várias livrarias do país, sem se confinar a Lisboa e ao Porto
- a excelente entrevista a António Lobo Antunes, esse "homem-continente"
- a entrevista ao ex-banqueiro Paulo Teixeira Pinto sobre a aquisição da Guimarães Editores
- a conversa e visita ao refúgio do poeta e tradutor Pedro Tamen
- os mini-textos sobre os 50 autores mais influentes do século XX e o que aprendemos com eles
- saber do livro do Bernard Pivot e que "As Benevolentes" de Jonathan Littel, esse mastodonte incontornável escrito por um americano directamente em francês e que levei seis meses a ler (entre Setembro de 2006 e Março de 2007) foi finalmente traduzido para português
- saber que o Pedro Paixão tem um novo romance;
- cinco estrelas para as novas rubricas: Excertos de uma obra; e Ponto Final, entrevista-minuta da última página.

Satisfaz-me sobretudo ver que a Ler não se acantona no reduto intelectualóide dos livros e que compreendeu que há um mundo em volta destes, que os influencia, e vice-versa. Por isso, gostei de ver como tratam de obras que não se reduzem à literatura pura e dura e as novas colunas sobre vinhos & restaurantes e os lugares para ler.

Depois de Lobo Antunes, era impensável não falar com o outro grande vulto actual da literatura portuguesa, José Saramago, que é capa no novo número, o 70, que já saiu, mas ainda não me chegou às mãos :-( Prometeram-mo para esta semana. Fico a aguardar, roendo as unhas.

Entretanto, o blogue da Ler informa que a última novidade na blogosfera literária é a página dos Saramaguianos, portal da Fundação José Saramago que pretende ser o f'órum de encontro de todos os leitores do Nobel português.

Da meditação

"(...) As pessoas afirmam devorar jornais e colar a orelha ao rádio (por vezes, as duas ao mesmo tempo) para estar ao corrente do que se passa no mundo, mas é uma pura ilusão. A verdade é que, a partir do momento, em que essas pobres pessoas não estão activas, ocupadas, tomam consciência do vazio aterrador, horrível que há neles. Na verdade, pouco importa em que teta vão mamar, o essencial para elas é evitar encontrarem-se face a si mesmas. Meditar sobre o problema do dia, ou até sobre questões pessoais, é a última coisa que deseja fazer o indivíduo normal (...)"

Henry Miller, "Reading in the Toilet", 1952

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Do humor

"Nada é mais sério que o riso. (...) Aparentemente o riso, não só vale um bom bife, engordando apenas (momentaneamente) as bochechas, como fornece anticorpos a todas as tristezas do mundo e atesta um distanciamento salutar do 'homo hilaratus' relativamente a si mesmo, ao seu ego, à sua posição social, e até ao seu sucesso. A sociedade está assim actualmente dividida entre aqueles que se tomam demasiado a sério e que não conseguem ter uma visão humorística da sua pequena pessoa (...) e aqueles que, após Beaumarchais, se apressam a rir de tudo, por temor de não dever chorar. Encabeçando o batalhão dos discípulos de Heraclito, os políticos, que nunca se desmancham em público (...). O cómico profissional, esse, tendo em conta os seus rendimentos, já não leva as coisas à ligeira. A sua popularidade transformou-o em tribuno, em profeta. Passou do estatuto de perito em risota ao de mestre em pensar. Ele estima ser o último reduto de uma sociedade em vias de decomposição. E a esse título, estigmatiza os nossos desvios e baixezas, prega os poderosos ao pelourinho, vitupera, fulmina, denuncia as nossas incoerências e propõe - fora de brincadeiras - as suas soluções geniais. Entre um serão de gala e um repasto, carrega nos ombros o fardo da miséria humana. Porque a miníma das suas macaquices é um acto pensado e que os seus trocadilhos servem para escrever a história da nossa época, deixou de ter tempo para rir a bandeiras despregadas. (...)"

O jornalista, humorista e apresentador de rádio e televisão Philippe Bouvard,
in Le Figaro Magazine, 14.06.08
(tradução: AGW)

Don LaFontaine, a "voz" que todos conhecemos... dos "trailers"!




sábado, 14 de junho de 2008

O mestre do cavaquinho



O mestre do cavaquinho português. Um belo momento, tão somente para vos desejar um óptimo fim-de-semana!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Fernando Pessoa, 120 years old and kicking!

Portugal comemora os 120 anos de Pessoa com polémica em pano de fundo

Portugal comemora hoje os 120 anos do nascimento do poeta Fernando Pessoa tendo como pano de fundo uma polémica por causa de um leilão de valiosos documentos e textos inéditos do escritor em poder de sua família e ao qual o Estado português se opõe.

Fernando António Nogueira Pessoa - que usou múltiplos heterónimos, como Bernardo Soares, Chevalier de Pas, Alexander Search, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis (entre outros) para assinar suas obras - nasceu em Lisboa no dia 13 de Junho de 1888 - dia do padroeiro da capital portuguesa, Santo Antônio - e morreu, com apenas 47 anos, em 1935.

Os herdeiros de Pessoa fizeram saber recentemente que têm a intenção de leiloar a colecção de manuscritos do poeta mesmo diante da oposição de autoridades e intelectuais lusos que promovem a sua entrega à Biblioteca Nacional para que se conservem como património português.

Paulo Aragão, do gabinete jurídico da Biblioteca afirma que uma lei de 2007 obriga aqueles que pretendam vender manuscritos com valor patrimonial que primeiro o comuniquem a essa instituição.

Segundo o "Público", o Estado português está disposto a utilizar todos os meios legais para evitar a dispersão dos manuscritos de Fernando Pessoa.

Apesar disso, oficialmente, o Governo não tornou pública a sua posição e não se sabe se está disposto a participar do leilão para adquirir o legado.

O proprietário da casa de leilões que colocará à venda os manuscritos, Miguel Rosa, argumentou que muitas pinturas de Pablo Picasso não ficaram em Espanha e não encontra razões pelas quais os documentos de Pessoa não possam acabar fora de seu próprio país.

Em Portugal teme-se que parte do espólio artístico do escritor seja adquirido fora de suas fronteiras, já que, entre os documentos que se pretende vender, está incluído o denominado "Dossier Crowley".

Este - que interessa particularmente os coleccionadores britânicos - reúne a correspondência que mantiveram Pessoa e o ocultista inglês Alesteir Crowley (1875-1947) e os manuscritos de um romance do poeta sobre um suposto suicídio de Crowley.

Inspirado nesse tema e ajudado por um jornalista português, Pessoa pôs em cena uma obra de teatro que entitulou em inglês "Mouth of Hell" (Boca do Inferno), nome de uma área da costa de Cascais.

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Antologia da poesia de Pessoa para os mais novos

A antologia "Poesia de Fernando Pessoa para todos", organizada por José António Gomes com ilustrações de António Modesto, visa "aproximar mais cedo os mais novos" do poeta da "Mensagem".

Com a chancela da Porto Editora, esta antologia é editada no âmbito dos 120 anos do nascimento do escritor, reunindo cerca de 30 poemas seus.

Em declarações à Lusa, José António Gomes afirmou que esta antologia "visa aproximar mais cedo dos mais novos a poesia de Pessoa".

"O próprio Pessoa escreveu alguns poemas às suas sobrinhas, um destinatário infantil, mas há outros poemas seus, simples e compreensíveis pelos mais novos, com uma estrutura lírico-dramático", explicou José António Gomes.

O investigador salientou as ilustrações e o design de António Modesto, "marcados por um estilo que lembra aqui e ali as vanguardas históricas do princípio do século XX, o período de actividade de Pessoa".

"Há referências a Amadeo de Souza-Cardoso e ao cubismo", acrescentou.

A antologia inclui, entre outros, "Poema pial", "Ó sino da minha aldeia", "A fada das crianças" e "Liberdade", num total de 27 poemas, na sua maioria de autoria de Fernando Pessoa, mas incluindo dois heterónimos.

De Ricardo Reis escolheu a ode "Para ser grande sê inteiro" e de Álvaro de Campos "Todas as cartas de amor são ridículas".

Segundo José António Gomes, professor na Escola Superior de Educação do Porto, "Fernando Pessoa é dos poetas mais conhecidos e lidos", mas pode-se ainda "aproximá-lo dos mais novos, logo na escola primária e no 2º ciclo".

Ilustrador e o antologista estão hoje na Feira do Livro de Lisboa.

O livro integra a colecção "Oficina dos Sonhos", um projecto da Porto Editora que visa "reunir clássicos da literatura infantil e juvenil, obras contemporâneas de grandes autores e ilustradores portugueses ou estrangeiros, e álbuns para os mais pequenos", segundo fonte daquela editora.

Parabéns, Fernando! (13 de Junho de 1888)

13 de Junho. Dia de Santo António. Celebram-se hoje os Antónios, como o Fernando António de Nogueira Pessoa, e os 120 anos sobre o nascimento de um dos expoentes máximos da literatura portuguesa.
Eis o meu modesto contributo neste blog com a publicação de um dos meus poemas preferidos que ele escreveu em 1928 e que vem assinado Álvaro de Campos.


TABACARIA


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos, 15-1-1928

Desenho de Júlio Pomar para a estação de metro lisboeta Alto dos Moinhos. Calha bem, porque foi inaugurada ontem uma exposição sobre a obra gráfica de Mestre Júlio Pomar no Instituto Camões da cidade do Luxemburgo e que estará patente até 10 de Julho. Ainda não tive oportunidade de visitar e ver se esta gravura faz parte das obras que viajaram até ao Grão-Ducado.

dois poemas meus traduzidos em ... haikus

carré d'eau

un carré d'eau
sur une
planète morte,
la vie imitée



kin

un oiseau brûle
j'ai beau fuire la flamme
mon coeur t'appartient

terça-feira, 10 de junho de 2008

Os espanhóis apoiam Portugal! LOL



Lindo! Fossemos nós capazes de tamanha auto-derisão e sentido de humor e talvez fóssemos um povo menos sorumbático e fatídico... E é espantoso como os media portugueses se apoderaram do caso como se de algo de muito sério se tratasse. O que só dá mais piada ainda à coisa.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Missão 180 grad.lu

Action Solidarité Tiers-Monde, Caritas e Greenpeace lançam Missão "180 grad.lu"
Projecto luxemburguês contra aquecimento global procura voluntários para missões de estudo

"Ser actor da mudança climática" é o que propõe a 20 voluntários o projecto "180 graus – viragem climática" (180grad.lu), lançado por três organizações luxemburguesas: a Action Solidarité Tiers-Monde (ASTM), a Caritas e a Greenpeace.

A iniciativa quer levar uma equipa de 20 voluntários em viagens de estudo ao Bangladesh e à Gronelândia para que estes fiquem a conhecer, no terreno, alguns dos impactos ecológicos, económicos e humanos do aquecimento climático. No regresso, a missão da equipa será testemunhar a experiência vivida, informar e sensibilizar a opinião pública sobre a temática. "Apesar da problemática do aquecimento climático ser discutida cada vez mais pelas esferas políticas, não tem havido um verdadeiro debate entre os cidadãos", lamentam as associações.

"As decisões políticas dos próximos 50 anos passam por escolhas e mudanças profundas nesta matéria e vão afectar o quotidiano de cada um de nós. É urgente envolver todos os habitantes do país e do mundo nesta discussão", argumentam. "O desaparecimento gradual das calotas glaciares, a subida do nível das águas dos mares, o cada vez maior número de fenómenos meteorológicos extremos mostram que a mudança climática é um facto científico inegável", pode ler-se ainda no site do projecto. Apesar de ser difícil prever o impacto dos gases com efeito de estufa sobre a Terra, estes permanecerão durante vários séculos na atmosfera. Permitir que se dê uma volta de 180 graus à situação actual é o objectivo final do projecto. Os interessados em participar no projecto devem residir no Luxemburgo, serem maiores de idade e não serem especialistas em matéria de aquecimento climático. Antes da primeira viagem de estudo, que deverá ocorrer em Setembro à Gronelândia (seis dias), seguirão uma formação específica e de frequência obrigatória para aprofundarem os seus conhecimentos sobre o assunto. A segunda missão está prevista para Fevereiro de 2009 ao Bangladesh (10 dias). Participar, informar, testemunhar e propor são os quatro objectivos que a organização estabelece à equipa.

As inscrições estão abertas até 15 de Junho no site www.180grad.lu ou via postal para a seguinte morada: TNS ILReS, Mission d'Etudes 180°, 46, rue du Cimetière, L-1338 Luxembourg. O instituto TNS ILReS garante a objectividade na selecção dos voluntários por forma a que estes constituam uma amostragem representativa da população do país. A evolução do projecto pode ser acompanhada no site acima referido, onde podem ser encontradas igualmente informações e documentação referentes à temática.

A iniciativa conta, entre outros parceiros, com o grupo saint-paul (editor do CONTACTO).

José Luís Correia
(in Contacto, 28.05.08)

Foi a minha mãe que pediu... e a uma mãe nada se recusa!

Dia 22 de Junho

Excursão ao Europa Park

No domingo, 22 de Junho, a Radio Amizade (www.radioamizade.lu) organiza uma excursão em autocarro para o parque de atracções Europa Park (em Rust, na Alemanha). O autocarro sai da gare da cidade do Luxemburgo às 5h00 da manhã, e da gare de Esch/Alzette às 5h30. O regresso está previsto no mesmo dia, ao serão.

Para mais informações e/ou reservas, os eventuais interessados, podem contactar as responsáveis pelos tel. (00352) 621 489 995 (Rosa Barbosa) e/ou (00352) 691 740 168 (Joana Correia).

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Here comes the rain again...


"Some people feel the rain before it falls, others just get wet!" - Henry Miller

Letras luxemburguesas: Nico Helminger distinguido com Prémio Batty Weber 2008

Nico Helminger é o vencedor do Prémio Batty Weber 2008, distinção da literatura luxemburguesa, atribuido pelo Centre national de littérature de Mersch, que recompensa os autores nacionais pelo conjunto da sua obra.

Helminger escreve peças de teatro para adultos e crianças, poesia, prosa, ensaios, novelas radiofónicas e libretos de opereta. O escritor nasceu em 1953 em Differdange, estudou Linguística Germânica e Dramaturgia em Sarrbrücken, Viena e Berlim. Viveu em Paris entre 1973 e 1999, ano em que regressou definitivamente ao país. Escreve em luxemburguês e alemão. É irmão de Guy Helminger, também escritor conhecido da literatura grã-ducal.

Anunciado na semana passada, a entrega do prémio terá lugar em Setembro no Centro Nacional de Literatura de Mersch.

Instituído em 1987, este galardão é atribuído de três em três para distinguir um autor luxemburguês e para honrar a memória de Batty Weber (1860-1940), célebre romancista e folhetinista luxemburguês, pela sua contribuição nas letras e na cultura nacionais. Em 2005, o laureado com este prémio foi o escritor Guy Rewenig.

JLC (in Contacto, 04.06.08)
(Foto extraída do site da autarquia de Differdange)

Portugal no Euro2008: Tudo por Todos!

Euro2008: Futebol cardíaco

Futebol cardíaco

"Em Portugal há uma palavra mágica: Futebol!" Foi com este chavão emblemático que Carlos Cruz começou o seu discurso de apresentação da candidatura de Portugal ao Euro2004, do qual acabamos por ganhar a organização, perante a incredulidade da candidatura espanhola. E apesar de, no final da competição, Portugal "se ter visto grego", os portugueses viveram o Euro2004 como uma festa. Celebrávamos o quê? Uma organização bem sucedida ao mais alto nível de uma das competições desportivas mais importantes da Europa e o desempenho exemplar da Selecção que conseguia sagrar-se vice-campeã europeia.

Como bem o resumira o ex-apresentador de televisão: para os portugueses, o futebol é uma questão de coração.

Um professor de alemão contou-me que assistia certo dia a um jogo de futebol em Portugal. A dado momento, perante o barulho que faziam as claques, não se conteve, levantou-se e gritou-lhes, inadvertidamente, em alemão: "Ruhe!" ("Silêncio!"). Mas, em vez de o insultarem, aconteceu exactamente o contrário. O público juntou-se a ele, começando a repetir foneticamente e em uníssono o seu grito, mas... contra o árbitro: "Rua! O árbitro, para a rua! Rua!" E, apesar de nada até ali, nem ninguém, ter posto em causa o trabalho do homem de negro, criou-se a maior confusão, que obrigou inclusive à interrupção da partida.

É assim o futebol, algo irracional, porque mexe connosco, com as nossas tripas, com o nosso coração.

O Euro2008 começa dentro de três dias, edição organizada pela Áustria e pela Suíça. Portugal é uma das primeiras equipas a jogar. Contra a Turquia, no sábado à noite. À sua chegada a Neuchâtel no domingo, os jogadores da Selecção foram acolhidos em apoteose pela comunidade lusa ali radicada.

Os portugueses do Luxemburgo vivem com o mesmo entusiasmo cada jogo da Selecção. As bandeiras verde-rubras já começaram a ser hasteadas e colocadas às janelas, como aconteceu aquando dos últimos campeonatos do Mundo e da Europa de Futebol em que o nosso país participou.

As bandeiras são durante estas competições o símbolo do nosso orgulho nacional, de nação que vibra com o futebol. As quinas evocam o Coluna, o Eusébio, o Futre, o Figo, o Pauleta, o Cristiano Ronaldo e tantos outros. E como fizemos nossas as suas vitórias e as glórias que alcançaram.

Quando joga o nosso clube, tudo pára. Mas quando a Selecção entra em campo, ter a bandeira nas mãos é como se fosse o coração.

E é assim que espero que seja entendido pelos nossos concidadãos luxemburgueses. Não como uma afronta nacionalista desembainhada para esquartejar a integração, mas como uma partilha da nossa emoção à flor da pele pelo desporto-rei quando joga a nossa Selecção. E tão somente quando joga a nossa Selecção!

Que os portugueses, em apenas quatro décadas de imigração em solo luxemburguês, souberam ser protagonistas de uma integração exemplar, fazendo simultaneamente a distinção inteligente entre esta e a assimilação, i.e., integraram-se sem esquecer as suas raízes, o que nem sempre foi conseguido por outros conterrâneos nossos noutras terras. E não são efusões futebolísticas bianuais ou quadrienais que vão pôr em causa este dado adquirido.

Senão, vejamos o caso daquele meu amigo que se naturalizou luxemburguês há mais de dez anos: hasteia orgulhoso a bandeira com o leão vermelho em cada 23 de Junho. Não pelo 10 de Junho! Porque se sente mais luxemburguês do que português, disse-me um dia. O que é legítimo e é uma outra razão do coração.

Mas cada vez que a Selecção portuguesa joga no Mundial ou no Europeu, desfralda as quinas sem pejo. Fiz-lhe notar o pormenor. Respondeu-me, com toda a naturalidade do mundo: "Fussball ass fussball, männi! Ó pá, futebol é futebol!". E, com isto, tudo resumiu.

José Luís Correia (in Contacto, 04.06.08)

terça-feira, 3 de junho de 2008

PORTUGAL: a Glória está na acção!



É um clip já com alguns aninhos, mas não encontrei mais nenhum à altura deste. Mas é normal, a voz do saudoso Ruy de Carvalho era a melhor mensageira para transportar toda a glória da nossa egrégia Selecção. A poucos dias do Euro2008, vale a pena recordar...para não esquecermos que a glória não está na espera: está na acção!